172. Doutrina da Justificação

Gálatas 2.16

DOUTRINA DA JUSTIFICAÇÃO

Introdução

  1. De acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa, o verbo “Justificar” pode ser usado em vários sentidos, de acordo com a situação. Quando usado na Bíblia, ele significa “tornar uma pessoa justa”. No caso, ser uma pessoa correta aos olhos de Deus.
  2. Nesse sentido, os seres humanos precisam ser justificados porque ninguém é naturalmente justo. Nesse sentido, o apóstolo Paulo deixou escrito que “não há um justo, nem um sequer” (Romanos 3.10). Essa afirmação dele tem sua origem em outros textos do Velho Testamento, que diziam: “Não há entre os homens um que seja justo” (Miqueias 7.2), “Não há quem faça o bem, não sequer um” (Salmo 14.3), “Não há homem justo sobre a terra” (Eclesiastes 7.20).
  3. Por isso, ainda nesse sentido, o apóstolo Paulo também afirma que ninguém pode ser justificado senão através da fé em Jesus Cristo. Nem a prática das Leis de Deus, nem a prática das boas obras, nem a justiça pessoal, de acordo com a Bíblia, pode tornar um indivíduo justo, isto é, uma pessoa correta aos olhos de Deus.

Desenvolvimento

  1. Eu reconheço que esta maneira de entender o assunto é bastante controversa. Afinal de contas, todas as religiões procuram estimular seus fiéis a praticarem seus ensinamentos, a praticarem boas obras e a praticarem a justiça pessoal exatamente para serem consideradas pessoas justas, pessoas corretas, pessoas íntegras.

1.1. A Igreja Católica, por exemplo, no Concílio de Trento, realizado na Itália, entre 1545 e 1561, para tratar desse assunto, em sua sétima sessão que durou sete meses, chegou à conclusão de que “justo era aquele que cumpria os mandamentos de Deus e da Igreja” (História da Teologia, Bengt Hägglund, pag. 245, 246).

1.2. No Judaísmo, é a pessoa que pratica a Lei e as Cerimônias Judaicas. A palavra original “tsaddiq” era aplicada a pessoas consideradas santas, pessoas que nunca pecaram e que também eliminaram a inclinação para pecar (https://pt.wikipedia.org/wiki/Tsadic).

1.3.  No Islamismo, justo é o praticante da justiça, isto é, da retidão moral e da equidade, da virtude suprema. Uma virtude a ser aplicada a todas as áreas da vida humana (https://www.islamreligion.com/pt/articles/376/justic-no-isla/).

1.4. É nesse sentido que você encontra várias pessoas assim mencionadas nas páginas da Bíblia. Por exemplo, aos olhos humanos de seus escritores, está registrado em Mateus 1.19 que José era justo; em Lucas 2.25, que Simeão era justo; em Gênesis 6.l9, que Noé era justo; Marcos 6.20, que João Batista era justo e assim por diante.

  1. Ocorre, todavia, que doutrinariamente falando, à luz dos olhos de Deus, por mais que as pessoas se esforcem para serem justas, por mais que se esforcem para praticarem os Mandamentos, por mais que se esforcem para serem boas e perfeitas, por mais que se esforcem para serem íntegras, seus esforços não são suficientes em virtude da natureza pecaminosa. ´

2.1. Por isso, Jesus disse ao moço rico que procurava cumprir todos os mandamentos: “Falta-te uma coisa” (Lucas 18.22). Sempre falta alguma coisa em cada um de nós, quando não faltam várias coisas.

2.2. Por isso, Salomão declarou em sua oração: “não há homem que não peque” (II Crônicas 6.36; I Reis 8.46).

2.3. Por isso, o mesmo apóstolo Paulo em seu testemunho pessoal confessava: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo os meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros. Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?” (Romanos 7.18-24).

Conclusão

Para uma pessoa ser justificada aos olhos de Deus, isto é, ser considerada uma pessoa justa, ela precisa de Jesus Cristo. Aliás, se as pessoas pudessem ser justas pelo esforço pessoal, não era preciso Jesus Cristo morrer na cruz do Calvário, para perdão de nossos pecados. Ao acreditar em Jesus Cristo e confiar em seu sacrifício no Calvário, Deus declara a pessoa justa. A partir desse momento, Deus a vê como se nunca houvesse pecado e concede a graça para estar diante Dele sem qualquer culpa ou condenação. Isso significa ser justificado. A pessoa não se torna justa por seus próprios méritos, mas porque Jesus a justificou, atribuindo-lhe sua justiça.