53. Intercessão Matrimonial

Gênesis 25.21

Introdução

  1. De todas as experiências descritas na Bíblia a respeito de intercessão, a que mais ganhou relevância em minhas pesquisas e observações foi a de Isaque, cuja história está registrada no livro de Gênesis, a partir do capítulo 24.
  2. Naquela época, como também ocorria até certo tempo atrás, os casamentos não tinham como elemento determinante a escolha feita pelos jovens, tendo como base o amor. Dentro do padrão estabelecido e que durou até recentemente, o início de relacionamento entre Isaque e Rebeca foi resultado de interesses de seus pais, tendo como base o conhecimento existente entre famílias.
  3. Ocorre, todavia, que diferentemente do que acontecia naquela ocasião, mesmo seus pais promovendo a possibilidade do casamento, o encontro deles foi revestido por uma atmosfera de amor e paixão. De modo acidental, em nossa linguagem, o encontro entre os dois produziu o que chamamos de amor à primeira vista. Eles se encontraram sem saber o que estava para acontecer e quando se olharam sentiram o coração bater, experimentando atração mútua.
  4. Dias depois o processo de consultas familiares aconteceu e o casamento se realizou. Em nossa visão cinematográfica e romântica, casaram com o objetivo de serem felizes para sempre.

Desenvolvimento

  1. Todavia, antes de terminar o primeiro ano de enlace matrimonial, antes de celebrarem as bodas de papel, Isaque descobriu que sua esposa tão amada não era perfeita, como ele imaginara que seria. Na expectativa de vê-la engravidar e lhe dar o primeiro filho, descobriu que era estéril.
  2. Considerando os aspectos culturais e familiares da época, quando os homens esperavam ter uma família com vários filhos, “enchendo dele a aljava”, como dizia o salmista em sua linguagem figurada, ele teve o choque de saber que não seria pai nem de um só filho.

2.1. O que fazer naquela circunstância? Entrar num processo de autocomiseração e autopiedade, dizendo era um desafortunado? Usar a frustração para hostilizar a esposa que até então amava, desfechando palavras duras e queixosas? Usar o recurso jurídico do divórcio já existente naquela época? Ter um caso extraconjugal para viver a alegre experiência de ser pai? O que ele fez?

2.2. Para surpresa de todos quantos tenham uma visão diferente, ele decidiu em seu coração orar por sua esposa. O texto bíblico diz que a partir dessa descoberta, passou a interceder por ela para que Deus ouvisse sua oração e lhe desse a benção da paternidade. Mais ainda: tornou-se um intercessor perseverante, pois o registro histórico informa que ele orava instantemente. Continuamente pedia Deus na expectativa de que o milagre iria acontecer de imediato. Os meses se passavam e os anos começaram a somar sem que o menino nascesse, mas ele continuava intercedendo por Rebeca.

  1. Alguém poderia dizer que sua perseverança era determinada pelo desejo de ser pai. No entanto, se ele poderia ter um caso extraconjugal ou se poderia pedir o divórcio – alternativas existentes em sua época e região, sua atitude revela na verdade que era movido principalmente pelo amor. O mesmo amor que sentira quando a vira pela primeira vez era o fator determinante de sua intercessão. Finalmente e de modo realista, sem romancear, depois de vinte anos de orações, súplicas, intercessões e muito amor, ele foi atendido por Deus. Havia se casado com 40 anos e ganhava seu filho aos 60 anos de idade.
  2. Diante dessa história, várias perguntas nos vêm à mente sobre nossa própria maneira de agir e reagir diante de dificuldades, problemas, frustrações vividas em família.

4.1. Indagações como: Até que ponto nós realmente amamos as pessoas de nosso relacionamento familiar? Quais seriam nossas reações naturais e permitidas ou erradas e intolerantes que teríamos diante dessas situações? Até quando seríamos capazes de permanecer diante de Deus em intercessão se lançássemos mão da oração? 

4.2. Uma vez quando fez um comentário sobre histórias bíblicas, o apóstolo Paulo escreveu que elas foram escritas para nosso ensino. Ele escreveu: “para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação da Escritura tenhamos esperança” (Romanos 15.4). Em outras palavras e usando o exemplo de Isaque, as pessoas que passam por problemas familiares necessitam ter consolação para em seguida demonstrarem paciência e esperança. Por isso, o mesmo apóstolo, em outro texto, escreveu? “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo que nos consola em toda nossa tribulação (II Cor 1.3,4).

  1. Se você colocar em seu coração o propósito de interceder pela solução de problemas familiares, Deus também assume o compromisso de consolar você, inclusive através da Bíblia. O Pai Celestial sabe que diante de adversidades na vida, você só pode ter paciência e esperança de for consolado.

Conclusão

Em sua vida de oração, a agenda diária e mensal está aberta para que você interceda por seus parentes como fez Abraão em favor de Ló, seu sobrinho. Interceda em favor de seus familiares como fazia Jó em favor de seus filhos e filhas. Interceda em favor de seu cônjuge, conforme fez Isaque orando por Rebeca, sua esposa. Nessa lista de orações em sua agenda certamente também existe espaço para incluir outras famílias do seu círculo de relacionamento, como fazia Epafras em favor de pessoas da igreja de Colossos (Colossenses 4.12, 13). Além de orar uns pelos outros, existem problemas em nossa família e entre nossos parentes que aguardam nossa atitude de interceder confiante e perseverantemente para que sejam resolvidos. A intercessão não somente traz as bênçãos de Deus, como também evitam que tenhamos outras reações que não seriam as melhores.