Gênesis 33.5
OS FILHOS NA FAMÍLIA
Introdução
- A maneira como nós recebemos, lidamos e educamos nossos filhos é uma experiência que já foi vista sob óticas diferentes ao longo dos tempos.
1.1. Na Grécia antiga e durante o Império Romano, por exemplo, as crianças viviam seus primeiros anos no ambiente familiar onde nasciam, mas depois de uma certa idade eram entregues a instituições no objetivo de receberem sua formação para a vida.
1.2. No ambiente familiar hebraico o nascimento dos filhos era recebido como um presente de Deus, conforme declarou Jacó sobre os seus filhos. Eram considerados uma herança que Deus concedia (Salmo 127.3). Eram educados na Lei de Deus (Deuteronômio 6.6,7).
- Nos dias atuais existem também variadas reações sobre como as crianças são vistas, dependendo da formação moral dos pais, da legislação que esteja em vigor no país, da influência religiosa que prevaleça na sociedade.
Desenvolvimento
- Se nós concordamos com a interpretação bíblica de que os filhos são dádivas de Deus, herança que o Senhor nos concede, esta maneira de pensar vai influenciar a maneira como vamos recebe-los, independentemente da forma como foram concebidos.
1.1. Se o planejamento familiar é uma estratégia que evidencia o nascimento de uma criança dentro de um querer prévio, razão por que são bemvindos, o nascimento de filhos não planejados passa a ser encarado positivamente. Em vez de serem olhados como um acidente, um fato fora do tempo, uma experiência não desejada, os filhos passam a ser vistos como bênçãos na perspectiva da sabedoria de Deus.
1.2. O mesmo pensamento também se aplica quando o nascimento das crianças é consequência de experiências científicas de inseminação artificial ou fertilização “in vitro” ou ainda através de procedimentos legais de adoção. Essa origem não anula a interpretação de que são dádivas de Deus concedidas de outras maneiras. São formas diferenciadas de Deus nos abençoar.
- Entendendo que os filhos são herança do Senhor, dádivas que Deus concedeu aos pais, esta maneira de interpretar também vai determinar a responsabilidade paterna quanto a formação da personalidade deles.
2.1. Além de estarem sob os efeitos de uma legislação que responsabiliza os pais, das exigências da sociedade e dos costumes culturais, os pais cristãos sabem que também terão que prestar constas a Deus sobre o que fizeram ou deixaram de fazer com os filhos que Deus colocou em suas mãos.
2.2. Na história bíblica, os pais de Sanção queriam, saber como iriam educa-lo, considerando a responsabilidade que tinham (Juízes 13.6-8). Deus lhes deu orientações claras.
2.3. Nas recomendações apostólicas existem claras orientações sobre como os pais devem lidar com os seus filhos, principalmente quanto à formação espiritual cristã deles (Efésios 6.4).
- Uma vez admitindo a origem dos filhos como dádivas de Deus, herança do Senhor, os pais igualmente podem acreditar que o Pai Celestial irá participar dos destinos deles.
3.1. Quando João Batista nasceu, muitos perguntavam a respeito de qual seria o futuro dele (Lucas 1.66). A resposta registrada no texto bíblico foi a afirmação de que a mão de Deus estava sobre o menino.
3.2. Através do profeta Isaías, Deus mesmo assumiu a tarefa de acompanhar a vida das pessoas que nele confiam desde o nascimento até a sua velhice (Isaías 46.3,4). Jesus Cristo garantiu também a salvação eterna a todo aquele que nele acreditar (João 6.47).
3.3. Quer os pais tenham cumprido sua parte na formação da personalidade dos filhos, quer tenham falhado pelas mais diferentes razões, o amor e a graça de Deus têm alcançado pessoas através de Jesus Cristo e lhes concedido uma vida cristã.
Conclusão
Todavia, mesmo recebendo os filhos como dádivas de Deus e lhes proporcionando a melhor formação educacional e espiritual, mesmo que Deus mesmo queira conduzir a vida de nossos filhos até a eternidade, mesmo assim, os filhos são indivíduos que tem o direito de fazer o que quiserem da vida, dentro do princípio do livre arbítrio, em que cada um escolhe o caminho que deseja seguir. Exatamente por isso, em sua justiça, a Bíblia ensina que “cada um dará conta de si mesmo a Deus” (Romanos 14.12).
Por tudo isto, depois de fazer sua parte e esperar pelo amor de Deus, os pais devem nutrir em seu coração o sentimento do “dever cumprido”, tendo certeza de que “fizeram o melhor do que era possível”, em vez de ficar perguntando “o que fizeram de errado”. A consciência deve ser a de que foram os melhores pais que podiam ser.