159. Amor Mútuo

I João 4.10-12

O AMOR MÚTUO

Introdução

  1. Em relação ao amor, existem pessoas que tem esse sentimento espontaneamente, não se importando se é ou não correspondida. Também existem pessoas que não conseguem expressar amor a quem quer que seja, mesmo que percebam ser objeto do amor de alguém. Embora essas duas situações sejam muito comuns entre os seres humanos, a proposta do apóstolo João é a de que o amor seja mútuo, recíproco, correspondente no relacionamento entre os cristãos, considerando o amor que Deus nos revelou. Ele escreveu: “Visto que Deus assim nos amou, nós também devemos amar-nos uns aos outros”.
  2. Esta proposta de João foi além do ensino dado através de Moisés, quando recebeu as leis das mãos de Deus: “Cada um ame ao seu próximo como a si mesmo” (Levíticos 19.18). Embora o mandamento do amor fosse ensinado, a mutualidade ou a reciprocidade ou a correspondência não estava implícita e a base do amor ao próximo era o amor a si mesmo, independentemente do que a outra pessoa viesse a sentir. O que João apóstolo ensinou foi a partir das palavras de Jesus Cristo. O ensino de João foi mais sublime, pois estabeleceu mutualidade, reciprocidade, correspondência e apresentou como outra base o amor de Jesus: “Como eu vos amei, amai-vos uns aos outros” (João 13.34). Portanto, João apóstolo ensinou o que havia aprendido com Jesus Cristo.

Desenvolvimento

  1. Para que esse tipo de experiência, com essa sublimidade e singularidade, possa ser praticado é preciso que duas pessoas expressem amor uma a outra. Todavia, isto só é possível quando ambas as pessoas experimentam também o amor de Jesus Cristo, porque essa é a base da mutualidade ou reciprocidade ou correspondência. Se ambas as pessoas não experimentarem o amor de Deus em seus respectivos corações, apenas uma delas estará amando ou nenhuma das duas conseguirá amar, mesmo que Deus tenha dado o mandamento do amor através de Moisés. Por isso, a carta de João foi escrita a cristãos e tem como base o terem experimentado o amor de Deus: “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. Amados, visto que Deus assim nos amou, nós também devemos amar-nos uns aos outros”.
  2. Fortalecendo o seu ensino, o apóstolo João lançou mão de um argumento que os cristãos não poderiam revidar. Ele mencionou a invisibilidade de Deus e linhas depois explicou. Ele escreveu: “Ninguém jamais viu a Deus”. E prosseguiu linhas após em seu argumento: “Se alguém afirmar: "Eu amo a Deus", mas odiar seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ele nos deu este mandamento: Quem ama a Deus, ame também seu irmão”. Seu argumento tinha o objetivo de persuadir os cristãos a amarem uns aos outros tanto quanto diziam que amavam a Deus.

Conclusão

Ao escrever sua segunda carta, o apóstolo João tratou de assuntos doutrinários, mas voltou a enfatizar a importância dos cristãos amarem uns aos outros: “E agora, senhora, rogo-te, não como te escrevendo um novo mandamento, mas aquele que desde o princípio tivemos: que nos amemos uns aos outros” (5). Ao endereçar essa carta, usou a expressão “Κυρία” (Kyría), que alguns estudiosos interpretam figuradamente como “uma igreja e seus membros”. Todavia, o significado literal da palavra realmente é “senhora adulta”. Também a palavra “τέκνον” (téknon) traduzida por “filhos” queria realmente dizer criança, menino. Em outras palavras, acreditamos que a carta realmente foi escrita a uma senhora e, como ele mencionou “amor mutuo”, entendemos que essa senhora e sua família estavam tendo dificuldades em expressar amor ao apóstolo João, como líder da igreja. O mandamento, portanto, é para os cristãos amarem uns aos outros, assim como também amarem seus líderes e vice-versa, considerando o amor de Jesus por nós.