“Senhor, eu peço que lhe abras os olhos para que veja” (II Reis 6.17)
Introdução
- Em certo sentido, a expressão “abrir os olhos” significa abrir o entendimento, compreender melhor, ter mais esclarecimentos. Seria uma figura de linguagem adequada a muitas situações na vida e principalmente na dimensão intelectual.
- Ocorre, todavia, que a situação onde essa oração foi feita, pelo relato dos acontecimentos, significa literalmente abrir os olhos na dimensão espiritual para que uma multidão de anjos invisíveis pudesse ser vista.
2.1. Foi feita num momento de guerra entre Israel e Síria, quando Eliseu foi procurado para ser consultado. Essa procura ocorreu através de um grupo de soldados que cercou o lugar onde ele se achava. O ajudante de Eliseu ao acordar naquela manhã foi surpreendido com o cerco dos soldados e ficou apavorado. Vendo seu estado de angustia, Eliseu intercedeu em seu favor para que Deus lhe abrisse os olhos, a fim de que pudesse ver também a multidão de anjos que estava presente no local onde Eliseu acampara.
2.2. Deus atendeu a oração e o ajudante viu que o monte também estava “cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu” (II Reis 6.8-17).
Desenvolvimento
- A Bíblia tem ensinado que Deus criou não apenas as coisas visíveis – tudo o que nossos olhos podem ver. Deus também criou as coisas invisíveis – tudo o que não pode ser visto pela visão humana natural.
1.1. Escrevendo sua carta aos Colossenses, Paulo mencionou essa realidade: “porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele” (Colossenses 1.16).
1.2. O autor da carta aos hebreus registra a experiência de Moisés em ter tomado decisões na vida considerando realidades invisíveis: “Pela fé, deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível” (Hebreus 7.27).
1.3. Estevão, em seu último momento de vida, ao partir para a eternidade, compartilhou a experiência que estava tendo de ver Jesus Cristo: “Mas ele, estando cheio do Espírito Santo e fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus e Jesus, que estava à direita de Deus, e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de Deus” (Atos 7.55,56).
- Uma vez que temos sido suficientemente informados a respeito de uma realidade também invisível que nos cerca, este tipo de experiência não deveria ser motivo de rejeição.
2.1. Basta lembrar, por exemplo, a existência de vírus que só podem ser vistos pelo olho através de potentes microscópios. Também as ondas eletromagnéticas fazem parte desse mundo natural invisível aos olhos. Para encerrar essas comparações ainda existem os átomos, cujas partículas minúsculas são invisíveis.
2.2. Ora, se a própria ciência lida com realidades invisíveis ao olho nu, o ser humano já deveria ter a mente aberta para admitir que semelhante realidade invisível também existe no mundo espiritual, inclusive os anjos, que foram vistos pelo ajudante de Eliseu.
- Infelizmente, quando não somos capazes de enxergar com nossos olhos, então a conclusão imediata é declarar a inexistência dessas realidades, o que tem sido feito mesmo por cientistas e filósofos, cujo posicionamento ateísta impede-os de admitirem a existência de um mundo espiritual invisível.
3.1. Este foi um dos lamentos de Jesus, diante da incredulidade de pessoas: “Tendo olhos, não vedes?” (Marcos 8.18).
3.2. Paulo apóstolo constatou este fato e assim comentou: “Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto, nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus” (II Coríntios 4.3,4).
- Diante da incredulidade, existe a opção de argumentar e debater, mas certamente os resultados não serão os melhores, conforme já demonstram experiências vividas.
4.1. Por isso, a atitude de Eliseu continua sendo a melhor, se você quer pessoas vendo realidades espirituais invisíveis. Eliseu pediu a Deus que abrisse os olhos de seu ajudante, o que Deus fez e ele viu.
4.2. Logo após a sua ressurreição, quando conversava com dois dos seus discípulos e expunha a Bíblia, mesmo entrando com eles na casa e à mesa de refeição, Jesus percebeu que eles não o estavam identificando. A visão de que estavam diante do Salvador e Senhor somente aconteceu quando seus olhos foram abertos: “Abriram-se-lhes então os olhos e o conheceram” (Lucas 24.32).
Conclusão
Se você quer uma razão para ter uma vida de oração, esta é uma delas. Tanto você poderá ter percepções espirituais através da comunhão com Deus, como poderá também interceder em favor de pessoas para que possam ter visão espiritual. O ensino, a pregação, os argumentos são importantes na comunicação do evangelho, mas a oração também é atitude imprescindível para que a cegueira espiritual seja desfeita e pessoas possam acreditar.