179. Os Responsáveis Pela Morte de Jesus

Atos 3.13-15

OS RESPONSÁVEIS PELA MORTE DE JESUS

Introdução

  1. Quando o filme de “A Paixão de Cristo”, do diretor Mel Gibson, foi lançado há algum tempo, além do seu efeito fortemente emocional nos telespectadores, também foi estabelecida uma controvérsia, porque o filme teria responsabilizado os judeus pela morte de Jesus na cruz do Calvário. Várias autoridades católicas, evangélicas e judaicas foram chamadas a se pronunciar. Num documentário que eu mesmo assisti no canal de TV Discovery, também foi feita a pergunta sobre quem teria sido responsável pela morte de Jesus? Teria sido Judas Iscariotes? Teria sido os judeus? Teria sido os romanos? O Documentário termina sem dar a resposta.
  2. O apóstolo Pedro, que acompanhou todos os eventos, foi muito incisivo em sua pregação, dizendo que o povo, depois de escolher um homicida, negou e matou a Jesus Cristo. Esse povo a quem ele fala sobre a morte de Jesus, em sua invocação, ele chama de “homens israelitas”. Estava, portanto, declarando que os judeus, em seu modo de entender, foram os responsáveis.

Desenvolvimento

  1. Passados os anos e os séculos, dissipada a reação emocional diante do que ocorreu e lendo tudo o mais que se escreveu depois, nos evangelhos e nas cartas apostólicas, podemos chegar a algumas conclusões mais fiéis e isentas de injustiças.

1.1. Inegavelmente o povo judeu foi participante do que aconteceu. Afinal de contas, Jesus Cristo pertencia a esse povo, que vivia em Israel naquela época, assim como seus apóstolos e discípulos. Se tudo foi intensamente vivenciado nesse ambiente e, tanto as autoridades judaicas quanto o povo estavam presentes em todos os acontecimentos, eles foram participantes, o que explica a palavra do apóstolo Pedro.

1.2. Não podemos também evitar a participação de Judas Iscariotes. Depois de ficar decepcionado com Jesus por não o ver liderar uma revolta contra os romanos, depois de ter sido criticado, por não ter concordado com o derramamento do unguento por Maria de Betânia, sobre o corpo de Jesus, Judas foi tomado por Satanás e o traiu por 30 moedas de prata, entregando-o às autoridades judaicas.

1.3. Finalmente, é preciso registrar que nesse mesmo lugar e nesse mesmo ambiente estavam presentes os romanos, inclusive como dominadores e gestores dos acontecimentos. Jesus Cristo foi conduzido à Herodes e depois a Pôncio Pilatos, autoridade romana, que presidiu o julgamento. Os soldados de Pilatos o açoitaram e depois o levaram para crucificação. Sua morte foi supervisionada por um centurião romano. Por tudo isto, também concluímos que os romanos participaram: Mateus 27.27-31.

  1. Ao interpretar os acontecimentos e afirmar que os judeus, os romanos e Judas Iscariotes foram participantes da morte de Jesus Cristo, nós o fazemos pelo fato de que o próprio Jesus Cristo revelou, antecipadamente, que tinha vindo a este mundo para morrer voluntariamente pela humanidade. Ele falou de maneiras diferentes sobre esse propósito: “O Bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. Dou a minha vida pelas ovelhas. Dou a minha vida para tornar a toma-la” (João 10.11,15,17). “Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora; mas para isto vim a esta hora” (João 12.27). “Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer muitas coisas dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia” (Mateus 16.21). “E, tendo ido um pouco mais adiante, prostrou-se em terra; e orou para que, se fosse possível, passasse dele aquela hora. E disse: Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres” (Marcos 14.35,36).

Conclusão

Se realmente quisermos achar algum culpado pela morte de Jesus Cristo, além de olhar para Judas Iscariotes, para os judeus e para os romanos, temos que olhar para nós mesmos. Porque “todos pecaram”, todos nós fomos responsáveis por Jesus ter dado a sua vida na cruz do Calvário, morrendo em nosso lugar. Teologicamente explicando o que aconteceu, o apóstolo Paulo escreveu: “Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Romanos 5.6-8). Anos mais tarde, o mesmo apóstolo Pedro escreveu teologicamente sobre o que ocorreu: “Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus” (I Pedro 3.18). É o que chamamos em Teologia de “morte vicária”, isto é, morte substitutiva: ele morreu em nosso lugar por causa de nossos pecados.

Mais ainda: precisamos reconhecer nossos pecados e receber Jesus Cristo em nosso coração como nosso Salvador e Senhor.