Mateus 24.14
EVANGELIZAÇÃO MUNDIAL
Introdução
- É inegável o aumento surpreendente da pregação do evangelho em todo o mundo, principalmente nos últimos 50 anos. Nas últimas décadas falava-se no surgimento de mais de mil igrejas por dia, na tradução e distribuição de bíblias e porções bíblicas em mais de cem milhões de cópias, na multiplicação das mensagens através do rádio, televisão e mídias sociais alcançando bilhões de pessoas (Revista Liderança, nº 84, Sepal). As agências missionárias estavam indo cada vez mais longe e chegando a povos desconhecidos, através de milhares de missionários (Livro: Batalha Mundial, pg. 13). Milhares de pessoas estavam se convertendo e sendo batizadas na África, Índia, China, União Soviética (Livro: Avanço Missionário, Cebimi, págs. 13, 15, 23, 29).
- Todo esse esforço de evangelização nos últimos tempos teve como ponto de partida o mandamento de Jesus Cristo para que o evangelho fosse pregado em todo o mundo. Todavia, não se pode negar que a maior motivação foi o otimismo de que seria possível apressar a volta de Jesus Cristo, fazendo o evangelho alcançar todo o mundo. Jesus também havia dito, em seu sermão escatológico, que, quando o evangelho alcançasse todos os povos e nações, ele voltaria: “E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim”.
Desenvolvimento
- Mesmo reconhecendo o esforço que continua sendo feito e a motivação positiva de apressar a volta de Jesus Cristo, é necessário indagar qual é o resultado realista alcançado até o tempo presente.
1.1. O que as estatísticas mostram é que “mais de três bilhões de pessoas ainda não ouviram falar de Jesus, o que representa 42,5% dos oito bilhões da população mundial. São pessoas que estão em grupos difíceis de serem encontrados, grupos dominados por outras religiões e grupos com várias barreiras” (https://www.gospelprime.com.br/mais-de-3-bilhoes-de-pessoas-ainda-nao-ouviram-falar-de-jesus/).
1.2. De acordo com relatórios missionários que apuram os resultados, existe uma estagnação e até uma diminuição do número de cristãos atuais no mundo: “Nos últimos 120 anos, houve muito pouca variação na porcentagem do mundo que é cristã. Em 1900, o cristianismo correspondia a 34,5% da população mundial; em 2020, o número era de 32,3%. Na África e na Ásia e na América do Sul o cristianismo cresceu, mas na Europa e na América do Norte o declínio é inegável” (https://lausanne.org/pt-br/recursos-multimidia-pt-br/agl-pt-br/2021-03-pt-br/o-cristianismo-esta-encolhendo-ou-deslocando-se).
1.3. Os recursos financeiros que hoje existem nas mãos dos crentes são incomparavelmente maiores do que em outros tempos: “A Igreja dispõe de mais de 3.000 vezes os recursos humanos necessários e 9.000 vezes os recursos financeiros necessários para cumprir a Grande Comissão. Os evangélicos poderiam providenciar todos os recursos necessários para plantar uma igreja em todos os povos não alcançados com apenas 0,03% da sua renda. Todavia, por exemplo, o evangélico brasileiro de classe média investe apenas cerca de R$0,30 centavos por mês para alcançar povos não alcançados” (https://luzemacao.com/stats/).
- Michel Green, em seu livro sobre evangelização do primeiro século, escreveu: “Não pode haver dúvidas que a expectativa pelo retorno iminente de Cristo deu ímpeto poderoso à evangelização nos primeiros tempos da igreja” (Evangelização na Igreja Primitiva, pg. 322,323). Também o mesmo sentimento e pensamento podem ser encontrados quando ocorreu o início do Movimento Moderno de Missões, de Guilherme Carey, no século XVIII, que saiu da Inglaterra para Índia. Ainda no final do século XX o otimismo com a possibilidade da volta de Jesus levou o evangelho a crescer como nunca em épocas passadas. Osvald Smith, cuja igreja no Canadá tinha cerca de 500 missionários no mundo, pregava: “Antes de Jesus Cristo regressar à terra a fim de reinar, o seu evangelho terá de ser proclamado a toda tribo, língua e nação” (Livro: O Clamor do Mundo, pg. 52).
Conclusão
Associar a pregação do evangelho apenas à possibilidade de apressar a volta de Jesus Cristo, por mais que se seja uma grande motivação, pode ter efeitos negativos, principalmente porque o tempo pode passar e Jesus não voltar enquanto estamos vivos. Por isso, é necessário continuar pregando o evangelho porque ele assim determinou, para que pessoas de cada geração sejam salvas e, assim, nossos familiares, parentes, vizinhos e amigos recebam o perdão dos pecados, tenham a vida e terna e, quando morrerem, possam ir para o céu também. Se não conseguimos ir além, através do nosso testemunho pessoal, então precisamos ser liberais em nossas contribuições para enviarmos o maior número de missionários e alcançar pessoas de todo o mundo, que hoje ainda estão vivas e precisam também da mesma salvação eterna. É certo que Jesus Cristo vai voltar e que o evangelho será pregado em todo o mundo, porém é ainda mais certo que pessoas de nossa geração vão morrer e precisam ouvir sobre Jesus enquanto estão vivas.