Ezequiel 33.1-9
A IMPORTÃNCIA DO FALAR
Introdução
- Há certas afirmações sobre o silêncio que inegavelmente são incontestáveis: “O silêncio é o mais satisfatório substituto da sabedoria” (Paul Holdcrat), “A resposta mais eficaz para o insulto o silêncio” (Herbert Procnow), “O silêncio nos momentos adequados tem mais eloquência que o discurso” (Martin Tupper).
- Nessa linha de pensamento o Livro de Provérbios também faz afirmações semelhantes: “Até o insensato passará por sábios se ficar quieto e, se contiver a língua,
parecerá que tem discernimento” (Provérbios 17.28), “Quem tem conhecimento é comedido no falar” (Provérbios 17.27). - Há ocasiões, no entanto, quando o silêncio deixa de ser uma virtude e se torna um erro. Esse momento, segundo o ensino de Deus ao profeta Ezequiel, é quando o que tem o dever e a necessidade de falar se cala, silencia, prefere ficar mudo.
Desenvolvimento
- No caso do profeta Ezequiel, Deus usa a figura de um sentinela ou atalaia. Era o indivíduo contratado para se posicionar no alto de uma torre erguida para vigiar qualquer aproximação de inimigos. Se não cumprissem sua tarefa, toda a cidade corria o risco de ser invadida e destruída. Para cumprir sua função ele usava uma trombeta que emitia o som de aviso.
1.1. Depois de explicar duas situações diferentes, uma quando a sentinela cumpre seu dever e outra quando não o faz, Deus declara que constituiu Ezequiel como seu atalaia ou sentinela para avisar o povo dos seus pecados e da destruição que viria em consequência deles. O aviso seria dado pelo profeta através da palavra falada e não de uma trombeta.
1.2. Em seguida, deixando de lado a metáfora do atalaia e da trombeta e acentuando a importância desse falar, Deus disse claramente ao profeta Ezequiel: “Se eu disser ao ímpio: Ó ímpio, certamente morrerás; e tu não falares, para dissuadir ao ímpio do seu caminho, morrerá esse ímpio na sua iniquidade, porém o seu sangue eu o requererei da tua mão. Mas, se advertires o ímpio do seu caminho, para que dele se converta, e ele não se converter do seu caminho, ele morrerá na sua iniquidade; mas tu livraste a tua alma” (Ezequiel 33.8,9).
- Passados os anos e séculos, embora já não tenhamos mais a metáfora do atalaia colocado nas torres de cidades para tocar trombetas anunciando a chegada de inimigos, a mesma tarefa de falar ao ímpio sobre seus pecados continua em vigor.
2.1. Quando Jesus Cristo veio a este mundo como expressão do amor do Pai Celestial, isto aconteceu porque o mundo continua cometendo pecados e precisa ser alertado para se converter. Com esse objetivo, Jesus enviou os seus discípulos para falar a todos os pecadores: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.” Marcos 15.16).
2.2. O apóstolo Paulo entendeu claramente essa tarefa quando escrevendo aos coríntios declarou: “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho” (I Coríntios 9.16).
2.3. Billy Graham, o maior pregador do século XX, em uma de suas frases de efeito nos deixou este ensino: “A Bíblia não manda que os pecadores procurem a igreja, mas ordena que a igreja saia em busca dos pecadores”.
- O que Deus continua a nos dizer nestes dias é que em silêncio não há arrependimento e nem conversões. Se ficarmos calados neste tempo os pecadores não saberão como ter perdão e salvação eterna. Por mais que um estilo de vida possa ser virtuoso, se não houver testemunho e pregação verbal as pessoas continuarão a morrer e indo para o inferno.
3.1. É como escreveu apóstolo Paulo esclarecedoramente: “Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas" (Romanos 10.13-15).
3.2. Em um dos seus sermões pregados em Londres, Spurgeon dizia à sua congregação de centenas de pessoas: “Agora, meus queridos ouvintes, dirijo uma palavra a vocês. Há algumas pessoas nesta audiência que são verdadeiramente culpados aos olhos de Deus, porque eles não pregam o Evangelho” (https://oestandartedecristo.com/2019/03/21/pregar-o-evangelho-por-c-h-spurgeon/). O mesmo peso colocado sobre o profeta Ezequiel em 580 AC e sobre os crentes de Londres em 1855 continua sobre nós neste tempo presente: “Se eu disser ao ímpio: Ó ímpio, certamente morrerás; e tu não falares, para dissuadir ao ímpio do seu caminho, morrerá esse ímpio na sua iniquidade, porém o seu sangue eu o requererei da tua mão” (Ezequiel 33.8).
Conclusão
O que nos faria ficar com as mãos sujas de sangue de pecadores que não foram salvos porque não falamos para eles o evangelho? Não queremos causar constrangimento às pessoas? Não queremos desagradar as pessoas? Não queremos perder a amizade das pessoas? Não queremos ser objetos de desdém e chacota? Não queremos passar vergonha? Não acreditamos que as pessoas realmente estão perdidas em seus pecados? Não acreditamos na condenação eterna dos pecadores?
Minha oração é que o Espírito de Deus nos capacite a todos nós a pregar o evangelho e a testemunhar de Jesus para que as pessoas possam ser salvas na eternidade, pois neste caso o silêncio não tem nenhum valor.