78. O Imaginário Religioso

Gênesis 6.5

Introdução

  1. “Imaginar” é uma das importantes faculdades da mante, associada à criatividade e responsável por muito do desenvolvimento humano. É através dela que as pessoas podem conceber imagens além da realidade.
  2. Tanto pode ser usada para a realização do bem quanto do mal e, no texto associado uma das causas da destruição do mundo através do dilúvio, sua referência informa que estava sendo usada para a prática da maldade.
  3. O problema pode se agravar se também for uma prática vinculada à religiosidade substituindo o exercício da fé. Em vez da pessoa acreditar pura e simplesmente, lança mão do imaginário para viver uma experiência que não existe na realidade.

Desenvolvimento

  1. Numa interpretação positiva sobre o imaginário na prática religiosa, vários líderes expressaram as seguintes opiniões para difundi-la entre os cristãos como uma prática a ser adotada, seja na comunhão pessoal com Jesus Cristo, seja na vida de oração a Deus, seja na visualização de eventos, seja na cura de enfermidades, seja na alteração de acontecimentos, seja na realização de desejos.

1.1. Um famoso pregador pentecostal ensinou: “Primeiro tenha um objetivo claro, então faça uma imagem mental vívida e gráfica e torne-se entusiasta, orando durante todo o processo” (David Paul Yonggi Cho).

1.2.  Um outro pastor luterano compartilhou: “Eu sempre pensava na imaginação em termos meio negativos... Creio que a imaginação é uma das chaves mais importantes para uma oração eficaz... Deus me toca por meio da minha imaginação... A imaginação é uma das chaves para o relacionamento de oração com Deus” (William Vaswig).

1.3. Ainda outro famoso pregador e escritor presbiteriano escreveu: “Há uma força poderosa e misteriosa na natureza humana.... É uma forma de atividade mental chamada imaginação... Resolve problemas, fortalece personalidades, melhora a saúde e aumenta dramaticamente a possibilidade de sucesso em qualquer empreitada” (Norman Vicente Peale).

  1. Ocorre, todavia, que além de ter sido usada para a prática da maldade, por ocasião do dilúvio, a imaginação é perigosa na religiosidade pelos seguintes motivos.

2.1. Ilude o crente que não experimenta realmente o que tem sido prometido por Deus na Bíblia, substituindo a experiência pela imaginação, inclusive de modo repetitivo como um mecanismo de realização espiritual.

2.2. Em vez de caminhar na direção da realização de promessas feitas por Deus em várias áreas da vida, a pessoa ao optar pela imaginação atrofia sua capacidade de realização pessoal e de manifestação do poder Deus em sua vida.

2.3. De tanto lançar mão do imaginário, a pessoa começa a perder o senso de realidade e passa a viver num mundo imaginativo patológico.

  1. O profeta Jeremias denunciou que a prática de imaginar espiritualmente estava na verdade afastando o povo das leis de Deus (Jeremias 18.11-13).
  2. Nas páginas do Novo Testamento não existe nenhuma recomendação para se usar a imaginação na prática da espiritualidade. O que Jesus Cristo e os apóstolos fizeram foi desafiar os crentes ao exercício da fé e, neste caso, a fé tem sua própria definição sem incluir a prática da imaginação. Se a pessoa confundir imaginação com fé corre o risco de se iludir pensando que está experimentando algo que de fato não acontece.

4.1. Pensemos, por exemplo, no episódio bíblico da mulher que tocou as vestes de Jesus, o que foi imitado por outras pessoas em termos literais e reais (Marcos 5.27,28; Mateus 14.36). Esse episódio literal e real corre o risco de ser usado pelas pessoas para imaginar que estão tocando as vestes de Jesus em nossos dias, chegando mesmo a esticar as mãos para essa finalidade.

4.2. Ilustremos ainda com o episódio das curas de enfermidades, quando os textos bíblicos informam que as pessoas eram literal e realmente curadas por Jesus Cristo (Lucas 4.40). Em nossos dias, além de exercer a fé para que sejam também curadas, as pessoas correm o risco de lançar mão do imaginário e pensar que já estão saradas, deixando de fazer uso de recursos da medicina.

Conclusão

Não use sua imaginação para o mal e não use sua imaginação erradamente na religiosidade. Não imagine que algo está acontecendo quando a realidade lhe diz o contrário, em qualquer área de sua vida. Se a realidade é um desafio, lance mão da fé para que suas necessidades sejam atendidas e seus desejos realizados através da oração, acreditando e esperando  que Deus o abençoará no tempo certo.