128. Clamor Atrasado

Êxodo 2.23-25

CLAMOR ATRASADO

Introdução

  1. As vezes quando ouvi essa história de que os israelitas viveram durante 400 anos clamando em escravidão no Egito, fiquei incomodado com a interpretação de que Deus teria deixado passar tanto tempo sem socorrer o seu povo.
  2. Sei que o salmista disse ter esperado com paciência pelo Senhor, para que o atendesse (Salmo 40.1) e também sei que Jesus disse numa de suas parábolas que Deus embora seja tardio, atende as orações (Lucas 18.7). Ocorre, porém, que deixar passar quatrocentos anos de clamor e ouvir várias gerações orando sem intervir é muito tempo. Por isso, precisamos entender melhor esse calendário do sofrimento e do clamor dos israelitas no Egito, para que nós mesmos não fiquemos frustrados com Deus em nossa história pessoal de sofrimento e oração.

Desenvolvimento

  1. Pela leitura do texto de Êxodo 12.40,41 sabemos que o tempo total de presença do povo hebreu no Egito foi de 430 anos. Após esse período ocorreu o Êxodo, quando a multidão saiu em direção à terra prometida, liderada por Moisés.
  2. A contagem desse tempo começou quando Jacó se mudou em sua velhice com seus 12 filhos para o Egito, sob a proteção de José, indo morar na terra de Gósen, na parte norte do Egito (Êxodo 1.1-7). Esse tempo foi confirmado por Paulo apóstolo em sua carta aos gálatas (Gálatas 3.16,17). Ele conta também o tempo a partir da chegada no Egito até a promulgação da Lei no Sinai, conforme promessa feita a Abraão.
  3. Ocorre, todavia, que o tempo de escravidão e sofrimento ocorreu depois que eles estavam estabelecidos no Egito e que José morreu, a partir do surgimento de um novo rei ou faraó (Êxodo 1.8-14).

3.1. Esse foi o entendimento de Estevão, quando se referiu a eles em seu sermão histórico em Jerusalém, ao ser apedrejado até a morte. Ele disse que a escravidão e o sofrimento duraram 400 anos (Atos 7.6).

3.2. O novo rei ou faraó deu início à aflição do povo israelita, portanto, 30 anos após a sua chegada.

  1. O ponto, porém, que desejo salientar é a respeito do momento quando o povo começou a clamar. Foi logo após o início da escravidão e do sofrimento, durando assim 400 anos de clamor esperando por Deus?

4.1. Essa pergunta pode ser respondida e o tempo informado a partir da leitura atenta do texto de Êxodo 2.22. O texto diz que foi após a morte de mais um rei ou faraó que o povo resolveu clamar a Deus.

4.2. Com a morte de um rei o povo começou a ser escravo e a sofrer e somente após a morte de outro rei que o povo em sofrimento resolveu clamar e pedir socorro a Deus.

4.3. Em outras palavras: o povo deixou o tempo passar enquanto sofria, sem clamar a Deus. Talvez até duvidasse da existência de Deus. Talvez pensasse que não iria adiantar pedir ajuda de Deus. Talvez até tivesse esquecido de Deus. Talvez até sentisse raiva de Deus por ter deixado que ficasse naquela situação. Não fora Deus quem tardara a responder, mas fora o povo que tardara em clamar, pedindo socorro.

  1. A partir do momento quando os israelitas começaram a clamar, Deus ouviu a oração e iniciou todo um procedimento para que as orações fossem atendidas e o povo liberto através de Moisés, que já havia nascido e já estava preparado. Deus o chamou para cumprir essa tarefa de libertar o povo, em resposta às suas orações (Êxodo 3.7-10).

Conclusão

Precisamos, mais uma vez, perceber a ênfase que a Bíblia faz à necessidade de orar a Deus para que os problemas sejam resolvidos, as dificuldades superadas e as adversidades desfeitas. São histórias e mais histórias, ensinos e mais ensinos declarando a necessidade da oração.

Em vez duvidar da existência de Deus, em vez de perguntar sobre onde está Deus que permite aflições, em vez de ficar com raiva de Deus, em vez de supor que Deus não vai atender sua oração, em vez de deixar para fazer orações atrasadas, comece imediatamente a orar. Continue orando dia após dia. Sé termine de orar quando perceber quer Deus atendeu a oração. Deus disse através de Jeremias: “Clama mim e responder-te-ei; anunciar-te-ei coisas grandes e firmes que não sabes” (Jeremias 33.3).