Filipenses 3.1
OS MESMOS ENSINOS
Introdução
- A respeito dos antigos moradores da cidade de Atenas, na Grécia, o escritor Lucas nos informou que eram pessoas muito interessadas em novidades e que Paulo apóstolo usou este fato como estratégia para despertar o interesse deles para o evangelho. Lucas escreveu: “todos os atenienses e estrangeiros residentes, de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão de dizer e ouvir alguma novidade” (Atos 17.21).
- Esse que seria um característico dos antigos atenienses, na verdade tem se mostrado uma peculiaridade de muitos outros povos, inclusive do brasileiro. Aliás, é porque muitos buscam novidades que a ciência e os saberes se desenvolveram e hoje chegamos à era da informação ilimitada.
- Ocorreu, todavia, que se naquele momento a novidade tinha sido uma estratégia evangelística para atrair pessoas, mais tarde Paulo percebeu que o novo havia se tornado também comum e repetitivo. Observou que se no princípio o evangelho era novidade, com o passar do tempo, tornou-se recorrente e cansativo.
Desenvolvimento
- Por isso, ao escrever sua carta aos Filipenses, destacou exatamente este aspecto descoberto: “Não me aborreço de escrever-vos as mesmas coisas e é segurança para vós”. Então eu pergunto: Por que ele precisou enfatizar que não se aborrecia de escrever as mesmas coisas?
1.1. Ele admitiu que realmente estava escrevendo as mesmas coisas, isto é, os mesmos ensinos que já tinha ministrado antes. Admitiu que estava repetindo os antigos ensinos.
1.2. Este fato estaria “aborrecendo” os filipenses, isto é, ele estaria sendo enfadonho, indigesto.
- Porém ele não se sentia assim, pois sabia que a repetição dos conteúdos cristãos daria segurança doutrinária sobre o que acreditavam.
2.1. Se os ensinos do evangelho a partir de um momento deixam de ser “novidade”, nós também precisamos descobrir o valor da repetição deles.
2.2. É a repetição que faz com que determinados ensinos se cristalizem na mente. Se apenas a repetição sem reflexão não basta para aprender um conteúdo, por outro lado, como se pode refletir a respeito de algo que não está na memória? E para estar na mente, é preciso repetição.
2.3. Através da repetição e da reflexão de ensinos, o cristão tem condições de não ser influenciado pelas heresias e erros religiosos, que cada vez mais se multiplicam nesta era de informações ilimitadas, fazendo de nossa fé uma colcha de retalhos doutrinária.
2.4. Se os ensinos bíblicos não forem cristalizados e influenciarem, mais cedo ou mais tarde o cristão corre o risco de ouvir o Paulo escreveu aos gálatas: “maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo, para outro evangelho” (Gálatas 1.6).
Conclusão
Ao vivermos em dias quando se registra falta de concentração em virtude de tantas informações religiosas e tanta variedade tecnológica, assim como existe uma superficialidade no conhecimento e uma multiplicidade das doutrinas, muito mais se torna importante que os mesmos e antigos ensinos cristãos sejam repetidos.
Esta necessidade me faz lembrar a história do crente que se levantou do banco e procurou um dos diáconos reclamando: “Nosso pastor está repetindo muito os mesmos sermões. Vou embora até que ele pregue alguma novidade.” O diácono olhou para o crente e perguntou: “O irmão tem colocado em prática os sermões do pastor? Se não está praticando, volte para o banco e ouça mais vezes até que seu comportamento mostre que aprendeu”.