160. Fé Racional

I Pedro 3.15

FÉ RACIONAL

Introdução

  1. Em um censo que realizamos há alguns anos em duas cidades tidas como evangélicas, no interior do Estado do Espírito Santo, considerando o elevado índice de crentes nelas existentes, através de pesquisa de amostragem queríamos saber o grau de conhecimento doutrinário deles. Para nossa surpresa, constatamos que a maioria daqueles evangélicos não sabia explicar doutrinariamente a razão pela qual eram crentes.
  2. Não sei como está a situação em outras Cidades e Estados, mas acredito que em linhas gerais o povo evangélico  atual, em sua maioria, também estaria com dificuldades para expressar suas convicções doutrinárias, à semelhança dos primeiros crentes, necessitando da mesma recomendação do apóstolo Pedro no início do cristianismo. Pedro, apóstolo, queria que os cristãos estivessem sempre preparados para responder a razão da sua fé.

Desenvolvimento

  1. Alguém pedir a razão de nossa fé ou esperança é uma solicitação de ordem intelectual. Enquanto a fé é uma experiência subjetiva, baseada em sentimentos e pensamentos experimentados pelo indivíduo para satisfazer a si mesmo, a doutrina é uma elaboração racional objetiva para satisfazer a outras pessoas em suas interrogações.

1.1. O conjunto de doutrinas a respeito da fé formam o que chamamos de Teologia. Assim como a Botânica oferece informações sobre as plantas ou a Astronomia oferece informações sobre o universo ou a Química oferece informações sobre as substâncias e suas misturas ou o Direito oferece informações sobre as leis em vigor, a Teologia oferece informações sobre Deus e sua relação com as pessoas e o mundo.

1.2. Se uma pessoa tem fé, essa pessoa também precisa aprender as doutrinas que dizem respeito à sua fé, a fim de que possa explicar as razões por que acredita no que acredita. Se uma pessoa tem fé, mas não tem conhecimento doutrinário, não saberá explicar a outras pessoas as razões por que acredita, sendo vencida em debates religiosos e incapaz de fazer evangelização eficiente.

  1. Explicar a razão da sua fé ou de sua esperança cristã é efeito do preparo para tal empreitada. Esse preparo é adquirido através da organização sistemática doutrinária da experiência cristã. Quando esse conhecimento é adquirido, também a pessoa passa a ter condições emocionais para responder com mansidão e temor. Em outras palavras, não haverá nervosismo, impaciência, hostilidade, evasivas, indiferença, arrogância, orgulho. Os debates e a evangelização serão feitos num clima de cordialidade, compreensão, harmonia, respeito, consideração.
  2. Ter conhecimento doutrinário para explicar a razão por que tem experiência cristã também evita que o crente se deixe levar por heresias ou que mostre ser possuidor de um sincretismo religioso.

3.1. A heresia é uma crença em ideias e conceitos que se chocam com as crenças fundamentais, levando o crente a incorrer em erro de interpretação, afastando-se dos ensinos verdadeiros do cristianismo.

3.2. O sincretismo religioso é a prática de ideias e conceitos de várias religiões diferentes que se fundem num corpo doutrinário, misturando as crenças como se tudo fosse uma coisa só.

Conclusão

A recomendação do apóstolo Pedro não chega ao ponto de dizer que você deve fazer uma Faculdade de Teologia, mesmo porque tal recurso nem existia em sua época. A recomendação dele é no sentido de que associe o subjetivo e o objetivo, associe a fé e a razão, associe o sentimento e a inteligência. O objetivo dele é que você se prepare teologicamente para expressar suas convicções cristãs, fazendo isto através da aquisição de conteúdos doutrinários exclusivamente fundamentados na fé cristã que lhe são oferecidos por sua igreja.