Salmo 137.4
CANTAR EM TODAS AS SITUAÇÕES
Introdução
- Compreendo que, humanamente falando, nem sempre é possível a louvar a Deus através de hinos e cânticos espirituais, principalmente quando as pessoas estão passando por problemas, dificuldades, sofrimentos e perdas.
1.1. Vejam a situação dos israelitas, quando perguntaram: “Como entoaremos o cântico do Senhor em terra estranha?”. Não estavam mais nas casas onde haviam morado durante tantos anos. Não estavam mais na cidade onde tinham seus parentes e haviam criado laços de amizade. Não estavam mais em seu país que tanto amavam e que lhes dava orgulho pátrio. Estavam na Babilônia, numa terra desconhecida! Não estavam ali a passeio e nem a turismo. Ninguém lhes havia dado um pacato de viagem para conhecer uma das 7 maravilhas do mundo antigo: Os Jardins Suspensos da Babilônia. Estavam ali como cativos, prisioneiros, acorrentados, maltratados, sem liberdade, sem roupas, sem alimentos, sem dinheiro. Não estavam num momento de conquistas, sucessos, vitórias, bênçãos. Quando olhavam ao redor, o que experimentavam eram destruição, perdas, vazio.
1.2. Imaginem vocês, em nossos dias, as pessoas que tiveram tudo destruído por chuvas e enchente, uma ou várias vezes, em vários lugares. Imaginem as pessoas que tiverem a casa destruída pelo fogo, queimando todos os seus valores. Imagem as pessoas que tiveram seus familiares destruídos pelas drogas, pela criminalidade, pela prostituição. Imaginem vocês pessoas que perderam emprego, salário, poupanças, nome, reputação, crédito. Também é muito difícil pedir que essas pessoas cantem louvores a Deus, expressando gratidão, confiança e esperança.
- Ocorre, todavia que, sem desrespeitar a dor de quem quer que seja, devemos lembrar que a Bíblia ensina a importância de cantar a Deus, sejam quais forem as situações. Aliás, sempre lembro-me do pastor Rubem Lopes que, comentando essa atitude dos israelitas na Babilônia, disse que, apesar de tudo o que eles estavam vivendo, deveriam ter cantado.
2.1. Deveriam ter cantado e louvado as Deus porque eram crentes. Afinal, se somos crentes apenas quando tudo vai bem, então, alguma coisa em nossa experiência religiosa não foi genuína.
2.2. Deveriam ter cantado porque estando à margem do rio e pendurando as harpas nos salgueiros, deveriam saber que aquelas “plantas herbáceas, do gênero salix, de numerosas espécies, que se cruzam facilmente e que nascem à beira dos rios, foram citadas na Bíblia como símbolo de confiança em Deus e alegria no Senhor”, conforme Levíticos 23.40.
2.3. Deveriam ter cantado porque, não o fazendo, tornaram-se objeto de zombaria dos seus inimigos que lhes diziam: “Cantai-nos um dos cânticos de Sião”. Zombavam como o Diabo zomba hoje, dizendo: “Canta agora, quando você perdeu tudo! Canta agora quando sua casa foi destruída. Canta agora quando sua família foi destruída. Canta agora quando a doença consome seus dias num leito. Canta agora... Você não é crente? Então canta!”.
Desenvolvimento
- Se formos crentes, por que pendurar as harpas nos salgueiros? Por que silenciar o piano? Por que guardar o violão, a guitarra, o contrabaixo, a bateria e o teclado? Por que calar o clarinete, o trompete, a flauta transversa? Por que não cantar hinos e cânticos espirituais? Por que não louvar ao Senhor?
1.1. Eles deram uma explicação. Eles justificaram dizendo: “Como entoaremos o cântico do Senhor em terra estranha? Se eu me esquecer de ti, Ó Jerusalém...”. A cidade de Jerusalém era o grande amor deles. Eram apegados a uma cidade – uma cidade que até hoje continua sendo muito importante, tanto para eles como para os árabes. Eles brigam e se matam por causa de uma cidade. Deus não era o grande amor deles. Deus não era a paixão deles. Não eram apegados a Deus!
1.2. Infelizmente, em nossos dias, Jesus Cristo não se tornou ainda o bem mais importante na vida de muitas pessoas e até na vida de crentes. Jesus Cristo ainda não é a paixão maior de nosso viver. Jesus Cristo ainda não é o centro de nossa existência. Compartilhando uma genuína experiência de conversão a Jesus Cristo, Paulo apóstolo declarou: “O que para mim era ganho, reputei-o perda por Cristo. E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, pelo qual sofri a perda de todas estas coisas e as considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo” (Filipenses 3.7,8).
- Certamente agora vocês poderão entender a razão por que Paulo e Silas cantaram na prisão. Diz o relato bíblico que mesmo presos, chicoteados, sofrendo dores lancinantes, passando frio e fome, experimentando perseguição e perdas, “perto da meia-noite Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus” (Atos 16.25). Cantavam hinos e cânticos na adversidade porque eram verdadeiros crentes em Jesus Cristo.
- Certamente vocês agora podem entender porque o profeta Habacuque é capaz de louvar e de se alegrar em Deus mesmo tendo prejuízos financeiros, problemas pessoais e frustrações existenciais. Ele diz que se alegrava porque tinha uma experiência com Deus (Habacuque 3.17-19). Era uma experiência verdadeira, autêntica, profunda!
- Certamente agora vocês podem entender porque o salmista Davi deixa de ser a pessoa invejosa, frustrada e infeliz do início do salmo 73 – uma pessoa amargurada, murmuradora, para se tornar a pessoa feliz e satisfeita do final do salmo 73. Ele diz: “A quem tenho eu no céu senão a Ti? E na terra não há quem eu deseje além de Ti! A minha carne e o meu coação desfalecem, mas Deus é a fortaleza do meu coração e a minha porção para sempre.” (Salmo 73.25,26).
Conclusão
Comentando este episódio, o Pastor Rubens Lopes escreveu: “Nada de pendurar harpas nos salgueiros: elas existem para tocar, para tocar sempre as canções de Deus. Que nos perdoem aqueles exilados – cantores sem voz e músicos sem instrumentos: eles erraram. Deviam ter cantado”. Sejam quais forem as situações, é para cantar sempre. Cantar com a igreja e com todos os instrumentos, num grande coral. Cantar sozinho, apenas com um violão ou a capela. Cantar com o coração, ouvindo a música apenas na mente. O importante é cantar, mostrando para todos e para o Diabo que Jesus é o bem maior de nossa vida e que nele temos plena confiança!