191. O Amor de Deus

I João 4.19

O AMOR DE DEUS

Introdução

  1. Falar sobre o amor deveria ser uma prática tão natural quanto falar sobre política, futebol, viagens, ideologias, doenças, dinheiro, trabalho, religião. Afinal de contas, este é um assunto que está fartamente mencionado nas páginas da Bíblia e presente na história da humanidade, desde os tempos antigos, inclusive.
  2. Por falar na antiguidade do amor, ele foi objeto de discussão num dos mais conhecidos clássicos da literatura universal, chamado “O Banquete”, de Platão, escrito entre os anos de 380 e 385 AC. O livro trata de um debate ocorrido entre várias pessoas que particionaram de um banquete, na casa de uma delas. Depois da refeição, foram convidadas a falar o que pensavam sobre o amor. Em virtude dos gregos terem várias palavras para descreverem o amor, eles foram convidados a falarem sobre cada uma dessas palavras. As palavras eram:  “eros”(o amor erótico), “philia” (a amizade íntima), “ludus” (o amor lúdico ou sedutor), “storge” (o amor familiar),  “philautia” (o amor próprio), “pragma” (o amor companheiro, “ágape” (o amor universal).
  3. Independentemente do que cada uma das pessoas falou nessa obra clássica, a propósito do que pensava a respeito do amor, meu objetivo nesta oportunidade é tecer comentários a respeito do do que o apóstolo João deixou escrito em sua carta e que passou a fazer parte da Bíblia. O apóstolo João deixou escrito que “nós amamos a Deus porque ele nos amou primeiro”.

Desenvolvimento

  1. Primeiramente quero informar que, de todas as palavras existentes entre os gregos, naquela época,  para se referir a um tipo de amor, no Novo Testamento a palavra escolhida foi “agape”. Alguns estudiosos informam que essa palavra aparece 117 vezes, outros informam 153 vezes e a wikipédia menciona mais de 300 vezes no Novo Testamento.
  2. Embora fosse usada raramente em manuscritos antigos, não sendo comum no grego clássico (ROSSI, Marcelo, 23 de abril de 2014, Agape), significando amor altruísta, universal, os apóstolos usaram essa palavra para falar do amor de Deus, do amor de Jesus Cristo, do amor a Deus e a Jesus Cristo e do amor que os cristãos tem uns pelos outros. O apóstolo João escreveu: “Deus é amor”, “Deus amou o mundo” “Nós o amamos porque ele nos amou primeiro” e “amemos uns aos outros”. Em todos esses versículos a palavra usada foi “agape”.
  3. Ao escolherem essa palavra, os apóstolos tiveram o propósito de dar a esse tipo de amor uma qualidade singular, inigualável, incomparável. Não deveria ser confundido com erotismo, amizade, autoestima, sedução, fraternidade, companheirismo, pois todas essas formas de amor são incompletas, falhas, imperfeitas. Lendo todos os textos onde a palavra aparece, sete qualidades se destacam na vivência do amor “agape”: ele é incondicional, imensurável, ilimitado, fiel, sacrificial, perfeito e eterno.
  4. Pensando especificamente no amor de Deus por nós, expresso através de Jesus Cristo e usando a poesia de duas músicas cristãs, descobrimos que ele é inexplicável ao ser demonstrado ao ser humano. Um hino antigo diz: “Não sei por que de Deus o amor a mim se revelou. Por que razão o salvador pra si me resgatou”. Um cântico atual  diz: “Graça sobre graça, recebi e da plenitude, renasci quando atraído, me encontrei, no amor de Deus. Logo eu, um pobre pecador, logo eu, tão fraco e tão devedor, logo eu, de graça recebi o amor de Deus”. Essas músicas retratam palavras do salmista Davi e de Jó, quando diziam: “Quem é o ser humano para que tanto o ames?” (Salmo 8.4; Jó 7.17). Também refletem as palavras de Paulo apóstolo, quando escreveu: “Deus prova seu amor para conosco, sendo nós ainda pecadores” (Romanos 5.8).
  5. Por mais que os ateístas questionem o amor de Deus diante do sofrimento humano decorrente das tragédias, dos acidentes, das perdas, das adversidades, tribulações  e do mal, esse amor pode ser experimentado exatamente nessas ocasiões através do sua consolação, do seu alivio, da sua paz, do seu descanso, do seu conforto, da sua esperança e da sua promessa de compensação na eternidade. Nesse sentido, o apóstolo Paulo dizia em em sua dor: “Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos consola em todas as nossas tribulações” (II Coríntios 1.3) e “Para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada, tendo desejo de partir e estar com Cristo, , porque isto é ainda muito melhor.(Romanos 8:18; Filipenses 1.23).

Conclusão

É interessante ler o livro de Platão sobre os tipos de amor, que no banquete foram apresentados. Todavia, é muito mais interessante, apropriado, necessário, relevante e vitalizador ler sobre o amor de Deus nas páginas desse livro que é a Bíblia, principalmente tendo como base a certeza de que ele é incondicional, imensurável, ilimitado, fiel, sacrificial, perfeito e eterno.

Mais ainda: pode ser experimentado por qualquer um pecador, a qualquer hora e em qualquer lugar.