João 4.35-42
Introdução
Tenho absoluta certeza de que o apóstolo João teve, além de outros, um propósito muito claro ao narrar este episódio. Penso que sua intenção, entre outras, era demonstrar mais uma vez a diferença entre uma pessoa crer em Jesus por ouvir falar e crer em Jesus a partir de uma experiência pessoal.
Desenvolvimento
- Antes de acentuar claramente este fato, quero explicar que existem vários tipos de experiências que as pessoas dizem ter com Jesus Cristo e cada uma delas tem seu respectivo grau de valor.
1.1. Alguns dizem que são crentes porque nasceram num lar cristão e assim tiveram uma educação religiosa em que Jesus Cristo lhes foi apresentado desde cedo. Quando tiveram consciência, estavam vivendo um tipo de experiência que era suficiente para se identificar como crentes.
1.2. Outros explicam que tinham um estilo de vida até mesmo sem nenhuma perspectiva religiosa, interessadas apenas em viver da melhor maneira possível tudo que pudessem experimentar. Então, algum fato inesperado ocorreu, produzindo sofrimento suficiente para buscar em Deus uma resposta para suas angústias. Nessa busca de Deus, encontraram Jesus e partir de então puderam se sentir aliviados e confortados.
1.3. Ainda outros se identificavam como céticos ou agnósticos ou até mesmo ateístas, chegando mesmo a se posicionarem contrariamente a qualquer tipo de crença sobre Deus, Igreja, Eternidade. Esse posicionamento filosófico por algumas razões se tornou objeto de confrontamento racionais e na medida em que foram debatendo, perceberam o quando a fé em Jesus Cristo era possuidora de suficiente racionalidade para ser vivenciada no dia a dia.
1.4. Finalmente não poderíamos ignorar aqueles que se identificando como místicos ou sentimentais são capazes de afirmar que “sentem” a presença de Jesus em sua vida ou em que já tiveram uma experiência de “visão de Deus” ou que “ouviram Deus” lhes falar, o que para eles é suficiente para se declararem espirituais.
- Mesmo que admitamos o valor de cada uma dessas variadas experiências, em última análise, estas ou qualquer outra que seja a sua, passou pelos dois tipos antes mencionados no episódio e que foram salientados pelo apóstolo João: houve um momento quando a experiência com Jesus foi por ouvir falar, isto é, pelo testemunho de alguém e em seguida se tornou resultado de uma experiência deles msmos. O episódio narrado pelo apóstolo está assim registrado: “E muitos dos samaritanos daquela cidade creram nele, pela palavra da mulher, que testificou: Disse-me tudo quanto tenho feito. Indo, pois, ter com ele os samaritanos, rogaram-lhe que ficasse com eles; e ficou ali dois dias. E muitos mais creram nele, por causa da sua palavra. E diziam à mulher: Já não é pelo teu dito que nós cremos; porque nós mesmos o temos ouvido, e sabemos que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo” (João 4.39-42).
- Se você lembrar ou se ainda não sabe, na dura história da experiência de Jó com Deus, ao final de tudo o que aconteceu, ele disse a Deus: “Antes eu te conhecia só por ouvir falar, mas agora eu te vejo com os meus próprios olhos” (Jó 42.5). Em seu testemunho, à semelhança dos samaritanos, Jó salienta os dois tipos de fatos. Em um deles, sua religiosidade estivera condicionada a outras pessoas que lhes falavam sobre Deus e assim ele construiu sua experiência. Essa religiosidade sofreu uma alteração e mesmo reconhecendo o valor dela, acentuou distintamente a superioridade de ter ele mesmo uma experiência com Deus.
- Em situações atuais esse segundo tipo de experiência com Deus é identificado como “uma experiência pessoal” com Deus. Sobre essa distinção, um teólogo escreveu: “Um ser humano pode até ter conhecimento acerca de Deus, saber que Cristo morreu por ele, escrever livros sobre a vida espiritual, compor hinos de louvor à Deus, pode chegar à ser presidente de uma grande denominação religiosa e ter cargos importantes na igreja, sem nunca chegar a conhecer Deus de forma vital, pessoal e verdadeira” (A. WE. Tozer).
5.1. Isto significa, em outras palavras, que cada cristão vai ter essa experiência pessoal quando começa a buscar Deus para ter com Deus um relacionamento através de Jesus Cristo (Jeremias 29.13; João 14.8-10; 10.30).
5.2. Essa busca vai se tornado uma realidade de tamanho vulto que o conhecimento de Jesus Cristo se torna o assunto mais importante de sua vida (Filipenses 3.7-10).
Conclusão
Considerando a experiência dos samaritanos, de Jó e de outras tantas pessoas ao longo dos séculos, a singularidade da experiência pessoal que considera o relacionamento com Jesus Cristo através das Escrituras será superior a qualquer outro tipo de experiência religiosa, seja ela racional, sentimental, mística, cultural.
Neste caso, o que vai prevalecer não é a experiência de “sentir” ou “ver e ouvir” ou “concluir” ou ter “nascido e ser educado”. A base será o ato de crer e de se relacionar com Deus através de Jesus Cristo.
Por tudo isto, pergunto ao terminar: Quer ter sua própria experiência com Deus recebendo Jesus Cristo em seu coração agora?