FORMATURA – FACULDADE DE DIREITO DE CACHOEIRO DO ITAPEMIRIM, ES, 1981.
João 18.12, 13, 28
"O JULGAMENTO DE JESUS CRISTO"
Introdução
- Hoje à noite, a propósito deste culto de ação de graças pela graduação de vários alunos da Faculdade de Direito de Cachoeiro do Itapemirim aqui presentes, neste templo da Igreja Batista em Aquidabã, penso ser de muita relevância considerar alguns aspectos do julgamento de Jesus Cristo, os quais tem sido contestados ao longo dos tempos.
- Embora em vários países existam juristas que se debruçaram sobre esse assunto, quero me reportar ao texto escrito por Rui Barbosa, em suas Obras Seletas, vol. VIII, Casa de Rui Barbosa, Rio, 1957, págs. 67-71. No texto de sua lavra, ele escreveu: “De Anás a Herodes o julgamento de Cristo é o espelho de todas as deserções da justiça, corrompida pela facções, pelos demagogos e pelos governos. A sua fraqueza, a sua inocência, a sua perversão moral crucificaram o Salvador, e continuam a crucificá-lo, ainda hoje, nos impérios e nas repúblicas, de cada vez que um tribunal sofisma, tergiversa, recua, abdica”.
Desenvolvimento
- Vários autores analisando o julgamento de Jesus quanto ao Direito Hebraico, constataram que suas acusações foram de blasfêmia contra o nome de Deus, profanação do sábado e falso messianismo. Quanto ao Direito Romano as acusações eram de incitar o povo a não pagar impostos, declarar-se rei e promover sedição. Por isso foi preso, julgado, condenado e morto.
- Rui Barbosa, em seu texto também afirmou: “No julgamento instituído contra Jesus, desde a prisão, uma hora talvez antes da meia-noite de quinta-feira, tudo quanto se fez até o primeiro alvorecer da sexta-feira subsequente, foi tumultuário, extrajudicial e atentório dos preceitos legais” (1957, p. 219).
- De qualquer maneira, mesmo que exista essa legítima e necessária análise do que ocorreu juridicamente no processo contra Jesus Cristo, a verdade teológica é que Ele veio a este mundo para morrer em nosso lugar, num sacrifício chamado substitutivo. Para que esse objetivo fosse cumprido, conforme profetizavam as Escrituras, Ele precisava ser preso, julgado e condenado inocentemente. Sem pecado, ele morreu no lugar dos pecadores.
Conclusão
A esta altura, alguém estaria pensando: “Se houve erros jurídicos, mas tudo já fazia parte do plano de Deus, qual o objetivo do pastor ao fazer esta abordagem?”. Resposta: mostrar a importância de hoje existirem advogados que defendam pessoas que dependam do Direito e da Justiça, de promotores que lutem pelo Direito e pela Justiça e de Juízes que exerçam seus julgamentos dentro do Direito da Justiça. Nesse sentido, não posso deixar de parabenizar vocês pela escolha do curso, quer se tornem advogados de defesa, promotores ou juízes, pois certamente saberão agir com justiça à luz das leis.