104. O Levantar das Mãos

Gênesis 14.22; Salmo 63.4; 141.2; Isaías 1.15; I Timóteo 2.1

Introdução

  1. Por mais que vários estudiosos insistam em afirmar que o ato do culto a Deus é uma atitude profundamente reflexiva, meditativa, contemplativa e predominantemente subjetiva, não faltam aqueles que também acrescentam a relevância das expressões corporais nesses atos do culto a Deus.
  2. Por mais que se diga que o levantar das mãos como uma expressão corporal é uma atitude própria da atualidade e de certos movimentos pentecostais e neopentecostais, os textos bíblicos lidos mostram que esse gesto remonta aos primeiros dias de Abraão, passou pelos dias de Davi, fez-se presente em religiosos na época de Isaías e foi referida pelo apóstolo Paulo, inclusive como recomendação.

Desenvolvimento

  1. Para os cristãos conservadores e ortodoxos essa atitude não é visível como expressão corporal dos adoradores, que primam muito mais em ouvir e meditar sobre os conteúdos expostos nas pregações e ensinos. No ato do louvor musical são muito recatadas as expressões corporais, salientando-se apenas o movimento dos lábios e dos olhos. Essa maneira de adorar foi a prevalecente nos últimos séculos.
  2. Mais recentemente, com o surgimento e crescimento dos shows gospel em espaços públicos e dos cultos pentecostais e neopentecostais em seus templos é que a expressão corporal de levantar as mãos cada vez mais ganhou espaço. Simultaneamente, de modo consciente ou inconsciente, percebeu-se que ao ter essa atitude de levantar as mãos os fiéis se tornaram ainda mais expressivos, participativos, responsivos, envolvidos. Muitos dizem: com expressão corporal e o levantar das mãos a adoração e o louvor se tornam mais dinâmicos e inesquecíveis.
  3. Esses comportamentos seriam evidência de maior espiritualidade ou haveria explicações psiconeurológicas para o fenômeno. O que é inegável na análise do comportamento é que as pessoas se tornam mais estimuladas, direcionadas e até manipuladas por aqueles que estão na liderança dos eventos.

3.1. Uma das explicações neurológicas é que o ato de movimentar o corpo e levantar as mãos aumenta o fluxo sanguíneo no cérebro, aumentando a oxigenação e a liberação de endorfinas que dão sensação de prazer. Neste caso, a explicação não é de uma sensação de prazer espiritual, mas de prazer químico-elétrico.

3.2. Os movimentos corporais, os ritmos musicais e o brilho acentuado de luzes coloridas afetam a consciência, levando pessoas a estados alterados e sujeitas a perda do controle pessoal, submissas ao controle de outrem. Neste caso, a explicação mostra o motivo das pessoas serem então conduzidas por líderes em nome de Deus.

  1. A melhor maneira de entender o levantar das mãos nos textos bíblicos quando fiéis se encontram em ato de culto é que eles estavam numa relação direta com Deus, movidos pelo próprio desejo de adorar e pelos estímulos do Espírito Santo.

4.1. Nos textos bíblicos, não levantaram as mãos porque alguém sugeriu que fizessem em meio a ambientes controlados psicologicamente. Levantaram as mãos porque sentiram esse impulso vindo do coração, independente de quem estava ao seu lado ou de quem esteva na direção da solenidade.

4.2. Levantaram as mãos como ato consciente e intencional, como sua expressão corporal no ato do louvor e da adoração. A consciência é visível na opção de levantar, abaixar, repetir o gesto, não levantar, enfim, fazer se quiser, sem perder o controle de si mesmo.

Conclusão

  1. É necessário tomar cuidado com pessoas que a propósito de nos levar a levantar as mãos querem exercer controle sobre nossas ações. Documentários sobre Hitler, Mao-Se-Tung, Stalin e outros ditadores mostram uma nítida associação entre estar com as mãos levantadas e serem dominadas.
  2. Em seus momentos pessoais de oração ou nos atos públicos de adoração tenha certeza de que está levantando as mãos para ser guiado por Deus através do Espírito Santo e que está fazendo isso por iniciativa consciente, inclusive com a possibilidade de não fazer.