165. Indignidade Pessoal

Mateus 8.8

INDIGNIDADE PESSOAL

Introdução

  1. Longe de mim a ideia de desvalorizar a importância do sentimento de autoestima tão necessário para a saúde das pessoas. Portanto, longe de mim a ideia de valorizar a baixa autoestima, sentimento que tem prejudicado tanta gente diante de si mesma e de outrem. Se eu tiver alguma crítica a fazer na área da autoestima é quando alguém tem exacerbada autoestima, sentindo-se o tal, maioral, o fenomenal diante de si mesmo e dos outros.
  2. É preciso, todavia, perceber que, se diante de nós mesmos e de quem quer que seja, devamos ter um adequado sentimento de dignidade pessoal, por outro lado, quando nos colocamos diante de Deus, também é natural que, repentinamente, sejamos tomados por um sentimento de indignidade espiritual. Afinal de contas, estaríamos diante do Deus santo sendo nós reconhecidamente pecadores. A experiência de sentir-se indigno, portanto, é restrita aos momentos quando experimentemos a presença de Deus, a exemplo do que aconteceu com o centurião de Cafarnaum, quando disse a Jesus Cristo: “Não sou digno de que entres em minha casa”.

Desenvolvimento

  1. Historicamente, como destaques a ilustrar a experiência, o mesmo sentimento foi vivenciado por outros crentes quando estavam diante de Deus.

1.1. Jacó, em oração, a respeito do que havia lhe acontecido, disse: “Não sou digno de toda a bondade e lealdade com que trataste o teu servo” (Genesis 32.10 NVI). Na versão tradicional, ele disse: “Menor sou eu que todas as beneficências, e que toda a fidelidade que fizeste ao teu servo”.

1.2. Isaías, no templo de Jerusalém, em adoração a Deus, clamava: “Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos”. (Isaías 6:5).

1.3. João Batista, ao se referir a Jesus Cristo disse: “Ele é aquele que vem depois de mim, cujas correias das sandálias não sou digno de desamarrar” (João 1.26).

  1. O fato de uma pessoa também hoje em dia sentir-se indigno diante de Deus precisa ser entendido à luz dessa verdade humana, quanto à nossa natureza pecaminosa. Mais ainda tem a virtude mostrar que a pessoa está consciente da santidade de Deus, experimentando reverência, temor e tremor. É diferente das pessoas que sequer acreditam que Deus existe ou que, mesmo acreditando em sua existência, são irreverentes, profanos, escarnecedores, levianos. Em outras palavras, está dentro das recomendações bíblicas quanto a reconhecer que é pecador e que Deus é santo.
  2. Por outro lado, se a experiência com Deus produz essas reações, o resultado final não deve ser o afastamento de Deus, como Pedro apóstolo pensou que deveria fazer ao dizer: “Afasta-se de mim que sou um homem pecador” e Jesus não permitiu (Lucas 5.7). O resultado final deve ser a atitude semelhante a do centurião, que acrescentou em sua palavra a Jesus Cristo: “Mas, dize uma palavra e meu criado ficará sarado”. Ele era pecador e estava diante da santidade de Jesus, mas em atitude de fé pediu o que precisava. Não deixou que sua indignidade pessoal o privasse da benção que precisava.

3.1. Você é pecador, sim, desgraçado pecador, como reconhecia Paulo apóstolo em sua confissão na carta aos Romanos, mas você precisa de Jesus Cristo em sua vida, inclusive para que seus pecados sejam perdoados. Então, sua atitude deve ser: Senhor, não sou digno, mas peço que perdoes o meu pecado.

3.2. Você é pecador, sim, miserável pecador, mas você precisa da salvação que só Jesus Cristo pode lhe proporcionar. Então, sua atitude deve ser: Senhor, não sou digno, mas te peço que me concedas a minha salvação eterna.

3.3. Você é pecador, sim, um desafortunado pecador, mas você precisa das bênçãos de Deus. Precisa de paz, alegria, proteção, libertação, transformação, prosperidade, cura de enfermidades, conforto nas tribulações. Então sua atitude deve ser: Senhor, não sou digno, mas abençoa minha vida. Eu preciso e quero as tuas bênçãos.

Conclusão

Tenha sempre uma elevada autoestima diante de si mesmo e de outrem, mas ao se sentir indigno diante de Deus em seus momentos de oração, por ocasião da leitura da Bíblia, em sua presença no templo, em alguma experiência espiritual que tenha, compreenda que isto é uma virtude de sua parte, mas que isto não deve afastar você de Deus. Pelo contrário, deve fazer como o centurião romano e pedir o que precisa, confiando totalmente no amor de Deus e na graça de Jesus Cristo.