145. O Destino da Alma

Eclesiastes 3.19-21

O DESTINO DA ALMA

Introdução

  1. Longe de mim negar as conclusões a que a Biologia tem chegado quanto a semelhanças entre homens e animais, em vários aspectos. Realmente, os biólogos estão certos quando dizem que em certos característicos somos iguais, razão porque estamos classificados no mesmo reino e os filósofos dizem há séculos que somos animais racionais.
  2. Todavia, o que desejo responder é a perguntas que foi formulada pelo autor sagrado do livro de Eclesiastes quando indagou sobre quem sabe se na hora da morte os homens e os animais tem destinos diferentes. Quem sabe sobre quando morrem, os dois vão para lugares distintos.

Desenvolvimento

  1. Com base neste texto bíblico e outros paralelos, alguns religiosos afirmam doutrinariamente que os seres humanos não tem nenhuma alma a ser salva após a morte. Concluem que tanto os animais quanto os seres humanos vão apenas para a sepultura e desaparecem.
  2. A primeira argumentação está baseada no fato de que ambos foram feitos do pó da terra e ao pó voltarão. Em outras palavras: sendo apenas corpo, este uma vez sepultado se desfaz no pó da terra.
  3. Segundo argumento está na palavra “fôlego” ou “alma”, segundo o qual os animais também o têm. Neste caso, tanto o corpo quanto a alma dos seres humanos e dos animais seriam desfeitos na sepultura a partir da morte.
  4. Concordo que os dois são organismos vivos existindo num corpo e que ambos têm “fôlego” ou “alma”, conforme texto básico em Gênesis 2.7: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente”. Em última análise: os seres humanos e os animais tem corpo e alma e que ambos desaparecem após a morte, na sepultura.
  5. Ocorre, todavia, que a constituição do ser humano inclui o espírito, além do corpo e da alma. Em termos de doutrina, o ser humano é tricotomista. Ainda que seja uma unidade, tem três partes distintas: corpo alma e espírito (I Tessalonicense 5.23; Hebreus 4.12). O corpo é o organismo material. A alma é a sede das emoções e instintos. O espirito é a parte dos pensamentos, sentimentos, pensamentos, consciência, vontade e que responde a Deus, que também ê Espirito. Mesmo os dicotomistas quando afirmam que só existe duas partes, uma sendo material e outra imaterial, consideram alma igual a espírito, sendo este imaterial e eterno.

3.1. O próprio autor de Eclesiastes, ao final do livro, afirma a existência do espírito que após a morte pode ir para Deus (Eclesiastes 12.7). O Salmista, ainda no Velho Testamento, em sua oração diz: “Nas tuas mãos encomendo o meu espírito; tu me redimiste, Senhor Deus da verdade” (Salmo 31.5).

3.2. No Novo Testamento esta revelação ganha confirmação e mais detalhes, segundo a crença estabelecida. Por exemplo: Jesus Cristo, quando está na cruz, instantes antes de morrer, diz: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto, expirou” (Lucas 23.46). Estevão, quando estava às portas da morte por apedrejamento, em sua oração de despedida, diz: “Senhor Jesus, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Atos 7.59).

  1. O apóstolo Paulo, em sua crença e doutrina, escreve aos filipenses sobre o assunto vida e morte, ensinando: “Tendo desejo de partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor” (Filipenses 1.23). Em sua crença e doutrinando as igrejas do Novo Testamento, o apóstolo Paulo ensinou que após a morte nosso espírito se separa do corpo e da alma, podendo ter como destino eterno a presença de Deus ou o encontro com Jesus Cristo.
  2. A interpretação teológica de alguns Pais da Igreja prosseguiu com esse entendimento de que o ser humano é constituído de três partes: corpo, alma a espírito. Assim ensinaram Clemente de Alexandria, Orígenes e Gregório de Nissa. Porque tem ou é um espírito, este tem como destino a eternidade, seja para condenação ao inferno, seja para salvação no paraíso.

Conclusão

Ainda que o autor do livro do Apocalipse tivesse razão em ensinar que a alma e corpo dos seres humanos tem como destino apenas o pó da terra, à semelhança dos animais, ele mesmo reconhece ao final do livro a existência também do espírito que pode ir para Deus. Também assim pensavam e criam o salmista Davi, Estevão, Paulo apóstolo e Jesus Cristo. É assim que nós também pensamos e cremos: na hora da morte o espírito do crente vai para o céu, desfrutando da salvação eterna , diferentemente dos animais e dos ímpios.