II Coríntios 13.14
A TRIUNIDADE DIVINA
Introdução
- Em sua bênção apostólica, ao se despedir dos cristãos da cidade de Corinto, Paulo mostra mais uma vez nas páginas do Novo Testamento a existência de Deus numa trindade.
- O problema é que essa revelação suscita contestação por parte daqueles que, baseados no Velho Testamento, afirmam que há um só Deus. Se admitirmos a existência da Trindade, com base no Novo Testamento, isto nos levaria a adotar a heresia da existência de três deuses.
Desenvolvimento
- Diante desse impasse doutrinário, desde o princípio da História da Teologia, os estudiosos precisaram dar respostas que evitassem a heresia dos três deuses e mantivesse a divindade do Pai, do Filho e do Espírito.
1.1. A primeira resposta a esse impasse foi a descoberta de que mesmo no Velho Testamento Deus é apresentado não no singular, mas sim no plural. Os textos bíblicos de Gênesis 1.26; 3.22; 11.7; Isaías 6.8 é Deus é pluralizado no pronome oculto “nós”.
1.2. A segunda resposta foi o uso da expressão “pessoa” atribuída à Divindade Plural. A Divindade Única existe, portanto, como três pessoas. Para não deixar sombra de dúvida, os teólogos criaram a expressão “Triunidade”: o único Deus existe em três pessoas.
1.3. O conceito de “pessoa” aplicado à Divindade vem dos tempos quando essa palavra significava “aparência”, “máscara”, através da qual o indivíduo falava expressando um determinado papel. Nesse sentido, o indivíduo poderia ser diferentes pessoas, isto é, exercer diferentes papéis sociais. Um mesmo indivíduo se expressava através de pessoas diferentes.
1.4. A base bíblica para atribuição dessa unidade divina em três pessoas foi a palavra de Jesus Cristo quando afirmou: “Eu e o Pai somos um”. Daí se consumou a doutrina da Triunidade Divina: três pessoas em um só Deus.
- Essas respostas não foram dadas sem discussões teológicas durante alguns séculos, considerando principalmente suas consequências para as convicções doutrinárias dos cristãos.
2.1. Tertuliano (208) foi o primeiro teólogo a usar o termo trindade para explicar a existência das três pessoas divinas, mas negou a igualdade delas ao pensar numa subordinação do Espírito ao Filho e do Filho ao Pai.
2.2. Paulo de Samósata (260) criou a teoria do monarquismo na qual as pessoas tem dignidades diferentes, sendo o Pai mais importante do que o Filho e o Espírito.
2.3. Sabélio (215) queria explicar a trindade pelo modalismo, segundo o qual as três pessoas se expressam de modos diferentes: ora a Divindade é Pai, ora é Filho, ora é Espírito.
2.4. Ário (310) dizia que houve um tempo quando o Filho não existia, sendo então criado na encarnação, para não ferir a unicidade de Deus e negando a eternidade de Jesus Cristo.
2.5. Finalmente dois concílios chegaram a uma posição final: Trento (325) e Calcedônia (381). Após discussões acaloradas dos participantes, esses concílios declararam: “Sem confundir as pessoas e nem confundir a substância, pois são distintas em suas funções, mas iguais em sua natureza e essência, cremos que a divindade é trina, constituída de Pai, Filho e Espírito” (Haglund, Bent. História da Teologia, Editora Concórdia, pg. 67 a 74).
Conclusão
Depois de apreciar esse relato histórico, alguém poderia me perguntar: “Qual a relevância dessa doutrina nos dias atuais?” Vou responder de três maneiras:
- Os crentes precisam saber como explicar suas crenças para que não sejam acusados de serem pessoas que creem no que não entendem e de pessoas que acreditam em qualquer heresia.
- Os crentes precisam saber como explicar certas idéias que estão na Bíblia e que aparentemente seriam inexplicáveis e contraditórias, confrontando declarações de ateístas e agnósticos.
- Os crentes precisam saber como explicar suas crenças para outras pessoas que tem convicções diferentes, a fim de que não sejam enganados e atraídos para grupos, movimentos e igrejas que tem outros ensinos.