184. A Superioridade das Leis Divinas

Atos 5.25-29

A Superioridade das Leis Divinas

Introdução

  1. Muitos de vocês já ouviram falar do complexo de Édipo. Além dessa abordagem feita na psicanálise, o mito grego também tem outro enredo envolvendo  Antígona, uma das filhas do casamento entre Édipo e Jocasta.  Nessa tragédia grega, há um momento quando um dos irmãos de Antígona após a morte é condenado pela lei do rei a ficar sem sepultamento. Antígona então contraria o rei dizendo que a lei divina que ela conhecia determinava que ele fosse sepultado. Para ela, o importante era obedecer a lei divina e não à lei estabelecida pelo rei.
  2. Lembrando desse mito da literatura grega antiga, somos convidados pela leitura da Bíblia a refletir sobre a atitude realista do apóstolo Pedro quando foi confrontado pelas autoridades judaicas a seguir suas leis, as quais proibiam-nos de falar sobre Jesus Cristo. O apóstolo Pedro, então, respondeu dizendo que para ele o mais importantes não era obedecer aos homens, mas obedecer a Deus: “Não vos admoestamos nós expressamente que não ensinásseis nesse nome? E eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina, e quereis lançar sobre nós o sangue desse homem. Porém, respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Mais importa obedecer a Deus do que aos homens”.

Desenvolvimento

  1. Os apóstolos receberam a ordem de não pregarem mais sobre o nome e a história de Jesus Cristo depois de terem sido presos e ameaçados com a morte. Foram soltos por um anjo do Senhor e voltaram ao templo, continuando a pregar sobre Jesus Cristo e sua história. Depois desses dois incidentes é que receberam o ultimato. Poderiam falar sobre o que quisessem. Podiam falar sobre política, esportes, finanças, lazer, casamento... Só não podiam falar sobre Jesus Cristo. Nessa circunstância, Pedro foi incisivo e categórico, afirmando que não ia seguir as leis dos homens mas as leis de Deus.
  2. Diante do que tem acontecido em nossos dias, quando leis humanas são estabelecidas contrariando as leis de Deus, muitos tem perguntado sobre qual atitude os crentes devem tomar. Devem se ajustar à cultura de cada época, seguindo as leis humanas que contrariam as leis divinas ou devem se rebelar, tendo uma atitude radical e oposta,  como o apóstolo Pedro?
    • Para responder a essa pergunta, alguns tem lançado mão do que atualmente se chama “desobediência civil”. Uma atitude assim definida: “uma forma de protesto não violento em que indivíduos ou grupos se recusam a obedecer a leis, regulamentos ou ordens consideradas injustas ou ilegítimas, com o objetivo de promover mudanças sociais ou políticas” (IA, Google). Para ilustrar essa atitude, são citados exemplos de personalidades que dela fizeram uso, a saber: Mahatma Gandhi (líder indiano que buscava a independência da Índia em relação à Inglaterra), Martin Luther King Jr. (pastor batista que buscou a igualdade racial nos Estados Unidos), Henry David Thoreau (escritor americano que propagava a não cooperação com um governo considerado injusto).
    • Em nosso país, especificamente neste momento, quando a situação política, judicial e legislativa tem pautado ações e leis que deixam os cristãos em estado de perplexidade, vários protestos tem sido feitos para mostrar que o rumo dos acontecimentos não está de acordo com a tradição judaico-cristã. Alguns desses protestos culminaram com processos, condenações e prisões, gerando um país dividido.
  3. A contrapartida desse posicionamento oposto e radical diz respeito a dois fatos que também estão incluídos nessa abordagem. Um deles é a respeito da legitimidade da desobediência civil totale outro é a respeito de outros textos da Bíblia sobre o relacionamento dos crentes com as autoridades.
    • Alguém escreveu pertinentemente: “Enquanto alguns defendem que a desobediência civil é um direito legítimo em face de leis injustas, outros argumentam que ela pode minar o estado de direito e a ordem pública. A questão da legitimidade da desobediência civil geralmente envolve a análise da injustiça da lei em questão e a avaliação do impacto do ato de desobediência civil na sociedade(IA, Google). É preciso, portanto, refletir muito sobre as consequências antes de adotar a desobediência civil.
    • No Novo Testamento também está escrito assim: “Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação. Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela, visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal. É necessário que lhe estejais sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de consciência. Por esse motivo, também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo, constantemente, a este serviço. Pagai a todos o que lhes é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra”(Romanos 13.1-7).

Conclusão

Uma coisa é ler sobre mitologia grega e suas lições universais e outra coisa é ler e aplicar os ensinos de Jesus Cristo e dos seus apóstolos, principalmente quando estão na contra-mão da cultura, da legislação e da sociedade, cujos resultados podem ser trágicos. Basta lembrar de João Batista e de Paulo apóstolo, que foram decapitados por causa da fé cristã. Basta lembrar os primeiros cristãos que foram queimados em fogueiras ou devorados por leões nas arenas romanas. Basta lembrar os crentes presos e mortos nos países ateístas ao longo dos tempos. Se vamos ser presos e mortos em ato de desobediência, que seja apenas porque pregamos sobre Jesus Cristo e seus ensinos. Tenho certeza que este é o único motivo que justifica nossa desobediência, prisão e morte pelas autoridades ateístas e impiedosas.