158. Pedido Negado

Marcos 5.18-20

PEDIDO NEGADO

Introdução

  1. A expressão “pedido negado” é muto comum em vários setores da vida pública. Ocorre quando pessoas fazem requerimentos que não são atendidos. Por exemplo: quando alguém pede ao INSS um determinado benefício a que não tem direito; quando alguém quer ter acesso a informações pessoais e sigilosas e a lei protege essas informações; quando alguém solicita gratuidade na justiça para pleitear alguma causa, mas não é pobre; quando faz uma reclamação a respeito de um produto com defeito fora do prazo de garantia.
  2. No caso dos pedidos que poderiam ser dirigidos a Jesus Cristo através de orações que são feitas, em linhas gerais ele prometeu antecipadamente que os pedidos seriam todos atendidos. Ele disse claramente: “E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei” (João 14.13,14). De fato, nas narrativas dos evangelhos e nas histórias pessoais ao longo dos tempos, existem relatos de pedidos que foram atendidos por Jesus Cristo, razão por que as pessoas deram testemunhos e prestaram ações de graças.

Desenvolvimento

  1. Ocorre, todavia, que não podemos afirmar que Jesus realmente atendeu a todos os pedidos que lhe foram feitos conforme registros nos evangelho e nem atendeu a todos os pedidos que tem sido feitos por pessoas ao longo da história.

1.1. Se isto não fosse verdade, não existiriam pessoas amarguradas, ressentidas e decepcionadas reclamando que seus pedidos não foram atendidos. Algumas dessas pessoas até se tornaram incrédulas ou ateístas, justificando essa atitude, exatamente porque seus pedidos foram negados. Narram histórias dramáticas de sofrimentos, declarando que quando mais precisaram de Deus, não houve resposta.

1.2. Se não fosse verdade, também não existiriam narrativas nos evangelhos mostrando pessoas cujos pedidos foram negados. Uma dessas narrativas é esta, mostrando uma pessoa que, libertada do poder dos demônios, pediu para o acompanhar. Ora, se tanta gente acompanhava Jesus em suas caminhadas e se o próprio Jesus chamava pessoas para estarem com ele, porque lhe negou esse pedido. Jesus, além de não ter atendido, ainda lhe deu uma tarefa a ser cumprida, acreditando que ele não ficaria decepcionado e não deixaria de cumprir a missão entregue.

  1. Um dos maiores desafios na vida cristã consiste em compreender as razões pelas quais Jesus poderia não atender orações e ainda esperaria que nós fizéssemos a sua vontade. Normalmente, ao não entendermos essa didática de Jesus, além de ficarmos decepcionados, também lhe viramos as costas, numa espécie de retaliação.

2.1. Pensemos especificamente nesse homem. Por mais que fosse nobre a sua atitude a de estar com Jesus todos os dias, crescendo rapidamente nos ensinos e na espiritualidade, os seus familiares não iriam ser beneficiados com o seu testemunho de libertação. Sendo pessoas cujas vidas eram inclinadas ao mal, além da pregação do evangelho, seus familiares somente se converteriam através do testemunho dele.

2.2. Pensemos na história do apóstolo Paulo que, mesmo precisando ficar livre para ir de um lugar para o outro, a fim de pregar o evangelho, viu essa liberdade ser cassada, indo para trás das grades de uma prisão. Por mais que ele e outras pessoas pedissem a Deus que fosse livre, inclusive como manifestação do poder de Deus, ele ficou preso e depois voltou à prisão. Entendendo o que estava acontecendo e no objetivo de esclarecer às pessoas que estavam orando por ele, escreveu um dos seus influentes textos: “E quero, irmãos, que saibais que as coisas que me aconteceram contribuíram para maior proveito do evangelho; de maneira que as minhas prisões em Cristo foram manifestas por toda a guarda pretoriana, e por todos os demais lugares; e muitos dos irmãos no Senhor, tomando ânimo com as minhas prisões, ousam falar a palavra mais confiadamente, sem temor” (Filipenses 1:12-14). Nessa linha de interpretação, escreveu aos romanos: “Todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus” (Romanos 8.28).

2.2. Pense na história de sua própria vida. Você tem duas opções ao perceber que um ou vários de seus pedidos têm sido negados por Deus. Uma delas é ficar amargurado, ressentido, decepcionado e até se tornar incrédulo e ateu. A opção diferente é descobrir outros propósitos que Deus tem para a sua vida ao não atender um pedido seu. O que Deus está querendo ao lhe negar uma súplica? Qual a outra experiência que Deus quer que você tenha? Que resultados positivos podem ocorrer na vida de outras pessoas?

Conclusão

Uma vez o apóstolo Paulo disse que havia pedido algo a Jesus por três vezes. Se pediu três vezes, tenho certeza que teria pedido dez, cem, mil vezes, perseverando na oração. Todavia, quando estava na terceira vez, ouviu que não seria atendido. Mas também ouviu uma outra declaração que chegou como compensação: “A minha graça te basta...” Desfrutar da graça de Jesus seria mais relevante em sua história do que ter aquele seu pedido atendido, razão por que continuou fazendo a vontade de Deus durante toda a sua vida.