241. Negação Cristã da Divindade

João 6.60,66

NEGAÇÃO CRISTÃ DA DIVINDADE

Introdução

  1. Não há novidade em saber que opositores ateístas e participantes de outras religiões não acreditam na divindade de Jesus Cristo. Algumas dessas pessoas até admitem a existência histórica de um homem chamado Jesus, cuja influência foi inegável para a formação da cultura ocidental. Todavia, não passou de um mero homem, mesmo dotado de virtudes e qualidades que procurou ensinar a seus seguidores. Dizer que era divino, todavia, está fora de cogitação.
  2. A novidade é saber que esse mesmo tipo de pensamento e atitude passou a existir entre pessoas consideradas cristãs, isto é, pessoas que declararam acreditar em Jesus e nos seus ensinos, desde os primeiros séculos até aos dias atuais. Em outras palavras mais diretas: infelizmente existem pessoas que se dizem crentes negando que Jesus era Deus entre nós.

2.1. Só para exemplificar, os primeiros a agirem assim foram os membros de uma seita judaica que se tornaram cristãos a partir do segundo século, conhecidos como ebionitas, reconhecendo que Jesus era o Messias, mas apenas só um homem comum, de elevada retidão e sabedoria incomuns.

2.2. Em nossos dias, as Testemunhas de Jeová declaram acreditar em Jesus Cristo, mas o colocam numa posição de inferioridade em relação ao Pai Celestial, sendo também criado por Deus, o único que deve ser adorado. 

Desenvolvimento

  1. A verdade é que certas declarações feitas por Jesus Cristo não só escandalizaram muitos judeus daquela época, mas também continuam impossíveis de serem aceitas em nossos dias, principalmente suas afirmações a respeito de sua divindade.

2.1. No momento quando esta cena foi vivida, Jesus deixou muitas pessoas perplexas, levando-as então a abandoná-lo, negando sua divindade. Eles ficaram atônitos ao ouvirem Jesus fazer, por exemplo, as seguintes afirmações: “Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu; não é o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre”  (João 6.53-58).

2.2. Assim como continua ocorrendo nos dias atuais, suas palavras tiveram uma interpretação literal, material, carnal. Não conseguiam perceber que, mais uma vez, estava usando linguagem figurada para transmitir ensinos espirituais. FF. Bruce, em seu comentário sobre o texto, escreveu: “A linguagem é vividamente metafórica, denotando a apropriação de Cristo pela fé”. Barclay, em seu comentário, trouxe mais um detalhe importante: “Não é estranho que as palavras de Jesus tenham parecido duras aos discípulos. A palavra grega é “skleros”, que não significa difícil de entender, e sim difícil de aceitar, de tolerar”. Era demais para eles. Além de não perceberem as metáforas, não queriam aceitar ou tolerar o que estavam entendendo de maneira literal, material, carnal.

  1. O que todas essas palavras e figuras de linguagem queriam dizer é que Jesus Cristo estava acentuando quem ele era e que, somente na comunhão com ele, os seres humanos poderiam experimentar a prsença de Deus. Nesse sentido, o apóstolo João escreveu anos mais tarde: “O que vimos e ouvimos isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo” (I João 1.3). Comer a carne beber o sangue é até mesmo mais do que participar da Ceia do Senhor, através do pão partido e do cálice com vinho. É estar conectado com Jesus Cristo, formando com ele uma unidade, através do Espírito Santo. É como escreveu Paulo apóstolo anos depois: “Cristo vive em mim”.

Conclusão

Não basta apenas dizer que acredita em Jesus Cristo de algum modo, como fazem as Testemunhas de Jeová, os Mórmons, a Ciência Cristã, o Espiritismo, a Igreja da Unificação e outros grupos ditos cristãos. É preciso muito mais. É preciso acreditar na divindade de Jesus e estar com ele conectado ou ter com ele comunhão, dizendo também: “Cristo vive em mim”.