216. Enganos Sobre o Fim

Mateus 24.4

ENGANOS SOBRE O FIM

Introdução

  1. Neste sermão chamado de escatológico, isto é, sermão que trata do fim do mundo, ainda que tenha revelado vários sinais para que as pessoas percebessem a sua volta, Jesus Cristo foi muito claro em também nos advertir sobre a necessidade de não sermos enganados, nem de nos enganar a nós mesmos e nem de enganar aos outros.
  2. A consequência de cometermos engano a respeito do fim do mundo, tanto pode gerar ansiedade e angústia desnecessárias, quanto também gerar desorganização social, manipulação emocional e surgimento de heresias e movimentos religiosos oportunistas. Tais consequências acabam sendo mais prejudiciais do que positivas na história do cristianismo.

Desenvolvimento

  1. Ainda no primeiro século, quando o apóstolo Paulo ensinava sobre o fim do mundo e a volta de Jesus Cristo, ele também foi cauteloso e procurava precaver os primeiros crentes para não se iludirem. Escrevendo especificamente aos tessalonicenses, aos quais tratou detalhadamente desse assunto em suas duas cartas, Paulo também usou a mesma expressão de Jesus Cristo: “Ninguém de maneira alguma vos engane” (II Tessalonicenses 2.3).
  2. Como consequência do engano sobre esse assunto, a história tem registrado situações que não são as melhores e que deixaram rastros muito negativos.

2.1. Um famoso historiador registrou em seu livro   alguns desses acontecimentos resultados do engano: “Quando Tito arrasou o Templo de Jerusalém e mais tarde Adriano destruiu a cidade de Jerusalém, muitos cristãos da época encarraram esses acontecimentos como sinais da volta de Jesus Cristo. Quando no final do segundo século o caos ameaçou o império, Tertuliano e outros julgaram chegado o fim do mundo. Um bispo sírio levou seu rebanho para o deserto, a fim de receber Cristo no meio do caminho. Um bispo do Ponto desorganizou a vida da comunidade com o anúncio da volta de Jesus dentro de um ano. Uma epístola atribuída a Barnabé dizia que ele viria nos mil anos. Montano anunciou que a Nova Jerusalém do Apocalipse breve desceria do céu sobre uma planície vizinha. Para essa planície, levou tanta gente que algumas cidades se despovoaram” (Will Durant, História da Civilização, S. Paulo: Companhia Editora Nacional, 1957, Tomo II, Livro III, pg. 294-296).

2.2. Em seu texto escatológico sobre acontecimentos precedentes do fim do mundo, o profeta Sofonias escreveu sobre o surgimento de um dia de densas trevas (Sofonias 1.15). Uma descrição sobre um acontecimento em 19 de maio de 1780 levou pessoas a interpretarem que o mundo estava acabando naquela época. Um escritor registrou assim o fato: “Pela manhã, surgiu o sol, mas logo se ocultou. As nuvens se tornaram sombrias e delas, negras e ameaçadoras como logo se mostraram, chamegavam relâmpagos, ribombavam trovões, caindo leve aguaceiro. Por volta de 9 horas, as nuvens se tornaram mais finais, tomando uma aparência bronzeada ou acobreada, e a terra, pedras, árvores, edifícios, água e pessoas tinham aspecto diferente por causa dessa estranha luz sobrenatural. Alguns minutos mais tarde, pesada nuvem negra se espalhou por todo o céu, exceto numa estreita orla do horizonte e tudo ficou escuro... As trevas foram densíssimas logo depois das 11 horas” (The Essex Antiquarian, Miss, abril de 1899).

2.3. Outro dos sinais revelados por Jesus Cristo está relacionado com acontecimentos no cosmos, inclusive a queda de estrelas (Marcos 13.25). Em 13 de novembro de 1833, quando ocorreu uma chuva de meteoritos, R.M. Devens registrou o episódio assim: “Raras vezes caiu chuva mais densa do que caíram os meteoros em direção à Terra; leste, oeste, norte e sul tudo era o mesmo. Em uma palavra: o céu inteiro parecia em movimento... Desde as duas horas, até pleno dia, estando o céu perfeitamente sereno e sem nuvens, um contínuo jogo de luzes deslumbrantemente fulgurantes se manteve em todo firmamento...” (F. Reed, Cristian Advocate and Journal, 13.121833). Como resultado desses acontecimentos, surgiu a igreja Adventista do Sétimo dia proclamando a volta de Jesus Cristo para aquela ocasião, levando multidões para os montes trajando roupas brancas para o arrebatamento.

2.4. Em Chicago, Estados Unidos, Dorothy Martin, uma “visionária” dizia ter recebido mensagens de um grupo de seres superiores de outro planeta chamado “Clarion”.  A mensagem era a de que o mundo seria destruído por uma enchente no dia 21 de dezembro de 1954. Mas os verdadeiros fiéis seriam salvos por discos voadores, à meia-noite do dia do início da inundação. Seguindo a Sra. Dorothy, muitos crentes abandonaram seus empregos, venderam seus bens para dar dinheiro para a seita, abandonaram seus estudos e terminaram relacionamentos com não crentes.  Os seguidores acreditavam que iriam ser resgatados por discos voadores de “Clarion” e salvos do dilúvio. Todavia, como não poderia deixar de ser, nada aconteceu e os seus seguidores ficaram decepcionados (When Prophecy Fails: A Social and Psychological Study of a Modern Group That Predicted the Destruction of the World. Leon Festinger, Henry Riecken e Stanley Schachter. Amazon, 2009).

2.5. Na Coréia do Sul, um profeta anunciou a volta de Jesus Cristo para outubro de 1992. Uma reportagem sobre o assunto registrou: “Essas profecias causaram muita confusão, de modo que alunos deixaram de ir às aulas, adultos abandonaram seus empregos e mesmo soldados profissionais pediram baixa. Eles vão de casa em casa para distribuir sua literatura. Um dos pastores que profetizavam a data do arrebatamento, o líder da Missão “Da Mi” (Outro Futuro) foi preso pela polícia no dia 24 de setembro. Ele é acusado de ter lesado seus seguidores em aproximadamente 4 milhões de dólares” (Jornal Notícias de Israel, 11/1992).

Conclusão

É verdade que precisamos estar atentos quanto ao cumprimento dos sinais previstos por Jesus Cristo, pois, afinal de contas, eles foram revelados exatamente com esse objetivo. Ocorre, todavia, que também precisamos estar alertas para não sermos enganados por pregadores e profetas oportunistas que se enganam na intepretação dos acontecimentos ou que mal intencionados querem fazer dos eventos motivo para manipular pessoas e, aproveitando-se dos ensinos bíblicos e da fé, extorquir dinheiro e bens.

Anúncios enganosos como o choque no cometa Halley com a Terra, o alinhamento dos planetas, o cálculo de datas com base em Daniel, as profecias de Nostradamus, a data do Calendário Maia, já mostraram que não podemos deixar nos enganar. Aliás, Jesus Cristo afirmou que os verdadeiros crentes nunca se deixariam enganar: “Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos” (Mateus 24:24). Portanto, não é possível enganar os escolhidos de Deus.