123. A Cruz de Cada Um

Mateus 16.24

A CRUZ DE CADA UM

Introdução

Nestes últimos tempos tem sido frequente a atitude de alguns religiosos em pregar um evangelho onde o sofrimento não está incluído na vida dos que se tornam crentes em Jesus Cristo. No objetivo de atrair o maior número de pessoas para os seus templos e igrejas, esses religiosos só falam de cura, libertação, prosperidade, bênçãos e cumprimento de promessas. Entendem que a inclusão do sofrimento no convite pode afastar as pessoas e atrapalhar o crescimento do evangelho. Não tem coragem de repetir essas palavras de Jesus Cristo: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me”.

Desenvolvimento

  1. Ainda que aventássemos a hipótese de que o cristão pudesse viver neste mundo sem passar por nenhum problema, nenhuma dificuldade, nenhum sofrimento, este não foi o ensino de Jesus Cristo, não foi a experiência dos apóstolos, nem tem sido o que a maioria dos crentes relatam em suas biografias ao longo dos tempos.

1.1. Jesus Cristo ensinou muito claramente que as aflições fariam parte da vida de todos os que nele cressem. Ele disse: “No mundo tereis aflições” (João 16.33). Nessa linha de pensamento, foi ainda mais claro ao declarar que seu discipulado incluía a atitude de “levar a cruz”.

1.2. Experimentando perseguições, prisões e mortes, os apóstolos preveniam os primeiros crentes em suas cartas ao escrever-lhes: “Por amor de Cristo vos foi concedida a graça de não somente crer em Cristo, mas também de sofrer por Ele” (Filipenses 1.29). Junto com a mensagem do perdão e da salvação, dizia aos novos crentes: “É necessário que passemos por muitas tribulações para entrarmos no Reino de Deus" (Atos 14.22). Na lista dos heróis da fé em Hebreus 11.37 está dito que muitos “foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados”.

1.3. Nas biografias dos crentes que fizeram história ao longo dos séculos, sempre existem referências aos momentos quando viveram situações amargas, lutas ferozes, perseguições violentas, desamparos inexplicáveis, mortes injustas. A organização Missão Portas Abertas tem se dedicado a constatar e divulgar a realidade de cristãos serem perseguidos em várias partes do mundo: “A cada ano, a perseguição aos cristãos se intensifica no mundo todo. O número de cristãos com medo de ir à igreja, que não têm uma igreja para ir e precisam escolher entre permanecer fiel a Deus ou manter os filhos seguros só aumenta. Houve crescimento também no número de vítimas da violência extrema, que perderam familiares, casa, bens e a liberdade apenas por compartilhar a fé em Jesus Cristo” (https://portasabertas.org.br/cristaos-perseguidos/perseguicao-de-hoje).

  1. Teologicamente é certo afirmar que Jesus Cristo sofreu em nosso lugar. É o ensino bíblico do sofrimento vicário ou substitutivo. Mas isto não significa teologicamente que nossa identificação com Ele nos livra do sofrimento. Pelo contrário, um dos efeitos de nossa identificação com Ele é exatamente o de também padecer por Ele. Tanto o mundo quanto o diabo estão engajados no propósito de fazer o crente sofrer as consequências de sua fé em Jesus Cristo. Pagar caro terem se convertido, pedido o batismo e se tornado membro da igreja.
  2. Por isso, quando realisticamente é avisado antecipadamente sobre a necessidade de também carregar nossa própria cruz, também é dito que por isso tanto seremos consolados desses sofrimentos quanto seremos compensados: “Se somos filhos, então, também somos herdeiros; herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo, se realmente participamos dos seus sofrimentos para que, da mesma maneira, participemos da sua glória. O sofrimento e a glória futura” (Romanos 8.17). “Porquanto, da mesma maneira como os sofrimentos de Cristo transbordam sobre nós, igualmente por meio de Cristo transborda a nossa consolação” (II Coríntios 1.5).

Conclusão

Não aceitem fazer parte de uma igreja que apresenta um evangelho barato ou inclusivo, que não mostra o desafio da vida cristã que inclui o sofrimento de lutar contra a própria carne, dizer não ao mundo e resistir ao diabo. Este não é o evangelho de Jesus Cristo e consequentemente não lhe proporcionará perdão de seus pecados e nem salvação eterna. Você estará sendo iludido e só vai descobrir quando for tarde demais.