128. A Triunidade Divina

II Coríntios 13.14

A TRIUNIDADE DIVINA

Introdução

  1. Em sua bênção apostólica, ao se despedir dos cristãos da cidade de Corinto, Paulo mostra mais uma vez nas páginas do Novo Testamento a existência de Deus numa trindade.
  2. O problema é que essa revelação suscita contestação por parte daqueles que, baseados no Velho Testamento, afirmam que há um só Deus. Se admitirmos a existência da Trindade, com base no Novo Testamento, isto nos levaria a adotar a heresia da existência de três deuses.

Desenvolvimento

  1. Diante desse impasse doutrinário, desde o princípio da História da Teologia, os estudiosos precisaram dar respostas que evitassem a heresia dos três deuses e mantivesse a divindade do Pai, do Filho e do Espírito.

1.1. A primeira resposta a esse impasse foi a descoberta de que mesmo no Velho Testamento Deus é apresentado não no singular, mas sim no plural. Os textos bíblicos de Gênesis 1.26; 3.22; 11.7; Isaías 6.8 é Deus é pluralizado no pronome oculto “nós”.

1.2. A segunda resposta foi o uso da expressão “pessoa” atribuída à Divindade Plural. A Divindade Única existe, portanto, como três pessoas. Para não deixar sombra de dúvida, os teólogos criaram a expressão “Triunidade”: o único Deus existe em três pessoas.

1.3. O conceito de “pessoa” aplicado à Divindade vem dos tempos quando essa palavra significava “aparência”, “máscara”, através da qual o indivíduo falava expressando um determinado papel. Nesse sentido, o indivíduo poderia ser diferentes pessoas, isto é, exercer diferentes papéis sociais. Um mesmo indivíduo se expressava através de pessoas diferentes.

1.4. A base bíblica para atribuição dessa unidade divina em três pessoas foi a palavra de Jesus Cristo quando afirmou: “Eu e o Pai somos um”. Daí se consumou a doutrina da Triunidade Divina: três pessoas em um só Deus.

  1. Essas respostas não foram dadas sem discussões teológicas durante alguns séculos, considerando principalmente suas consequências para as convicções doutrinárias dos cristãos.

2.1. Tertuliano (208) foi o primeiro teólogo a usar o termo trindade para explicar a existência das três pessoas divinas, mas negou a igualdade delas ao pensar numa subordinação do Espírito ao Filho e do Filho ao Pai.

2.2. Paulo de Samósata (260) criou a teoria do monarquismo na qual as pessoas tem dignidades diferentes, sendo o Pai mais importante do que o Filho e o Espírito.

2.3. Sabélio (215) queria explicar a trindade pelo modalismo, segundo o qual as três pessoas se expressam de modos diferentes: ora a Divindade é Pai, ora é Filho, ora é Espírito.

2.4. Ário (310) dizia que houve um tempo quando o Filho não existia, sendo então criado na encarnação, para não ferir a unicidade de Deus e negando a eternidade de Jesus Cristo.

2.5. Finalmente dois concílios chegaram a uma posição final: Trento (325) e Calcedônia (381). Após discussões acaloradas dos participantes, esses concílios declararam: “Sem confundir as pessoas e nem confundir a substância, pois são distintas em suas funções, mas iguais em sua natureza e essência, cremos que a divindade é trina, constituída de Pai, Filho e Espírito” (Haglund, Bent. História da Teologia, Editora Concórdia, pg. 67 a 74).

Conclusão

Depois de apreciar esse relato histórico, alguém poderia me perguntar: “Qual a relevância dessa doutrina nos dias atuais?” Vou responder de três maneiras:

  1. Os crentes precisam saber como explicar suas crenças para que não sejam acusados de serem pessoas que creem no que não entendem e de pessoas que acreditam em qualquer heresia.
  2. Os crentes precisam saber como explicar certas idéias que estão na Bíblia e que aparentemente seriam inexplicáveis e contraditórias, confrontando declarações de ateístas e agnósticos.
  3. Os crentes precisam saber como explicar suas crenças para outras pessoas que tem convicções diferentes, a fim de que não sejam enganados e atraídos para grupos, movimentos e igrejas que tem outros ensinos.