95. O Segundo Batismo

Atos 8.14-16; 10.44-46

Introdução

  1. Com base nesse relato bíblico, quando crentes batizados nas águas receberam o batismo com o Espírito Santo depois de crerem, várias igrejas e pastores ao longo dos tempos tem ensinado que esta experiência precisa continuar acontecendo. Tem ensinando que os crentes batizados nas águas devem também ser batizados posteriormente no Espírito Santo. Tem sido chamado de segundo batismo porque o primeiro seria o batismo nas águas.
  2. Como resultado desse ensino é que surgiu o movimento pentecostal em que seus seguidores depois de se tornarem crentes em Jesus passam o restante da vida a buscar esse batismo com o Espírito Santo, cuja evidência seria o falar em línguas. São unânimes em ensinar que enquanto não falarem em línguas estranhas não poderão dizer que foram batizados no Espírito Santo.

Desenvolvimento

  1. Realmente fica difícil não deduzir desses dois textos narrativos que esta poderia ser a doutrina que nós deveríamos seguir, se existisse apenas o Livro de Atos. Acontece, todavia, como eu disse, que esses textos são narrativas no livro de Atos de fatos que os primeiros cristãos viram acontecer e que depois surgiram as cartas apostólicas que estabeleceram as doutrinas.
  2. O ensino bíblico ou a doutrina cristã surgiu para corrigir esse entendimento que seria resultante da leitura de Atos. Nos textos que mais tarde foram escritos às igrejas através das cartas dos apóstolos eles estabeleceram as doutrinas. Na verdade, os textos das cartas foram escritos exatamente para esclarecer as dúvidas que passaram a existir decorrentes das narrativas em Atos e de outras idéias que já estariam circulando naquela época.
  3. Sobre conversão e batismo no Espírito Santo, a doutrina apostólica ensina que ambos acontecem ao mesmo tempo. Melhor ainda: só existe verdadeira conversão quando existe o batismo no Espírito Santo por ocasião da pregação do evangelho. Em última análise, a doutrina apostólica ensina que só existe conversão se há batismo no Espírito: Efésios 1.13; I Coríntios 12.3; Romanos 8.9.
  4. Sobre o falar em línguas, este é um de vários dons. Na doutrina dos apóstolos expressa em suas cartas não existe apenas um dom, mas vários deles. Se um crente recebe um dom não significa que os outros crentes vão receber o mesmo dom. Se um crente não recebeu um dom, não significa que ele não recebeu o fruto do Espírito. O Espírito tanto concede variados dons como concede o seu fruto (I Coríntios 12.1-3; 7-11;28-31Gálatas 5.22.
  5. Como explicar as narrativas de Atos sobre pessoas que seriam crentes recebendo o batismo do Espírito Santo depois? A melhor explicação está na experiência de Simão, à semelhança de outros. Eles ao ouvirem a pregação do evangelho não creram em Jesus, mas creram no pregador do evangelho, não tendo, portanto, uma experiência genuína de conversão: Atos 8.513.

Conclusão

Para os verdadeiros crentes que já foram batizados no Espírito quando de sua conversão, o convite doutrinário é para a plenitude do Espírito. Escrevendo aos efésios, Paulo recomendou-lhes que fossem cheios do Espírito Santo: Efésia 5.18,19.

Voltando à narrativa de Atos, foi exatamente essa a experiência que aconteceu com eles no dia de Pentecoste. Eles foram cheios do espírito Santo (Atos 2.4). Depois, perante o Sinédrio, voltaram a ser cheios do Espírito Santo (Atos 4.31).