267. Consultar aos Mortos

Deuteronômio 18.9-14

CONSULTAR AOS MORTOS

Introdução

  1. Nas páginas da literatura inglesa existe uma famosa obra do autor Shakespeare chamada “Hamlet”, vez por outra lembrada pelas pessoas, em várias partes do mundo, através de uma frase da personagem principal que disse: “Ser ou não ser; eis a questão”. O enredo dessa obra gira em torno do rei Hamlet que foi morto e teve sua esposa tomada por seu irmão Cláudio. O filho do rei, que também se chamava Hamlet foi envolvido na trama familiar, a partir do momento quando pessoas diziam que o espírito do seu pai morto estava aparecendo e querendo falar com o filho para informar que fora assassinado pelo cunhado e para que o filho fizesse vingança. O final da obra é uma tragédia só, com a morte dramática das principais personagens. Em resumo: toda a tragédia final ocorreu por causa da suposta aparição do espírito do pai morto.
  2. A prática de consultar aos mortos, chamada originalmente de necromancia (νεκρομαντεία), era comum na antiguidade entre os assírios, babilônios, egípcios, gregos, romanos e etruscos (https://www.britannica.com/topic/necromancy). Passou pela Idade Média, ainda é praticada em certas expressões religiosas e hoje em dia é oferecida aos interessados no formato digital através da inteligência artificial (https://www.tempo.com/noticias/actualidade/necromancia-digital-o-dilema-de-reviver-entes-queridos-falecidos-gracas-a-inteligencia-artificial.html).

Desenvolvimento

  1. Quando o povo de Israel estava para entrar na Terra Prometida, ouviu claramente por parte de Deus, através de Moisés, que deveriam evitar essa prática por ser abominável ao Senhor. Fazia parte das práticas da feitiçaria dos adivinhos e prognosticadores usados pelo Diabo para enganar as pessoas.

1.1. Em Levíticos 20.27, a recomendação é incisiva: “Os homens ou mulheres que, entre vocês, forem médiuns ou consultarem os espíritos, terão que ser executados. Serão apedrejados, pois merecem a morte".

1.2. O profeta Isaías, pregando contra essa pratica ainda existentes no meio do povo de Israel, dizia: “Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos?” (Is 8:19).

  1. A experiência vivida por Saul, quando estava para lutar mais uma vez contra seus inimigos filisteus e buscou uma pitonisa para consultar ao profeta que já havia morrido, tem sido objeto de questionamentos até hoje. A pitonisa em transe disse que estava vendo espíritos. Então, tendo se afastado de Deus, Saul em sua precipitação interpretou que era Samuel e foi enganado, culminando com seu suicídio (I Samuel 28.6-14; 31.4; I Crônicas 10.13). Por mais que alguns queiram entender que Samuel havia aparecido e falado, isto foi uma intepretação precipitada de Saul, que estava afastado de Deus.
  2. Corroborando com essa recomendação de não se deixar envolver pelas práticas dos feiticeiros que consultam os mortos, a Igreja de Jesus Cristo aprendeu com os apóstolos que isto continuava sendo pecado.

3.1. Paulo apóstolo, escrevendo aos cristãos da Galácia, menciona essas práticas como fruto da carne que luta contra o espírito (Gálatas 5.19-21).

3.2. Na sua visão sobre a condenação eterna na eternidade, o apóstolo João trouxe a revelação de que os praticantes de feitiçaria serão lançados no lago de fogo e enxofre (Apocalipse 21.8; 22.15).

Conclusão

Na obra literária de Shakespeare, na vida real de Saul e na história de muitas pessoas ao longo do tempo, as tragédias se fizeram presentes porque o Diabo se serviu de feiticeiros para enganar com a prática de consultar aos mortos. Por mais que algumas pessoas possam ter o desejo de entrar em contato com seus familiares mortos, isto é impossível de acontecer e se torna um meio do Diabo enganar através da manifestação de espíritos malignos que se fazem passar por espírito de pessoas mortas, manipulando as emoções humanas.  Além disso, a recomendação bíblica é para toda consulta ser feita a Deus, na prática da oração, através de Jesus Cristo. É como ponderava o profeta Isaías: “Porventura não consultará o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos?”. Prossigamos, pois, em consultar ao Pai Celestial, em nossas orações.