Marcos 3.31-35
Introdução
- No primeiro momento desta meditação, à semelhança do que faz o evangelista Marcos, ao nos referir à família de Jesus, estamos realmente pensando em José, Maria – seus pais - e Tiago, José, Simeão e Judas - seus irmãos e a suas duas irmãs - cujos nomes não foram mencionados.
1.1. Marcos diz que foi essa família que procurou Jesus quando ele estava reunido com seus discípulos. Mais adiante, em seu relato, Marcos identifica essa família de Jesus “Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, José, Judas e Simão? Não estão aqui conosco as suas irmãs? (Marcos 6:3)
1.2. Mateus também fornece a mesma informação: “Não é este o filho do carpinteiro? e não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, e José, e Simão, e Judas? E não estão entre nós todas as suas irmãs” (Mateus 13:55,56).
- Pensando apenas nessa família, poderíamos fazer uma pesquisa sobre como era o relacionamento de Jesus com seus familiares, afim de que tivéssemos um modelo a ser seguido por nós. Afinal, já mostramos o quanto para nós a família é importante através do mês de maio e da semana de oração familiar, através dos congressos, conferências e eventos como almoço de confraternização, encontro de casais, renovação de votos matrimoniais, realizados em várias igrejas de várias denominações.
Desenvolvimento
- Ocorre, todavia, que no segundo momento desta reflexão, não podemos ignorar a reação e a resposta de Jesus quando disseram a ele que a sua família constituída por seus pais, irmãs e irmãos estavam querendo falar com ele. Ele olhou para seus discípulos, isto é, para aquela igreja que estava começando a nascer e acrescentou: “Eis aqui meu pai, minha mãe, meus irmãos, porque qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.
- Em outras palavras, o que Jesus passou a nos revelar é que, por mais que a família consanguínea seja importante, também é importante a família espiritual.
2.1. Jesus mesmo acentuou a importância desses laços espirituais na família de Deus, quando também disse sobre pessoas que deixam de ter laços familiares consanguíneos e vem para a igreja: “Na verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou pais, ou irmãos, ou mulher, ou filhos, pelo reino de Deus, que não haja de receber muito mais neste mundo, e na idade vindoura a vida eterna” (Lucas 18:29,30).
2.2. Muitas vezes, a família espiritual é alternativa para pessoas cujos laços familiares se tornam tensos quando as pessoas se convertem e seus familiares se tornam seus adversários, conforme Jesus mesmo predisse: “O pai estará dividido contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra sua nora, e a nora contra sua sogra” (Lucas 12.53).
2.3. Isto está sujeito a acontecer quando os familiares de um crente, por mais que ele valorize sua família, se tornam opositores, contrários. Nessas ocasiões, Jesus disse: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim; e quem não toma a sua cruz e vem após mim não é digno de mim” (Mateus 10.37).
2.4. Para pessoas que deixam de agir como Jesus que salientou a importância da família espiritual e ficam presas aos familiares, principalmente aos cônjuges, Paulo perguntou: “Quem te disse, o marido, que salvarás tua esposa? Quem te disse, ó esposa, que salvarás teu marido” (I Coríntios 7.16).
2.5. A família espiritual alternativa é constituída por nós que nos tornamos irmãos e irmãs em Cristo Jesus, pois é assim que nas cartas apóstolos somos tratados: “Irmãos, estas coisas vos escrevemos para que...”, “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor”, “Resta, irmãos meus, que vos regozijeis no Senhor” e assim por diante.
2.2. A família espiritual foi mencionada por Paulo em sua carta aos efésios: “Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus” e “Por causa disto me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, do qual toda a família nos céus e na terra toma o nome” (Efésios 2.19; 3:14,15)
Conclusão
- Por mais que valorizemos nossa família constituída por pai, mãe, irmãos, tios, primos, avos, netos – e nós valorizamos - também precisamos valorizar nossa família espiritual, a família de Deus, que é a igreja.
- Aliás, por isso mesmo, por causa do projeto de Deus para suprir as necessidades afetivas das pessoas, cada vez mais precisamos viver em amor na igreja, perdoando uns aos outros, aceitando uns aos outros, sendo suporte uns dos outros, confortando uns aos outros, socorrendo uns aos outros... Afinal, sendo da igreja nos tornamos da família de Jesus.