Jó 2.8-10
O MITO DA FAMILIA PERFEITA
Introdução
- Podemos dizer que mito é uma ideia que se apresenta como verdadeira, mas que não se comprova quando é submetida à verificação. Vejamos alguns mitos
1.1. No futebol: “O brasileiro é o melhor jogador do mundo”. Se não podemos negar a habilidade de vários jogadores que até se tornaram famosos, a verdade é que outros jogadores de outras nacionalidades também se tornaram famosos e, vários deles, até são convidados a atuar em times nacionais.
1.2. Na economia: “O Dinheiro traz felicidade”. Se algumas pessoas se sentem melhores ocasionalmente, porque tem mais recursos financeiros, as estatísticas mostram que um dos maiores índices de suicídio ocorre entre pessoas ricas.
1.3. Na família: “Certamente existem famílias perfeitas”. Às vezes as pessoas nutrem esse pensamento quando experimentam crises familiares e imaginam que possa existir outra família sem problemas, o que não se confirma quando entramos na casa deles.
- Para que saibamos lidar com a realidade da melhor maneira possível, os mitos precisam ser desfeitos, inclusive o mito da família cristã perfeita. Aliás, alguém já disse que marido perfeito é aquele que aceita uma esposa imperfeita e que esposa perfeita é aquela que aceita um marido imperfeito, pois a imperfeição faz parte da natureza humana, salvo para os perfeccionistas.
Desenvolvimento
- Vejam o caso na experiência vivida por Jó, essa personagem do Velho Testamento. Quem poderia imaginar que ele chamaria sua esposa de louca. Quem poderia imaginar que ela iria sugerir que ele morresse de uma vez?
1.1. Há dois textos que mostram que eles estavam bem até certo dia. Em 29.1-5; 18, percebemos o amor deles uns pelos outros, quando chamavam seu lar de “ninho”, um lugar aconchegante onde viveriam sempre com tranquilidade. Em 31.1,9,10, percebemos o tipo de fidelidade relacional que tinham, pois firmaram o propósito de serem apenas um do outro.
1.2. Tudo ia muito bem até que chegaram os problemas, as adversidades, as dificuldades, os sofrimentos, as decepções. Aliás, mais cedo ou mais tarde, em maior ou menor intensidade, as experiências amargas batem à porta de todos os lares.
1.3. Mesmo a família cristã está sujeita a situações que não gostaria de viver, situações como drogas, alcoolismo, abuso, hostilidade, solidão, indiferença, separação, ciúme, perda de emprego, enfermidades, roubos, acidentes. A família crente de Jó se viu num mar de problemas: seus filhos morreram, os bens acabaram, o casal se desentendeu.
- Numa pesquisa publicada em 2019, foi constatado que 86% dos brasileiros tem algum tipo de transtorno, variando os graus de severidade. A dedução natural é que considerando os graus mais leves podemos inferir que todos tem algum tipo de problema. A psicóloga entrevistada comentou esse fato realisticamente: “O mundo está muito difícil, rápido e cheio de mudanças. Muitas vezes não temos tempo sequer de assimilar uma mudança e já vem outra. Isso causa uma angústia tremenda porque as pessoas não conseguem dar conta” (https://veja.abril.com.br/saude/pesquisa-indica-que-86-dos-brasileiros-tem-algum-transtorno-mental/).
- Se as mudanças, a rapidez e as dificuldades do mundo contemporâneo afetam as pessoas, imagina o estrago que o Diabo faz na vida das famílias desde os dias do Jardim do Eden. Desde que a família foi criada por Deus, o inimigo tem usado ardis cada vez mais sofisticados para abalar as pessoas. Basta lembrar que o início do livro de Jó mostra que todo o ocorrido foi causado por Satanás. Foi ele quem promoveu todo o sofrimento que a família de Ló experimentou.
Conclusão
Uma vez encarada a realidade de que não existe uma família perfeita, razão porque a minha família não é melhor que qualquer outra e que a família do outro não é melhor do que a minha, o que nos resta é buscar em Jesus Cristo o perdão, a reconciliação, a renovação. Desde quando o evangelho começou a ser pregado, as famílias foram incluídas para que pudessem superar as dificuldades, enfrentar as adversidades, lidar com os sofrimentos, recuperar as perdas, experimentar conforto na angústia.