149. Evitando a Fragilidade Teológica

EVITANDO A FRAGILIDADE TEOLÓGICA

I Pedro 3.15

Introdução

  1. Inegavelmente o Cristianismo tem se multiplicado em suas representações eclesiásticas ao longo dos tempos. Se no princípio havia apenas a igreja dos apóstolos com alguns dissidentes, que depois se desdobrou nas igrejas católica, ortodoxa e protestante, nos últimos séculos ela se dividiu entre os evangélicos chamados anglicanos, luteranos, batistas, presbiterianos, metodistas e pentecostais. Estes se diversificaram em neopentecostais e carismáticos, chegando à casa de centenas de igrejas com os mais variados nomes, alguns até estranhos como Igreja do Cuspe de Cristo, Assembleia de Deus do Pavio que Fumega, Comunidade do Coração Reciclado, Igreja Automotiva do Fogo Sagrado e assim por diante (https://www.oskaras.com/nomes-estranhos-de-igrejas/).
  2. Se não bastasse a percepção imediata pelos nomes dessas centenas de igrejas, também os testemunhos que são dados, assim como as mensagens que são pregadas e os textos que são escritos mostram que realmente há uma fragilidade teológica em inumeráveis igrejas contemporâneas. Não estão seguindo a recomendação do apóstolo Pedro no sentido de que estejam preparadas para responder a razão da fé. A recomendação de responder usando a razão significa exatamente adquirir conhecimento teológico, o que para muitos de seus membros e líderes é declaradamente desnecessário.

Desenvolvimento

  1. Pensando no que acontece aí fora, descobrimos que Bertrand Russel (1872-1970), filósofo ateísta inglês, está ganhando cada vez mais seguidores através de suas argumentações contra a Bíblia. O número de ateístas no Brasil, que em 1980 estava limitado a 1%, em 2000 passou para 7% e em 2010 chegou a quase 10%, conforme dados estatísticos do IBGE.

1.1. Não há como fazer frente à argumentação ateísta, que é uma atitude racional, sem também haver argumentação teológica, razão porque tem sido escritos vários livros por autores famosos como Karl Barth, Francis Schaeffer, C.S. Lewis, John Locke, Alvim Plantinga, Rubem Alves.

1.2. A argumentação teológica, em lugar da fragilidade teológica de inúmeras igrejas, é que vai fornecer a capacidade de estudar e conhecer com profundidade os conteúdos bíblicos, também permitindo um conhecimento da fé e de sua relação com as diversas áreas do saber, de forma científica e sistemática. Consequentemente, capacitará o crente em Jesus Cristo a fazer frente ao ateísmo e seus postulados.

  1. Todavia, considerando as situações internas de fragilidade teológica em inumeráveis igrejas, a importância de explicar racionalmente a fé - expressar teologicamente é o modo mais eficiente de fazer frente à superficialidade dos líderes e membros quando dos testemunhos, escritos, preleções e pregações.

2.1. É a única maneira de fazer frente a pessoas que dizem bastar apenas crer. Afinal, a maioria crê em alguma coisa como uma faculdade da personalidade religiosa humana. É preciso, conforme recomendou o apóstolo Pedro, explicar as razões por que crê.

2.2. A fragilidade fica inegável e patente através de muitos de seus líderes e membros quando abrem a boca para falar a respeito do que acreditam. Além de não serem possuidores de um vocabulário suficiente para expressar sentimentos e pensamentos, a superficialidade de suas declarações religiosas mostra uma lamentável falta de conhecimento das doutrinas básicas da fé cristã.

  1. Um outro aspecto que estava subjacente nas palavras de Pedro apóstolo para crer de forma racional é evitar as heresias que grassam no meio cristãos desde os dias primitivos. Desde os que negavam a divindade ou a humanidade de Jesus Cristo, os que ensinavam as duas personalidades de Jesus Cristo, os que praticavam o batismo infantil, os que pregavam a transubstanciação e até hoje com os que insistem no dom de línguas como única evidência do batismo com o Espírito Santo, não faltam heresias sendo espalhadas por aí, através de livros, programas de televisão, jornais e revistas, mídias sociais. Sem um estudo racional da experiência cristã bíblica o mundo continuará exposto a multiplicação de heresias, principalmente através da fragilidade teológica de inumeráveis igrejas contemporâneas.

Conclusão

Não sei se a vantagem de ver o cristianismo presente na identificação da maioria de uma população através do censo do IBGE, seja através de uma população católica, seja através de uma população evangélica, deva ser considerada como relevante. Uma massa humana religiosa que não sabe se defender perante os ateístas, que não sabe explicar racionalmente sua fé, que se deixa levar por heresias e que se permite ser explorada e manipulada em suas emoções e necessidade, é mais motivo de lamento do que de entusiasmo.