200. O Culto a Deus

João 4.23

O CULTO A DEUS

Introdução

  1. A atitude de prestar culto aos deuses está presente em várias expressões religiosas, desde os tempos mais antigos. O culto ao único Deus, todavia, só passou a existir na religiosidade dos hebreus, a partir de Abraão e, com legislação normativa quanto aos rituais, através de Moisés. Em Jesus Cristo, o culto a Deus recebe três característicos específicos: não precisa de templo para ser realizado, deve ser verdadeiro por parte do adorador e precisa ser revestido de espiritualidade.
  2. Escrevendo sobre a relevância do ato de prestar culto a Deus na vida das pessoas crentes, um teólogo afirmou: “O culto constitui a ação mais urgente e mais gloriosa que pode acontecer na vida humana” (Barth). Outro teólogo completou: “O culto é o lugar venturoso de encontro dos fiéis com seu Deus, enquanto esperam a vindo do seu reino” (Archard). Mais um teólogo definiu: “A palavra “culto” deriva do Latim, cultu, e significa adoração ou homenagem a Deus. Etimologicamente, o termo latino “cultu” envolve a raiz colo, “colere”, que indica “honrar”, “cultivar” (Riker).

Desenvolvimento

  1. Na dinâmica do diálogo com a Samaritana, momento quando ela está em dúvida sobre o lugar onde se deve adorar a Deus, citando Samaria e Jerusalém, Jesus Cristo esclareceu de uma vez por todas que essa exigência de um lugar específico deixou de existir.

1.1. Ainda que Salomão tenha construído um templo com essa finalidade, na cidade de Jerusalém, templo esse que foi reconstruído mais duas vezes, os crentes em Jesus Cristo não precisam mais se prender nem a essa cidade e nem a um templo.

1.2. Historicamente, com a última destruição do templo de Jerusalém, no ano 70, os primeiros cristãos passaram a prestar culto a Deus nas casas, nas catacumbas, nas cavernas, nas florestas.

1.3. Para os cristãos primitivos, o importante era estarem reunidos em algum lugar para desfrutarem da presença de Jesus, experimentando o cumprimento de sua promessa, quando disse: “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mateus 18.20).

  1. A veracidade do adorador no ato do culto já havia sido exigida desde a época dos profetas. O Profeta Isaías pregava em seus dias: “Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca, e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído” (Isaías 29.13). Em um dos seus confrontos com escribas e fariseus, Jesus lembrou esta pregação: “Hipócritas, bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo:
    Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim
    ” (Mateus 15.7,8). Ao mencionar os efeitos maravilhosos do ato do culto a Deus, o profeta Jeremias salientava essa veracidade para esses efeitos fossem experimentados. Ele dizia: “Então me invocareis, e ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei. E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração” (Jeremias 29.12,13). Buscar a Deus de todo coração é uma expressão frequente nas páginas da Bíblia para significar a sinceridade de um fiel presta culto a Deus.
  2. Por espiritualidade necessária ao ato do culto a Deus, certamente que Jesus quis fazer um contraste dessa atitude com a atitude de oferecer sacrifícios de animais. Enquanto os cultos desde os dias de Abraão se caracterizavam pela presença desse ritual, os cultos que Deus espera receber por parte dos crentes é expressão que vem do espírito. Mesmo o salmista já havia tido essa compreensão em seus dias, quando disse: “Pois não desejas sacrifícios, senão eu os daria; tu não te deleitas em holocaustos. Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” (Salmo 51.16,17). O autor da carta aos hebreus analisou com clareza esse contraste: “Porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados. Por isso, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste; Holocaustos e oblações pelo pecado não te agradaram. Então disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo. Na qual vontade temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez” (Hebreus 10.4-10). Ter o Espírito de Deus no coração, através da fé no sacrifício de Jesus Cristo, faz com que o culto seja espiritual.

Conclusão

Enquanto os cultos prestados aos vários deuses são inúteis e o culto prestado a Deus com base nos rituais do Velho Testamento deixou de ser eficaz, o culto mencionado por Jesus é o único que Deus aceita. Aliás, Jesus disse que Deus procurar aqueles que assim o adorem.