80. O Convite é Para Crer

Mateus 11.6; João 1.12

Introdução

  1. Há algum tempo li a poesia de um professor mineiro Marcos S. Souza, que desejava “sentir” a presença de Deus. Ele escreveu ao final da mesma:

“Diga-me, Deus consciente, onipotente,

Por que não o vejo? Por que não o sinto?”

  1. Ocorre, todavia, que ao longo da Bíblia, o convite feito é para “crer” em Deus. Abraão, considerado o Pai da Fé, ganhou esse título e se tornou modelo porque acreditou (Romanos 4.3; Gálatas 3.6; Tiago 2.23).

Desenvolvimento

  1. Se alguém diz que crê, mas não sente a presença de Deus, precisamos esclarecer que essa pessoa demonstra ser “sentimental”. É como cantava alguém no passado distante: “Sentimental eu sou, eu sou8 demais”. Estas sentem também a beleza das flores, a brisa do amanhecer, o perfume das rosas, o toque das mãos, os acordes da música, o paladar dos pratos refinados

1.1. Isto significa que outras pessoas não podem ser assim identificadas porque são “racionais”. Isto é, pessoas cujo estilo de vida se caracteriza pela racionalidade, colocando toda a experiência à luz da razão.

1.2. Ainda existem os que não são nem sentimentais e nem racionais, porém são “morais”. Isto é, são pessoas cuja predominância é interpretar tudo à luz da moralidade, da ética, das leis e das regras.

1.3. Também há os “místicos”, cuja peculiaridade é interpretar os fatos à luz de visões, simbolismos e mistérios.

1.4. Finalmente ainda existem aqueles cujo perfil se caracteriza pelo materialismo. São pessoas que entendem tudo como matéria, fato concreto, realidade tangível, situação analisável.

  1. Aplicando estas realidades à experiência, significa que nem todos vão sentir Deus. Os intelectuais vão se relacionar com mediante o entendimento, admirando sua inteligência e sabedoria. Os morais vão se relacionar com Deus através das suas leis e mandamentos, procurando coloca-las em prática. Os místicos vão ter comunhão com Deus através de visões, transes, arrebatamentos, êxtases. Os materialistas perceberão a presença de Deus em toda criação, respeitando profundamente a natureza e admirando a obra de suas mãos.
  2. Por isso, todos os tipos de personalidades são convidados a crer, sem que um tipo de perfil seja o único válido. O valor da experiência com Deus não esta na experiência de sentir ou de qualquer outra da personalidade, mas no ato de crer.

3.1. Em outras palavras: uma pessoa que tem um tipo de personalidade não deve querer que o ocorrido com ela seja repetido por outra pessoa, sugerindo até mesmo imitação, cópia, repetição. Cada um deve valorizar o seu tipo de experiência com Deus e não a experiência do outro. Também não deve valorizar a sua própria experiência em detrimento do outro.

3.2. Lendo biografias de pessoas que se tornaram crentes, vocês notarão que algumas enfatizam o fato de terem deixado seus vícios, pecados e erros, procurando ter uma vida moralmente perfeita, sempre salientando os mandamentos. Notarão que outras entenderam a obra de Deus analisando e persuadindo de modo intelectual, à luz da razão. Ainda perceberão que outras derramaram lágrimas aos cântaros ou deram saltos de alegria, influenciando todos com suas emoções. Verão que outros lidaram com as obras da natureza com muito apreço, pois entendem ser obra das mãos de Deus. Verificarão que houve os que mostraram seu relacionamento com Deus através das obras sociais e de caridade em favor dos necessitados. Constatarão que há os que não foram compreendidos porque estiveram na presença de Deus em estados de arrebatamento, vendo anjos e ouvindo música celestial.

Conclusão

A Bíblia, portanto, ensina que todos os indivíduos são convidados a crer. Sejam os místicos ou os moralistas ou os materialistas ou os sentimentais ou os racionais – todos são chamados a acreditar em Deus, acreditando também em Jesus Cristo. A Bíblia é clara em afirmar que “sem fé é impossível agradar a Deus”.

Não se pode padronizar a experiência com Deus tendo como base um tipo de perfil psicológico. O padrão é o ato de crer!