235. Lágrimas Inúteis

Hebreus 12.16,17

LÁGRIMAS INÚTEIS

Introdução

  1. Deus é sensível para com as pessoas quando derramam lágrimas de seus olhos, principalmente nos seus momentos de maior sofrimento. Um dos exemplos mais comoventes encontrados nos registros Bíblicos foi o do rei Ezequias. Em seu leito de enfermidade terminal, quando recebeu a notícia de que estava às portas da morte, suas lágrimas banharam o seu rosto em meio à sua oração pedindo misericórdia a Deus, que dele se compadeceu e lhe deu mais anos de vida (Isaías 38.1-3).
  2. Outro exemplo registrado na Bíblia foi protagonizado por Jesus Cristo ao chegar à casa de Marta e Maria e encontrar Lázaro morto. Ao ver o pranto de Maria e dos que com elas estavam, diz a Bíblia que, sentindo muita emoção, também começou a chorar (João 11.13-15).
  3. Em outras palavras, para Deus, em certos momentos cruciais de nossa existência, nossas lágrimas não são apenas uma reação química produzida por nosso organismo, constituída por água, sais minerais e proteínas, sendo 98% de água e o restante variando entre cloreto de sódio e enzimas, como lipídio. Para Deus, elas não são apenas classificadas em lágrima basal (a que protege e lubrifica os olhos), lágrima reflexiva (a que surge como resposta a uma reação como cortar uma cebola) e lágrima emocional (resultado de sentimentos).

 

Desenvolvimento

  1. Por isso, qualquer um estranha, quando lê na Bíblia esse episódio sobre Esaú não ter conseguido reverter sua situação diante de Deus, mesmo com arrependimento e muitas lágrimas. Nem o arrependimento, que é a base para receber as bênçãos de Deus, nem as lágrimas que sensibilizam o coração de Deus foram suficientes para mudar sua história. O texto é incisivo em declarar: “E ninguém seja devasso, ou profano, como Esaú, que por uma refeição vendeu o seu direito de primogenitura. Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que com lágrimas o buscasse”.
  2. Para nos ajudar a entender o que aconteceu com Esaú, evitar que tenhamos a mesma experiência e concluirmos que Deus foi insensível, o autor da letra do hino 186 do Cantor Cristão, em seu estribilho, também foi muito realista. Ele escreveu em sua poesia:

O chorar não salva!

Mesmo o lagrimar sem fim

Jamais mancha carmesim

Poderá lavar em mim;

O chorar não salva!

Embora o autor do hino estivesse se referindo à nossa salvação eterna e juntasse lágrimas com boas obras e orações, seu ensino através do hino objetivou esclarecer que há algo a mais que Deus leva em consideração além de lágrimas.

  1. Aliás, a respeito desse algo a mais, existe uma expressão idiomática em nossa língua portuguesa, utilizada para quando as lágrimas não são verdadeiras. Quando alguém finge um determinado sentimento e começa a chorar, costuma-se dizer que não adianta “derramar lágrima de crocodilo”. Então, se não há sinceridade nas lágrimas, também não existe sinceridade no arrependimento. Ora, se humanamente falando é possível perceber quando uma pessoa está derramando “lágrimas de crocodilo”, imagina Deus que sabe de tudo o que se passa em nosso interior.
  2. De qualquer modo, independentemente de lágrimas e de arrependimento, quando uma pessoa faz certas escolhas na vida, essas decisões não tem retorno, mesmo que a pessoa queira reconsiderar o que fez. Esaú vendeu sua situação de primogênito e não podia mais reverter. Se uma pessoa mata um indivíduo, não há como fazer esse indivíduo reviver. Se uma pessoa faz investimento financeiro numa empresa desonesta e perde seu dinheiro, não há como ter esse dinheiro de volta. Se uma pessoa vende sua casa e não estabelece um prazo para ficar até alugar outra, terá que sair no prazo estabelecido pela lei. Se uma pessoa faz uma doação de um bem e não estabeleceu uma clausula de reversão, não poderá ter o bem de volta no caso de morte do donatário. Para descrever esse fato, foi criado um conceito acadêmico chamado de “ponto sem retorno”, isto é, mudanças se tornam irreversíveis ou uma série de eventos inevitáveis vão ocorrer.

Conclusão

A experiência de Esaú ao vender sua primogenitura, na época, equivalia em nossos dias a não ter interesse por valores espirituais. Aplicando a situações espirituais hoje, seria o mesmo que abrir mão de confiar em Jesus Cristo para a salvação eterna, preferindo os prazeres deste mundo de pecados. Uma vez feita essa escolha, depois que a pessoa morrer ou que Jesus Cristo voltar, não poderá mais haver mudança. Foi nesse sentido, inclusive, que o autor da carta aos hebreus lembrou o episódio de Esaú. Se rejeitarmos Jesus Cristo enquanto estamos vivos, depois será tarde demais.