53. As Duras Palavras de Jesus

João 6.60,66

Introdução

  1. Houve um episódio na vida de Jesus, quando o apóstolo Pedro o chamou à parte para lhe dar um conselho. Em outras palavras, Pedro achou que Jesus precisava ser ajudado a não falar coisas que seriam muito negativas, pessimistas, fatídicas para seu ministério.
  2. Se Jesus estivesse vivendo em nossos dias, certamente outras pessoas também o chamariam à parte para aconselhá-lo a não dizer palavras tão duras para seus ouvintes.

2.1. Os especialistas em comunicação de nosso tempo diriam mais ou menos assim para Jesus: “Amigo, você precisa melhorar o seu discurso. Se você quer atrair pessoas e mantê-las ao seu lado, suas palavras precisam ser mais agradáveis, mais cativantes, mais envolventes. Por exemplo: você deve usar palavras como sonhos, amor, milagre, realização pessoal, poder... Palavras unidas às emoções são os ingredientes da receita perfeita para o sucesso naquilo que queremos”.

2.2. Mais ainda: “Ao falar, considere as necessidades das pessoas; não mencione exigências, compromissos, mandamentos de Deus. Se você quer motivar as pessoas procure suprir suas necessidades básicas, segurança e proteção, aceitação e valorização, realização própria”.

2.3. Os especialistas em comunicação nos tempos atuais concluiriam dizendo a Jesus: “Amigo, se você continuar dizendo o que você diz, essa multidão toda que você conseguiu reunir vai acabar indo embora... A multidão vai virar as costas e deixar você... Certamente vão buscar outro líder religioso... Você quer as multidões ou quer apenas um grupo de “gatos pingados”?

Desenvolvimento

  1. O que aconteceu quando Jesus terminou essa ministração? As pessoas disseram: “Duro é esse discurso. Quem pode ouvi-lo?” A partir desse momento, “muitos dos seus discípulos tornaram para trás e já não andavam com ele”. As multidões que receberam seus milagres, viram seu poder, maravilhavam-se diante de sua majestade, foram se reduzindo até Jesus ficar com os 12, aos quais inclusive chegou a indagar: “Quereis também retirar-vos?”
  2. Penso que essa experiência deve levar-nos a pensar sobre que tipo de palavras a nossa fé cristã está sendo estruturada.

2.1. Inegavelmente Jesus disse palavras para suprir nossas necessidades. A partir das palavras de Jesus, passamos a nos sentires seguros e protegidos, aceitos e amados, valorizados e realizados.

2.2 Mais ainda: Jesus nos deixou palavras de promessas que nos são extremamente preciosas: sua presença diária, nossa ida para o céu, a vida eterna, seu retorno a este mundo, recompensas pelo que perdermos, conforto e consolação nas tribulações, saúde e cura de enfermidades.

2.3. Jesus incluiu palavras consoladoras para os momentos amargos e difíceis da vida, experiências de dores e sofrimentos, acontecimentos dramáticos e terríveis que demandam alivio e descanso, conforto e paz no coração.

  1. Todavia, se ignorarmos que a vida com Jesus também tem um preço a pagar, mandamentos a obedecer, compromissos a cumprir, humilhações a passar, entrega pessoal a fazer, dízimos e ofertas a entregar, participação fiel nos cultos no templo e nas casas... Se ignorarmos que Jesus também fez exigências, então, mais cedo ou mais tarde nós também deixaremos a igreja e voltaremos para casa ou deixaremos nossa igreja para irmos para outras igrejas até que um dia voltaremos para o mundo com seus pecados e prazeres. Cumprir-se-á em nós o provérbio citado por Pedro: “O cão voltou ao seu próprio vômito e a porca lavada ao espojadouro de lama” (II Pedro 2.22).

Conclusão

  1. Vamos entender e aceitar de uma vez por todas que a vida proposta por Jesus Cristo não tem como fundamento apenas suas palavras que suprem nossas necessidades e nos garantem cumprimento de promessas por ele feitas. A vida proposta por Jesus também compromissos, exigências, mandamentos e até mesmo sofrimentos.
  2. Isto significa que quando nele cremos, estamos incluindo seus ensinos agradáveis e suas duras palavras. Estamos dizendo que não vamos sair de nossa igreja para achar igrejas que só nos falem das bênçãos e vitórias, alegrias elogios, otimismo e confiança, força e poder, correndo o risco de mais tarde chegarmos ao cúmulo ficar decepcionados com as repreensões, advertências, correções, disciplina e desafios e consequentemente deixar o próprio Jesus.
  3. Aliás, eu acredito que sobre nós, por causa de nossa consagração e de nossa fidelidade, a qualquer custo, o que se aplica são as palavras da carta aos hebreus: “Nós não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que creem para conservação da alma” (Hebreus 10.39).