I Coríntios 15.3-8
A EXISTÊNCIA DO JESUS HISTÓRICO
Introdução
- Claude Lévi-Strauss foi um judeu do século XX que, em um dos seus livros, afirmou ser o Jesus Cristo dos evangelhos um personagem mítico. Admitiu, no máximo, que tenha existido um indivíduo naquele lugar e naquela época, com esse nome, mas tudo o que foi escrito sobre ele nos evangelhos seria imaginação de um movimento religioso que clamava por um messias.
- Tentando resolver o impasse criado, o teólogo liberal Rudolf Bultman tomou para si a tarefa de extrair do Novo Testamento tudo o que seria mitológico, resultado da imaginação da Igreja, influenciada pelos conceitos religiosos existentes naqueles dias. Ensinou que a linguagem mitológica válida para aquela época era ofensiva à intelectualidade contemporânea. Esse movimento ganhou fundamento quando se descobriram manuscritos cujo conteúdo girava em torno de Jesus Cristo, mas eram apócrifos. Argumentou que se é plausível rejeitar essa literatura, porque não duvidar do que haveria de mitológico no Novo Testamento.
Desenvolvimento
- Paulo apóstolo em nenhum momento duvidou da existência histórica de Jesus Cristo, assim como dos seus ensinos e milagres, de sua morte, ressurreição e ascensão, conforme consta dos quatro evangelhos, principalmente a partir de sua experiência pessoal de conversão. Todavia, em nossos dias, precisamos ir mais além, recorrendo ao testemunho da formação do cânon do Novo Testamento, como nossa resposta racional.
- Nossa resposta racional está no fato de que exatamente para definir que os evangelhos são inspirados, históricos e verdadeiros, a igreja estabeleceu o cânon. Os livros apócrifos não fizeram parte do cânon porque exageravam em suas fantasias quando autores escreveram que “Jesus desceu do colo de sua mãe e enfrentou dragões, que depois o adoraras”, “Jesus sentado no colo de sua mãe determinou que uma palmeira se curvasse para refrescar sua mãe”, “Jesus fez nascer uma fonte de água no Egito”, “Jesus fez pardais de barro, bateu palmas e mandou que voassem”, “Jesus foi empurrado por um garoto, a quem também empurrou, gerando sua morte na mesma hora”, “Jesus era casado com Maria Madalena”. “Jesus era casado e teve dois filhos”.
- Por isso, o processo de aceitação dos livros canônicos foi gradativamente aceito pelas igrejas, até que no século IV finalmente ficou estabelecido. No Concílio de Hipona, antiga cidade da Alemanha, em 393, e no Concílio de Cartago, antiga cidade ao norte da África, em 397, o Novo Testamento foi estabelecido como temos hoje. Sua autenticidade e veracidade foram atestadas.
- Consequentemente, como resposta ao ateísmo e à teologia liberal que levantaram dúvidas a respeito da historicidade de Jesus Cristo, respondemos com as pesquisas fora do Novo Testamento, comprovando sua existência histórica e real como é nele apresentado.
4.1. Tácito, historiador de Roma, que odiava os cristãos e não teria interesse em informar um fato irreal, em 115, escreveu conforme Anais XV.44: “Nero culpou e infringiu as mais estranhas torturas à uma classe de gente que o aborrecia por suas abominações, chamados cristãos pelo povo. Cristo, de onde se originou dito qualificativo, sofreu a pena extrema (crucificação) durante o reinado de Tibério, nas mãos de um dos nossos procuradores, Pôncio Pilatos e, assim, uma persistente superstição, freada por um momento, novamente se proliferou, não somente na Judéia, o primeiro lugar de origem do mal, senão ainda em Roma”.
4.2. Plínio Secondus, conhecido como Plinio Jovem, como pagão não teria interesse em divulgar a fé cristã, todavia em 110, conforme Epístola I, 96, como Governador da Bitínia, deixou escrito: “Congregam-se em um dia fixado, antes do amanhecer e cantam juntos um hino a Cristo, seu deus, a quem se obrigam, eles mesmos por meio de um juramento a não cometerem nada de mal, nem mentirem, roubar ou adulterar, falsificar seu trabalho ou repudiar a confiança posta neles”.
4.3. Flávio Josefo (38-95), historiador judeu, na sua obra Antiguidades, conforme livro XVIII, capítulo III, secção III, registrou: “Por aquele tempo existiu um homem sábio, chamado Jesus... que realizou grandes milagres e foi mestre daqueles homens que aceitavam com prazer a verdade. Atraiu muitos judeus e muitos gentios. Era o Cristo. Delatado pelos príncipes dos judeus, Pilatos o condenou à crucificação”.
- O movimento para comprovar a existência de Jesus na história e real ganhou reforço nas pesquisas e descobertas arqueológicas feitas nas últimas décadas. A descoberta da “Casa Queimada”, a “Sinagoga de Jerusalém”, a “Casa de Pedro”, o “Paetrorium em Jerusalém”, os “Ossos de Jehohanan” e os “Restos da Muralha Herodiana” têm trazido à tona lugares e fatos que foram registrados pelos evangelhos, comprovando assim a veracidade dos registros e da existência de Jesus Cristo conforme é apresentado.
Conclusão
À semelhança do apóstolo Paulo e dos primeiros cristãos, nossa fé em Jesus Cristo é resultado de uma experiência espiritual com Ele, lembrando que eles creram sem ter nenhum texto em mãos. Creram pela pregação, isto é, pelo que ouviam através da comunicação oral. Os textos que tinham em mãos eram do Velho Testamento. A relação pessoal estabelecida com Jesus Cristo pela fé foi à base do que passaram a experimentar. Em nossos dias, depois de todas as pesquisas e descobertas sobre a autenticidade do Novo Testamento e da historicidade de Jesus Cristo, nossa experiência cristã é muito mais fundamentada, razão por que devemos ter uma fé ainda maior.