Salmo 103.14
PAIS COMPASSIVOS
Introdução
- Dentre as muitas atitudes que os pais podem ter para com seus filhos, encontra-se a compaixão ou o compadecimento. É a atitude de expressar sentimento de empatia ou simpatia por alguém que esteja experimentando dor, sofrimento, infelicidade, principalmente para com nossos familiares.
- É tão relevante nas relações entre pais e filhos, que o salmista chegou a usar esse sentimento para ilustrar o que Deus sente por nós, quando também estamos experimentando dor, sofrimento, infelicidade. Em meio ao que o povo experimentava nos dias de Isaías, o profeta dizia: “O Senhor consola o seu povo
e terá compaixão de seus afligidos” (Isaías 49.13). Descrevendo o sentimento de Jesus diante da necessidade das pessoas, Mateus escreveu: “Ao ver as multidões, teve compaixão delas, porque estavam aflitas e desamparadas, como ovelhas sem pastor” (Mateus 9.36).
Desenvolvimento
- Se o salmista ilustrou a compaixão de Deus com a compaixão dos pais pelos seus filhos, isto significa, em outras palavras, numa interpretação negativa, que o comportamento rude, duro, severo, rigoroso, rígido, grosseiro, abrutalhado, áspero dos pais para com seus filhos irá comprometer a imagem que tenham a respeito de Deus quando alguém for lhes pregar o evangelho. Chegar para alguém cujo pai age de modo negativo e dizer que Deus é pai, inevitavelmente deixará confuso o entendimento da pessoa. Será muito difícil, no uso dessa figura de linguagem chamada símile, dissociar a imagem negativa do pai terreno com a do Pai Celestial.
- Por outro lado, se os pais humanos também expressam sentimento de compaixão para com os filhos, de pronto a percepção da compaixão de Deus será assimilada, quando alguém lhes disser, por exemplo, que “Misericordioso e piedoso é o Senhor; longânimo e grande em benignidade” (Salmo 103.8). Ou quando alguém disser como Jonas: “Deus é compassivo e misericordioso, longânimo e grande em benignidade” (Jonas 4.2).
2.1. Os pais podem expressar sentimento de compaixão quando os filhos cometem erros e, mostrando arrependimento, esperam por perdão e nova oportunidade.
2.2. Os pais podem expressar sentimento de compaixão quando os filhos são enganados ou iludidos por outras pessoas e experimentam perdas, necessitando ser apoiados.
2.3. Os pais podem expressar sentimento de compaixão quando os filhos são acometidos por doenças e enfermidades que lhes produzem muitas dores e sofrimentos, esperando socorro imediato ou a longo prazo.
2.3. Os pais podem expressar sentimento de compaixão quando os filhos vivem experiências de aflição, angústia, medo, pavor, tristeza e precisam de consolação que sustentem suas forças.
2.4. Os pais podem expressar sentimento de compaixão quando os filhos são suficientemente castigados e punidos pelas experiências da vida, pelas autoridades repressoras, pelas pessoas que lhes fazem maldades, para que possam se recuperar e prosseguir, tendo esperança e confiança no futuro.
Conclusão
Todos nós sabemos o quanto a Bíblia ensina que Deus corrige, disciplina e exerce juízo e que, neste caso, também ensina que assim os pais devem agir para com seus filhos. Todavia, na Bíblia essas duas atitudes de Deus não são opostas ou antagônicas, mas complementares. Por isso, o Deus que disciplina é o mesmo Deus que ama. Na verdade, principalmente nesta época da graça, é o Deus que nos ama muito mais do que nos disciplina. É o Deus que tem muito mais compaixão por nós do que repreensão. Por isso, também os pais devem ter mais compaixão do que correção e, se vão corrigir, precisam fazer com muito compadecimento.