68. Tristeza Pastoral

II Coríntios 2.1

TRISTEZA PASTORAL

Introdução

  1. Dentre os vários assuntos tratados pelo apóstolo Paulo quando escreveu suas cartas à igreja em Corinto, um deles foi a respeito do que ele sentiu num determinando momento na relação que tiveram. O sentimento que experimentou.

1.1. Nesta segunda carta, ele diz que sentiu tristeza e também gerou tristeza entre os membros da igreja. Em vez de alegria, prazer, satisfação, realização, seu coração ficou muito triste com a igreja. A palavra original “λύπη” (lýpê) poderia ser traduzida por tristeza, dor, angústia, aborrecimento, aflição, pesar.

1.2. O sentimento foi tão forte, intenso e profundo, que ele ficava com os olhos banhados de lágrimas e  tomou a decisão de não voltar a ter relacionamento com a igreja enquanto a causa do problema não fosse resolvida e ele voltasse a sentir alegria, prazer, satisfação e realização em seu coração.

  1. Se alguém pensar que este foi um episódio isolado na vida do apóstolo Paulo, especificamente com uma igreja do primeiro século, ainda não tomou conhecimento de que, em nossos dias, a depressão que afeta muitas pessoas em muitas atividades profissionais também está presente na vida de vários pastores. Um artigo publicado na Revista Teológica da Faculdade Batista do Paraná, declarou: “É cada vez mais frequente o número de pessoas atingidas pela depressão. Observa-se que a depressão não é exclusividade de alguém e tem acometido de forma severa pastores e pastoras” (Revista Via Teológica, Volume 21, nº 42, Dezembro/2020). Na atualidade, a tristeza pastoral ainda é maior, chegando a ser diagnostica como depressão. Embora a depressão possa ter várias causas, no caso dos pastores, uma das causas, estaria ligada ao exercício do ministério, ao tipo de relacionamento que estariam tendo com as igrejas.

Desenvolvimento

  1. No caso do apóstolo Paulo, a leitura de todo o texto, pode nos informar o principal motivo: II Coríntios 2.1-7. Pela leitura feita, percebemos que alguém na igreja teria ofendido o apóstolo, que o repreendeu severamente, causando um mal estar em todos. Um comentarista escreveu: “A maioria dos coríntios tinham visto que a conduta desse homem não só tinha ferido a Paulo, mas também tinha injuriado a honra e o bom nome de toda a Igreja de Corinto” (William Barclay). Era preciso haver disciplina, o que ocorreu seguida do perdão. Todavia, o fato havia gerado muita tristeza a todos, principalmente ao pastor da igreja.
  2. Em nossos dias, além desse tipo de motivo que causa tristeza aos pastores, isto é, viver climas de tensões, conflitos, contendas e confrontos pessoais, seja com líderes da igreja, seja com membros que apenas participam dos cultos, várias outros motivos tem sido revelados.

2.1. Um pastor nos Estados Unidos foi vítima do ativismo religioso, que o levou à depressão, sem que  percebesse o que lhe acontecia: “Ele procurava sempre fazer o melhor. Sua vida era acelerada. Foi fundador de mais de cem igrejas. Tinha um prazer enorme em treinar líderes emergentes, assim, tornou-se diretor de um seminário. O mesmo reforça o quanto gostava do que fazia, mas de repente, ele percebeu que a situação estava difícil de ser conduzida” Por mais que fosse admirado e elogiado pela dedicação total, não conseguiu escapar da depressão que o acabou com sua alegria(https://www.fabapar.com.br/blog/ministerio-pastoral-e-os-desafios-da-depressao/).

2.2. Na história Bíblica e na história do Cristianismo, variados exemplos de líderes religiosos que perderam a alegria de viver também foram registrados, dentre os quais: Moisés (Números 11.14-15) e Elias (I Reis 18; 19.4), David Hume, Charles Spurgeon (https://www.fabapar.com.br/blog/ministerio-pastoral-e-os-desafios-da-depressao/).

Conclusão

Ao longo das duas cartas escritas aos coríntios, sabemos que o relacionamento do apóstolo com os membros daquela igreja foi muito difícil. Fizeram-no alvo de julgamento e críticas, levando-o a se promover (I Coríntios 4.3-6; II Coríntios 3.1-4; 11.167-12.11), constrangeram-no quanto ao assunto do sustento financeiro (I Coríntios 9.6-15; II Coríntios 11.7-12) e obrigaram-no a radicalizar na intransigência (II Coríntios 131,2). Difícil não demonstrar tristeza em algum momento, mais cedo ou mais tarde, quando essas coisas acontecem.

Meu desejo, por isso tudo, é que os pastores da atualidade só experimentem alegria, prazer, satisfação e realização pessoal em seus respectivos ministérios, principalmente através da maioria dos membros das igrejas que reconheçam e valorizem o que eles fazem.