I João 4.1
TESTAR OS ESPÍRITOS
Introdução
- Por mais que o mundo que nos cerca seja de natureza material, razão por que nos conectamos com o mundo através dos cinco sentidos, ao longo dos tempos e em todos os lugares existem pessoas fazendo referência à uma realidade espiritual, não percebido sensorialmente. Essa realidade espiritual não perceptível através dos cinco sentidos tem sido defendida por filósofos e por religiosos.
- Por defenderem filosófica ou religiosamente essa realidade espiritual, essas pessoas são chamadas de espiritualistas, porque acreditam na existência do espírito como realidade substancial, sejam as que acreditam na existência do espírito como parte constituinte da natureza humana individual, sejam as que acreditam na existência dos espíritos das pessoas mortas que se comunicam com os vivos, sejam as pessoas que acreditam na existência de Deus e na existência de espíritos criados por Deus e que na Bíblia também são chamados de anjos.
- Para evitar confundir a crença na existência de espíritos de pessoas mortas que se comuniquem com pessoas vivas da crença na existência dos espíritos criados por Deus que também se chamam anjos, essas duas crenças tem nomes diferentes: uma se chama crença espírita e a outra se chama crença espiritual. Enquanto a crença espírita identifica os seguidores de Alan Kardec, a crença espiritual identifica os seguidores de Jesus Cristo.
Desenvolvimento
- No caso do apóstolo João, quando ele alerta sobre a necessidade de testar ou provar os espíritos, a palavra original que ele usa é “pneûma”, palavra empregada na Bíblia para identificar o Espírito Santo, para se referir ao princípio vital que anima o corpo humano e que na morte pode ir para o inferno ou para o céu, para nomear os seres criados por Deus, os quais podem ser bons e chamados de anjos ou podem ser maus e chamados de demônios.
- Em virtude de imediatamente associar o agir dos espíritos com a atuação dos profetas, o apóstolo João está, portanto, se referindo a quem dirige o profeta. Assim como os profetas verdadeiros foram dirigidos pelo Espírito de Deus, João apóstolo está ensinando que os falsos profetas são dirigidos por algum espírito maligno ou demônio.
- Explicando este texto, F.F. Bruce, em seu Comentário Bíblico, escreveu: “os cristãos esqueceram, e ainda esquecem, que vivemos num redemoinho de influências espirituais, e de forma nenhuma são todas santas ou divinas. Devemos “examinar” as afirmações e, por meio disso, os espíritos que as inspiram. Nem tudo que parece sobrenatural o é genuinamente — há enganos propositados e há ilusões —, e, mesmo depois de eliminar o que é falso, deve haver discernimento cuidadoso acerca da fonte da inspiração, se eles procedem de Deus ou do Diabo” (https://search.nepebrasil.org/interlinear/?livro=62&chapter=4&verse=1).
- O perigo é tão grande e real que o apóstolo Paulo chegou a esclarecer que “se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofreríeis...tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras” (I Coríntios 11.4,13-15).
- É possível ver esses espíritos malignos atuando através de pessoas e seus resultados nas seguintes atitudes: mentira (I Reis 22.21,22), cegueira (Isaías 29.10), luxúria (Oseias 4.12), enfermidade (Lucas 13.11), escravidão (Romanos 8.15), engano (I Timóteo 4.1), medo (II Timoteo 1.7), morte (I Samuel 18.10).
Conclusão
Por mais que sejam fascinantes e extraordinárias as manifestações espirituais que possam existir na vida humana, inclusive através de líderes religiosos nas igrejas, não podemos nos deixar iludir, seduzir, aliciar. Aliás, achei muito relevante uma advertência publicada numa revista pentecostal tradicional sobre esse fato: “Em nome do Espírito Santo, coisas absurdas são cometidas. São atribuídas ao Espírito práticas que não correspondem à revelação bíblica. A igreja tem sofrido a invasão de práticas místicas antibíblicas, que confundem as manifestações espirituais autênticas geradas pelo Santo Espírito” (Revista Pentecostes, ano 1, nº 1, julho de 1999, CPAD, pg. 12). Até mesmo pentecostais tradicionais estão em alerta.