67. Trabalho Cristão

Marcos 10.45

TRABALHO CRISTÃO

Introdução

  1. Um fato que nos salta aos olhos na leitura que se faz neste evangelho de Marcos é a percepção do quanto Jesus Cristo se movimentava em várias atividades, deslocando-se incansavelmente de um lugar para outro, sempre ocupado em fazer alguma coisa.

1.1. Alguém poderia perguntar se ele não era hiperativo, um transtorno neurológico que causa excesso de energia, em que, além da dificuldade de atenção, a pessoa também apresenta outros sintomas, como impulsividade excessiva, desorganização e inquietude.

1.2. Também poderia perguntar se ele era possuidor de alguma obsessão compulsiva pelo trabalho, com necessidade de se sentir útil. Quem sofre desse transtorno desenvolve um mecanismo inconsciente para obter alívio ou prazer imediato. A sensação de bem-estar é uma espécie de recompensa, que faz com que repita o comportamento, até que isso se torne compulsão, tornando-se viciado em trabalhar.

  1. Ouvindo o próprio Jesus comentar os motivos pelos quais ele trabalhava tanto, indo de lugar em lugar incansavelmente, ficamos sabendo que ele tinha como motivação básica o propósito de servir em vez de ser servido, chegando a incluir o altruísmo de dar a própria vida para resgatar pessoas. Em nossos dias, quem deseja fazer o trabalho cristão também precisa aprender a servir com a mesma motivação, sendo capaz de dar a própria vida, considerando a relevância de resgatar pessoas.

Desenvolvimento

  1. A palavra original usada neste texto é “διακονέω” (diakoneo), que significava “participar de qualquer evento que possa servir aos interesses de outros ou uma coisa para alguém, servir alguém ou suprir alguma necessidade”.
  2. Embora, no decorrer dos anos, a palavra veio a significar um grupo específico de pessoas que atua ao lado do pastor – os diáconos, Jesus Cristo a usou aplicando a si mesmo e o apóstolo Pedro a usou aplicando a todos os membros da igreja. Pedro apóstolo escreveu: “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (I Pedro 4.10). Isto significa, em nossos dias, que todos os membros da igreja precisam se sentir incluídos no trabalho cristão, tendo Jesus Cristo como modelo.
  3. Se as pessoas tem prazer em exercer várias atividades na vida secular, através de inúmeras profissões, tendo como base a vocação ou a necessidade de receber salários para alcançar vários propósitos, podendo se destacar e ganhar reconhecimento social, o trabalho cristão, prestado para Deus na igreja local, é um serviço não remunerado que às vezes pode ser depreciado, desprezado, menosprezado socialmente. A palavra original era usada para descrever o que fazia um servo que atendia as mesas, oferecendo bebida e comida para convidados de um anfitrião.
  4. Assim como Jesus Cristo é Filho de Deus e se tornou Filho do Homem e, na nessa condição se tornou servo, também cada um de nós é chamado para suprir as necessidades uns dos outros, sem medir esforços e sem esperar qualquer tipo de reconhecimento ou recompensa.

4.1. Paulo apóstolo cita o exemplo de Epafrodito, membro da igreja de Filipos, que foi capaz de expor a própria vida no objetivo de servir na obra de Jesus Cristo (Filipenses 2.25-30).

4.2. Paulo apóstolo também cita o exemplo de várias igrejas da Macedônia que agiram com esse mesmo empenho. Escrevendo aos coríntios, ele disse: “Porque, segundo o seu poder (o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu poder, deram voluntariamente. Pedindo-nos com muitos rogos que aceitássemos a graça e a comunicação deste serviço, que se fazia para com os santos. E não somente fizeram como nós esperávamos, mas a si mesmos se deram primeiramente ao Senhor, e depois a nós, pela vontade de Deus” (II Coríntios 8.3-5).

Conclusão

Por mais que seja importante qualquer serviço que vocês exerçam incansavelmente em suas profissões, a mais relevante de todas as atividades é o serviço que vocês prestem na igreja uns aos outros, tendo Jesus Cristo como modelo a ser seguido. Para encarnar essa verdade, digam sempre: “Eu não vim para ser servido, para servir”.