46. Política e voto Cristão

Mateus 22.21; João 18.36

Introdução

Sendo seguidores de Jesus Cristo, penso que nossa primeira atitude na abordagem desse assunto é recorrer às suas palavras quando este tema foi também colocado diante dele. Indagado sobre o pagamento de impostos para sustentar o governo, Jesus disse: “Daí a César o que é de César e daí a Deus o que é de Deus” (Mateus 22.21). Diante do governador Pôncio Pilatos, foi ainda mais claro:

 “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos para que eu não fosse entregue; mas agora o meu reino não é daqui” (João 18.36).

Desenvolvimento

  1. Jesus Cristo, nosso Salvador, Senhor e Mestre deixou bem claro que seu governo é de natureza espiritual e transcendente. Espiritual porque a sede do seu governo está no coração das pessoas. Transcendente porque sua origem e destino são celestiais.

2.1. Um posicionamento assim da Igreja Cristã, por isso, não cerceia a liberdade dos membros da igreja como cidadãos politizados, para se envolverem na campanha política, nem para se apresentarem como candidatos ou para saírem às ruas, praças e casas pedindo votos em favor dos seus candidatos.

2.2. O que Jesus quis ensinar é o posicionamento institucional e formal da sua igreja como tal, considerando sua identidade, natureza, propósitos e missão. Mesmo que seus membros tenham a liberdade de exercerem sua cidadania política, ele fala apenas em seu próprio nome e não representa a igreja e nem pode usá-la para fazer dela um curral eleitoral. A igreja é um aprisco das ovelhas de Jesus que são cidadãos celestiais, espirituais e eternos.

1.3. Embora algumas igrejas locais se associem a candidatos e a partidos e outras até criem partidos e lancem seus próprios candidatos, a Igreja Cristã deveria fazer a opção de se manter neutra, imparcial, justa, orientando seus membros a fazer suas escolhas pessoais, livres e secretas.

 

  1. Além de considerar as palavras de Jesus Cristo, também constatando a existências de candidatos que se identificam como cristãos, desejosos de exercer influência espiritual sobre os destinos do País e dos Estados, o eleitor cristão pode ter alguns referenciais para tomar sua decisão pessoal, livre e secreta de votar.

2.1. O primeiro referencial é que a priori a cada crente deveria analisar o perfil de todos os candidatos, todos os partidos e coligações partidárias e seus programas, culminando sua atitude em fazer uma escolha que não contrarie sua experiência cristã e nem seus valores espirituais.

2.2. Se a Igreja Cristã é chamada biblicamente a participar do processo eleitoral através de orações, súplicas e intercessões em favor de todas as autoridades constituídas, pedindo a Deus que abençoe a eleição, a posse e o exercício dos mandatos, essa participação deveria ser resultado de análise crítica e imparcial, mas inteligente e sábia.

2.3. Uma Cartilha do Eleitor produzida pela Associação dos Magistrados Brasileiros em parceria com o Tribunal Superior eleitoral, na pergunta sobre quem deve dizer ao eleitor em quem votar, responde assim: “Ninguém. Somente a consciência livre pode indicar em quem votar. Não se influencie nem por líder religioso, político ou comunitário, patrões, parentes, grupo ou instituição. Cada um tem o direito de decidir como exercer sua cidadania. As sugestões e promoções de candidatos podem ser muitas e insistentes, mas a decisão final é do eleitor”.

Conclusão

Como líder religioso, à luz de todas essas considerações, eu acredito que candidatos cristãos seriam detentores de princípios bíblicos que lhes dariam mais possibilidades de agirem à luz desses princípios no executivo ou no legislativo. Todavia, nem todos os exemplos passados garantem essa possibilidade no futuro. Também existem candidatos que não se identificam como cristãos e, mesmo assim, prometem agir com equidade, justiça, moralidade, ética e respeito aos direitos e à constituição. Então, minha palavra final é no sentido de que antes de votar, em orações e súplicas, o eleitor cristão deve pedir a orientação do Pai Celestial. Agindo assim, tanto a Igreja Cristã como seus membros, considerando os ensinos de Jesus Cristo, não terão uma igreja local divida por nenhuma razão, muito menos por razão política. Para mim, o País, os Estados e Municípios dependem muito mais de orações e voto do que apenas de voto!