Salmo 64.1-3
OUVIR PÁLAVRAS AMARGAS
Introdução
- São várias as razões que podem levar uma pessoa a se dirigir a Deus em orações, súplicas e clamores. Uma dessas razões são as experiências de ouvir palavras amargas, palavras duras, palavras agressivas, palavras injuriosas, palavras mentirosas, palavras desagradáveis, palavras que jamais gostaríamos de ouvir.
- Aliás, o que a Bíblia recomenda quanto ao uso das palavras é que elas sejam doces, agradáveis, graciosas. Assim, por exemplo, recomenda o livro de Provérbios: “A ansiedade no coração deixa o homem abatido, mas uma boa palavra o alegra. O homem se alegra em responder bem, e quão boa é a palavra dita a seu tempo. Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo. As palavras suaves são favos de mel, doces para a alma, e saúde para os ossos” (Provérbios 12.25; 15.23; 16.24; 25.11). A Bíblia diz: “Não falem mal uns dos outros” (Tiago 4.11).
Desenvolvimento
- Infelizmente, no entanto, todos nós estamos sujeitos a ouvir palavras que acabam nos ferindo o coração, machucando a alma, transpassando o espírito. Por isso, foi muito adequada a figura de linguagem do salmista quando ouviu as palavras que lhe diziam e as comparou a flexas e espadas.
1.1. Essas palavras tanto podem ser proferidas gratuitamente, saídas dos lábios e do coração de pessoas que simplesmente querem nos atingir e prejudicar sem nenhuma razão, quanto também podem ser resultado de desentendimentos e conflitos interpessoais, quando as pessoas perdem o controle das suas emoções.
1.2. Quando as palavras ferinas são gratuitas, ficamos a nos perguntar inutilmente por que pessoas são capazes de nos querer mal, inclusive pessoas às quais, algumas vezes, até procuramos ajudar em algum momento. Quando as palavras ferinas são resultado de uma briga pessoal, até podemos compreender e perdoar, porque reconhecemos terem sido ditas num momento de raiva.
1.3. De qualquer modo, conviver com pessoas dos mais variados tipos é uma experiência inevitável, razão por que precisamos admitir que todos somos imperfeitos e sujeitos a essa experiência, seja no ambiente do lar, seja no ambiente profissional, seja no ambiente estudantil, seja no ambiente do trânsito, seja no ambiente das festividades, seja até mesmo na igreja.
- Uma vez acontecendo a experiência de ouvir palavras amargas, palavras duras, palavras agressivas, palavras injuriosas, palavras mentirosas, palavras desagradáveis, palavras que jamais gostaríamos de ouvir, em vez de reagir no mesmo nível, devolvendo o troco na mesma moeda, adotando o slogan de olho por olho e dente por dente, o famoso toma lá dá cá, temos a opção de colocar essas palavras e nossos sentimentos magoados diante de Deus, em orações, súplicas e clamores.
2.1. Foi o que fez o salmista, ao sentir profundamente o que estavam fazendo com ele. Mesmo que estivesse nos dias do Velho Testamento e sugerisse uma resposta de juízo por parte de Deus, o mais importante é que ele colocou diante de Deus o que estava acontecendo.
2.2. Ao também ouvir palavras duras que lhe feriam o coração, inclusive colocadas por escrito em uma carta, o rei Ezequias fez o mesmo. Foi ao templo e em oração, abriu a carta que recebera diante de Deus (II Reis 19.14-19).
2.3. Os apóstolos de Jesus Cristo, quando estavam apenas pregando o evangelho e foram presos, ao ouvirem palavras ameaçadoras que cerceavam a liberdade deles, dirigiram-se a Deus e disseram a Deus o que tinham ouvido (Atos 4.17,18).
Conclusão
Quando Jeremias foi agredido com palavras que o feriam profundamente, ficou sabendo que Deus já estava a par da situação. Deus lhe disse: “Uma flecha mortífera é a língua deles; fala engano; com a sua boca fala cada um de paz com o seu próximo, mas no seu coração arma-lhe ciladas. Porventura por estas coisas não os castigaria? diz o Senhor; ou não se vingaria a minha alma de nação tal como esta?” (Jeremias 9.8,9). Estando nos dias do Velho Testamento, imediatamente Deus garantiu o seu juízo.
Em nosso tempo, quando Jesus Cristo veio não para condenar o mundo, mas para salvar e estamos na época da graça, estejam certos de que Deus confortara seu coração e agirá também de duas outras maneiras. Deus vai desfazer, dissolver, anulas, esvaziar os efeitos dessas palavras ou Deus vai compensar através de outras pessoas que dirão palavras de apreço, de valorização, de agrado, de estímulo, de apoio. Necessário, portanto, é que se coloquem diante de Deus em oração, súplicas e clamores.