211. Agir Por Revelações

Gálatas 2.2

AGIR POR REVELAÇÕES

Introdução

  1. As pessoas podem agir nas várias situações da vida tendo como base diversos critérios. Do ponto de vista racional, as pessoas podem agir levando em consideração os prós e os contra que puderem analisar. As pessoas também podem agir levando em consideração sua intuição, que, em outras palavras, significa experimentar um certo sentimento quando estão para tomar uma decisão. Ainda é possível agir de acordo com orientações previamente estabelecidas, que é o ato de obedecer aos manuais, códigos, regulamentos e prontuários.
  2. Explicando aos membros da igreja na Galácia qual foi a base de sua decisão para ir a Jerusalém, acompanhado por Barnabé e Tito, a fim de dar satisfação sobre que tipo de evangelho estava pregando aos gentios, o apóstolo Paulo informou que o fez tendo como base uma revelação recebida. Escrevendo aos efésios, Paulo fazia oração para que eles também recebessem espírito de revelação (Efésios 1.17). Escrevendo aos coríntios, na sua relação dos dons persentes no ato do culto, Paulo menciona o da revelação (I Coríntios 14.26).

Desenvolvimento

  1. Em todos esses textos, a palavra revelação é tradução da palavra original “apokálypsis”, que significa o ato de tornar descoberto, exposto, aparecer, manifestar. Embora seja a mesma palavra usada pelo apóstolo João para descrever as cenas que Jesus Cristo lhe mostrou na ilha de Patmos e que deu origem ao último livro da Bíblia com esse mesmo nome, o apóstolo Paulo está falando de uma experiência sobrenatural quando Deus se comunica com os crentes para lhes dar orientações de acordo com suas necessidades, responsabilidades, situações e decisões.
  2. Também é uma experiência diferente da doutrina teológica da revelação, que trata da maneira como as Bíblia foi formada. Além da revelação natural que é a doutrina segundo a qual Deus se revela através da natureza e da consciência, Deus se revelou aos profetas e através de Jesus Cristo. Esta revelação especial deu origem à formação da Bíblia, constituída de Velho e Novo Testamento. No caso da revelação mencionada pelo apóstolo Paulo, ele está se referindo a ter recebido de Deus uma orientação pessoal e específica para subir à cidade de Jerusalém e explicar aos apóstolos que lá estavam sua pregação feita aos gentios.
  3. Escrevendo aos coríntios, o apóstolo Paulo faz uma exposição mais clara sobre esse fenômeno sobrenatural. Ele escreveu: “como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus nos revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus” (I Coríntios 2.9,10). Podemos assim, definir como a atitude do Espírito de Deus comunicar algo sobre alguém ou sobre alguma coisa que está acontecendo ou vai acontecer”.
  4. Com base nesse tipo de experiência, algumas igrejas cristãs da atualidade incluíram, entre suas doutrinas a serem praticadas, exatamente a revelação pessoal e específica sobre acontecimentos, situações, orientações e decisões.

3.1. Se quisermos considerar que seria uma doutrina cuja base está nessa experiência vivenciada e mencionada pelo apóstolo Paulo, não poderíamos apresentar obstáculos e oferecer resistência, classificando como heresia.

3.2. O problema é que algumas igrejas estão fazendo uso dessa experiência do apóstolo Paulo para legitimar outros tipos de experiências que não passam de deduções lógicas ou percepções intuitivas ou observações do senso comum, experiências meramente humanas. Pior ainda: alguns crentes estão lançando mãos de imaginações e sonhos comuns para categorizá-los como revelação divina. Estão fazendo isto, tanto para usarem como base para si mesmos quanto para usarem como base para orientarem outras pessoas.

Conclusão

Considerando a sutileza dessa experiência, o principal elemento diferenciador do que o apóstolo Paulo estava descrevendo e do que certos crentes e igrejas estão fazendo é estar em comunhão com Deus para que a revelação seja individual e pessoal, revelação dada ao próprio crente para que ele saiba o que fazer e como agir. A comunhão com Deus através da oração e da leitura da Bíblia será o elemento aferidor para saber se é ou não uma experiência concedida por Deus. A oração dará sabedoria e a Bíblia não será contrariada.