163. Festas no Deserto

Êxodo 5.1

FESTAS NO DESERTO

INTRODUÇÃO

  1. Ainda que historicamente não tenha realmente ocorrido, nem durante os 38 anos de peregrinação de uma geração que não entrou na terra prometida e nem nos dois anos de peregrinação da geração que alcançou essa benção, a palavra de Moisés, quando pediu a Faraó para deixar o povo ir passando pelo deserto, tinha um objetivo definido: celebrar uma festa: “Deixa o meu povo ir para me celebrar uma festa no deserto”.

1.1. Na verdade, a festa que aconteceu durante a peregrinação no deserto foi uma celebração de idolatria, quando cultuaram um bezerro de outo, beberam muito vinho e até se prostituiram, despertando a ira de Deus (Êxodo 32).

1.2. Na verdade, o que o povo mais fez durante a travessia do deserto foi reclamar, queixar, murmurar contra Deus, considerando as adversidades, as privações, a fome, a sede, as doenças e morte que vez por outra experimentavam. Murmuraram tanto que serviram de referência para os cristãos não fazerem o mesmo (I Coríntios 10.10).

  1. Considerando que, às vezes, a experiência da vida cristã, até que todos cheguemos a desfrutar de bênçãos prometidas aqui neste mundo e bênçãos prometidas na eternidade, podem incluir dias de adversidades, privações, fome, sede, doenças, mortes e perseguições, muitos comparam esses dias com dias de travessia num deserto. Com essa interpretação, alguém escreveu: “várias pessoas na Bíblia passaram tempo no deserto, onde enfrentaram desafios e aprenderam lições importantes de Deus. Algumas épocas da vida são como um deserto: um lugar seco e quente, sem muita vida, difícil de suportar. Enfrentamos dificuldades e temos pouco alívio” (https://www.respostas.com.br/licoes-do-deserto/).

DESENVOLVIMENTO

  1. Por mais que seja verdadeira a interpretação literal de que a travessia do deserto, saindo do Egito até chegar a Canãa, fosse uma experiência amarga e mais do que justificasse a murmuração deles, o que Deus esperava era a atitude de celebrar uma festa no deserto. Aliás, na leitura dos mandamentos que Deus deu a Moisés no Monte Sinai, são várias as orientações sobre as três festas que deveriam celebrar. Ao todo, segundo os pesquisadores, o povo judeu teria sete festas para celebrarem a Deus. Em suma: as celebrações de festas não deveriam deixar de existir por causa da travessia do deserto. Aliás, essa seria maneira positiva e otimista de saberem lidar com as adversidades que estavam experimentando.
  2. Se nós, os cristãos, em figura de linguagem, estamos atravessando um deserto na experiência da vida cristã, passando por situações difíceis de suportar e que justificariam a murmuração, além de ouvirmos sábias orientações sobre como aprender a viver no deserto, porque é um tempo de passagem até a chegada das bênçãos prometida, incluindo esperança no futuro, confiança na promessa, capacidade de resistência, aceitação do problema, deveríamos também ter como prioridade a atitude de celebrar a Deus com festa.

2.1. Se, somos capazes de celebrar festas de celebração a Deus em meio aos mais venturosos acontecimentos, tais como cura de enfermidades, recuperação de bens, prosperidade financeira, sucesso dos filhos, proteção nos perigos, aniversários de idade, bodas matrimoniais, conquistas profissionais, também devemos celebrar festas a Deus em meio a adversidades, lutas, problemas, dificuldades, perdas, sofrimentos, doenças. Não é ser masoquista ou ser alienado, mas continuar declarando nossa adoração e louvor a Deus, apesar de tudo o que aconteça.

2.2. É como, mais uma vez, lembrar-se de Habacuque, tendo sua atitude como exemplo, quando disse: “Porquanto, ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas, todavia, eu me alegrarei no SENHOR, exultarei no Deus da minha salvação” (Habacuque 3.17,18). É como se lembrar de Paulo apóstolo que deixou escrito:  “Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece” (Filipenses 4:12,13).

CONCLUSÃO

O mais importante de tudo que o povo hebreu viveu na experiência de atravessar o deserto do Sinai, foi a presença de Deus. Porque sabia, antecipadamente, de tudo o que iria acontecer, Deus disse que estaria acompanhando o povo, não o deixando sozinho, entregue à própria sorte e ao sabor dos acontecimentos. Presente entre eles, Deus esperava ser objeto de louvor e adoração nas festas que iriam poderiam ter celebrado. Garantindo a presença de Jesus Cristo em todos os dias de nossa vida, isto é, durante os melhores e os piores dias, Deus continua esperando ser objeto de louvor e adoração em festas que possamos celebrar.