72. Inclusão de Deficientes na Igreja

Lucas 14.12-14; 16-23

INCLUSÃO DE DEFICIENTES NA IGREJA

Introdução

  1. Eu sei que, esta recomendação dada por Jesus Cristo à pessoa que o recebeu em sua casa para um banquete, tinha o objetivo de sensibilizar os que estavam presentes, para que incluíssem em suas ações sociais os marginalizados pela sociedade, principalmente se queriam receber recompensas celestiais. Essa recomendação foi repetida na parábola que contou em seguida, novamente mencionando esses marginalizados pela sociedade.
  2. Também sei que a maioria das vezes quando esse episódio foi objeto de pregações ou palestras posteriormente, a referência a esses marginalizados pela sociedade foi aplicada evangelisticamente. Os pregadores e palestrantes viam nesses marginalizados pela sociedade uma figura de linguagem, para simbolizar os pecadores perdidos que deveriam ser chamados para a salvação eterna, tendo a oportunidade de entrar na casa de Deus mediante o arrependimento dos pecados e da fé em Jesus Cristo.
  3. Ocorre, todavia, que os pobres, aleijados, mancos e cegos referidos na recomendação e na parábola eram literalmente os que hoje conhecemos como deficientes. Embora antigamente fossem esses os termos usados, eles de fato existiam também naquela época e a interpretação deve ser literal, entendendo que Jesus Cristo estava realmente falando de deficientes que deveriam ser incluídos no Reino de Deus a partir da igreja local.

Desenvolvimento

  1. Não sei quantos eram os deficientes existentes naquela época e naquele país, mas em nossos dias, as últimas estatísticas informam que eles são mais de 45 milhões de pessoas, cerca de 24% da população. São considerados deficientes aqueles que têm impedimentos de natureza física, mental, sensorial (https://bvsms.saude.gov.br/11-10-dia-da-pessoa-com-deficiencia-fisica/#:~:text=S%C3%A3o%20consideradas%20pessoas%20com%20defici%C3%AAncia,condi%C3%A7%C3%B5es%20com%20as%20demais%20pessoas).
  2. Se Jesus Cristo ensinou que os deficientes deveriam ser incluídos no Reino de Deus através da igreja local, porque a maioria das igrejas não os tem presentes maciçamente nos cultos e nem arrolados nas listas de membros?

2.1. Poderíamos responder dizendo que nem todos eles também querem ser crentes, à semelhança das demais pessoas que fazem outras opções religiosas ou até mesmo optam pelo ateísmo.

2.2. Também poderíamos responder dizendo que eles não eram vistos pelas igrejas, para serem incluídos na evangelização, considerando que os mencionados na parábola seriam apenas figura de linguagem para descrever todos os pecadores perdidos, que precisassem e quisessem ter a salvação eterna.  

2.3. Outra resposta seria a de que os deficientes foram chamados por igrejas sim, mas apenas no objetivo de serem objetos de cura, num esforço para repetir os milagres de Jesus Cristo em nossos dias. Aliás, não faltaram cultos de cura realizados por pastores e padres em templos, ginásios de esportes, estádios de futebol. Se fossem curados, eram incluídos e davam seus testemunhos. Se não fossem curados voltavam para casa, decepcionados com Deus.

2.4. A verdade, porém, é que as igrejas, em sua maioria, não deram atenção aos deficientes, ao longo dos tempos, seja porque não conseguia curá-los, seja porque não estavam preparadas para lidar com eles, seja porque eles requerem cuidados específicos.

  1. Ainda bem que, mais recentemente, algumas igrejas passaram a incluir os deficientes em seus projetos de evangelização, principalmente por causa da influência das novas leis no país e por causa da iniciativa de deficientes que se converteram e passaram a liderar esse movimento. O que começou timidamente com a presença de um intérprete de libras no ato do culto, hoje tem sido cada vez mais abrangente. Um das igrejas que tem se tornado modelo nessa área de atuação, alcançando vários tipos de deficientes é a PIB de Curitiba, Paraná.

Conclusão

A inclusão de deficientes nas igrejas locais é uma atitude que reflete obediência ao ensino de Jesus Cristo, aceitando a limitação de que podem não ser curados milagrosamente, para serem vitrinas de poder espiritual, mas podem ser alvos do amor de Deus e das pessoas, sendo vistos como pessoas que também precisam ser evangelizadas. Mesmo que nao sejam curadas!