156. Pedir Por Alguém

Filemon 10

PEDIR POR ALGUÉM

Introdução

  1. Em virtude de nossa religiosidade, quase sempre interpretamos a palavra “interceder” como ato de pedir por alguém diante de Deus, em nome de Jesus Cristo. Daí, inclusive, a importância da recomendação bíblica que diz: “Orai uns pelos outros”.
  2. Ocorre, todavia, que esta atitude também está presente em outras áreas da vida humana, quando, por exemplo, pedimos em favor de alguém para conseguir emprego numa empresa, para que o valor de uma dívida seja reduzido, para que uma infração legal seja anulada, para que uma atitude de mágoa seja substituída por perdão e assim por diante.

Desenvolvimento

  1. Nesta carta que o apóstolo Paulo escreveu para Filemon, um conhecido seu possuidor de alguma riqueza financeira e proprietário de escravos que lhe prestavam serviço na cidade de Colossos (Colossenses 4.9), o principal assunto foi sua atitude de pedir em favor de Onésimo.
  2. Naquela época, a escravidão era um tipo de relação de trabalho que perdurou ainda por muitos séculos, até que fosse alterada nos tempos modernos. Os povos vencidos por ocasião das guerras travadas se tornavam escravos dos povos vencedores e famílias abastadas podiam ter escravos. Filemon era pai de uma dessas famílias e Onésimo era um dos escravos dessa família.
  3. Como qualquer pessoa que se torna escrava, perdendo seus direitos, sofrendo privações e experimentando algum tipo de violência, Onésimo se rebelou contra seu senhor e fugiu. Todavia, durante o seu período de fuga, Onésimo acabou ouvindo o evangelho e se tornando crente, também conhecido do apóstolo Paulo.
  4. Como não poderia deixar de ocorrer, Onésimo reconsiderou sua rebeldia e sua fuga, externando o desejo de voltar para a casa de Filemon, que igualmente havia se convertido e mudado o coração na maneira de tratar os escravos que estavam sob seus cuidados. Considerando a experiência cristã de ambos, Paulo escreveu a carta para que Filemon recebesse Onésimo de volta: “Peço-te por meu filho Onésimo, que gerei nas minhas prisões; o qual noutro tempo te foi inútil, mas agora a ti e a mim muito útil; eu te tornei a enviar. Torna a recebê-lo como às minhas entranhas”.
  5. A intercessão de Paulo, no entanto, não foi para que as antigas relações de trabalho como escravo e senhor fossem restabelecidas. Considerando os efeitos do evangelho na vida, Paulo propõe que haja um novo tipo de relacionamento entre eles: “Não já como servo, antes, mais do que servo, como irmão amado, particularmente de mim, e quanto mais de ti, assim na carne como no Senhor? Assim, pois, se me tens por companheiro, recebe-o como a mim mesmo”.
  6. A intercessão ainda foi mais além. Paulo se colocou como fiador de Onésimo, garantindo sua genuína conversão e nova vida. Paulo escreveu: “E, se te fez algum dano, ou te deve alguma coisa, põe isso à minha conta. Eu, Paulo, de minha própria mão o escrevi; eu o pagarei, para te não dizer que ainda mesmo a ti próprio a mim te deves”. Era como se Paulo estivesse dizendo: “Onésimo realmente se converteu. Ele é uma nova criatura. Tenho certeza de que terá novas atitudes com você”.

Conclusão

Esta carta tem o mérito de mais uma vez mostrar os efeitos da pregação do evangelho alcançando diferentes classes sociais desde o princípio até hoje. Mostra ainda os efeitos da pregação do evangelho na personalidade de ricos e pobres, patrões e empregados, estabelecendo novos níveis de relacionamentos além dos que são concedidos pelas leis. Mostra principalmente a relevância de sermos capazes de considerar as necessidades dos outros que nos cercam, sendo sensíveis para pedir por alguém a fim de que seja livre de um problema ou que receba um bem.