129. A Situação dos Pobres

Salmo 37.25

A SITUAÇÃO DOS POBRES

Introdução

  1. Num primeiro momento, imediatamente após à leitura deste texto, podemos concluir que seu objetivo era garantir ao seus leitores o cuidado de Deus quanto às necessidades materiais e financeiras dos crentes. O autor queria que os crentes tivessem certeza de que, mesmo sendo pobres, não iriam passar necessidades, não seriam vistos como miseráveis e nem como indigentes.
  2. Ocorre, todavia, que o texto também vai além quando entra na discussão sobre a existência dos pobres, à luz do que percebeu ao longo de sua vida, desde quando era jovem. Realisticamente, nas entrelinhas do texto, ele está declarando que viu inegavelmente o padecimento dos pobres em termos gerais. Sua observação foi de que entre os pobres, muitos padeciam fome e chegavam a mendigar, tornando-se miseráveis, mendigos e indigentes. Os que conseguiram superar esse drama foram os crentes que confiaram em Deus.

Desenvolvimento

  1. Sem analisar sua declaração a respeito dos crentes pobres que confiam em Deus o suprimento de suas necessidades, a realidade dramática é que a pobreza ainda continua sendo um flagelo no mundo e no Brasil.

1.1. De acordo com o último relatório do novo Índice de Multidimensional da Pobreza, divulgado pela ONU, “mesmo antes da pandemia de Covid-19 e da atual crise de custo de vida, os dados mostravam que 1,2 bilhão de pessoas em 111 países em desenvolvimento viviam em pobreza multidimensional aguda. Isso é quase o dobro do número de pessoas consideradas neste grupo com base na definição da pobreza, que é sobreviver com menos de US$ 1,90 por dia” (https://news.un.org/pt/story/2022/10/1803862#:~:text=Mesmo%20antes%20da%20pandemia%20de,viviam%20em%20pobreza%20multidimensional%20aguda.) Isto sem falar nos que não ganham nada e vivem totalmente da caridade alheia.

1.2. No Brasil, mesmo que na ocasião da disputa de votos pela presidência da república se falasse em 33 milhões de pobres e que também   “Marina Silva errou ao declarar em sua participação no Fórum Econômico Mundial que 120 milhões de pessoas passam fome no Brasil, os números mais aceitos estão entre 15 milhões e 33 milhões, pois representam o contingente em situação de insegurança alimentar grave” (https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2023/02/15/internas_economia,1457738/quantas-pessoas-passam-fome-no-brasil-entenda-os-numeros.shtml).

  1. Como as pessoas, as autoridades e a as organizações afins tem lidado com esse problema nacional e mundial? Além de se fazer pesquisas, diagnósticos, recomendações, quais tem sido as reações mais visíveis?

2.1. Alguns ricos e intelectuais fazem desse tema uma oportunidade para defender os pobres em suas apresentações públicas e por ocasião de debates, principalmente denunciando incoerentemente o capitalismo como o maior responsável.

2.2. Outros, influenciados pela ideologia marxista, apontam a origem na luta de classes e chegam a propor revoluções e tomada do poder para que os pobres assumam o governo e transformem a sociedade.

2.3. Ainda existem os que se revelam realistas, tratando da pobreza como um mal social imutável, fazendo da caridade pessoal ou institucional uma ação visível em favor dos necessitados, principalmente através de bolsas de alimentos, doações de lençóis, cobertores, roupas, calçados e parcerias com ongs e igrejas que atuam junto à essa população.

  1. Sem julgar e condenar quaisquer uma dessas posições e atitudes e sem entrar num debate a favor ou contra elas, desejo voltar ao testemunho do salmista, quando enfatizou que os pobres que se tornam crentes passam a ficar sob os cuidados de Deus, que por eles se torna responsável.

3.1. Certamente que os pobres crentes seriam beneficiados pelas recomendações dadas por Deus quando tratou desse assunto e deu orientações específicas: Deuteronômio 15.7-11 e foi repetida por Paulo em I Timóteo 6.17-19. Deus age através de outros crentes que tem recursos financeiros e materiais.

3.2. Certamente que os pobres crentes são transformados através da experiência de conversão, mudando seus princípios e valores, passando a ter uma nova interpretação dada por Deus, sobre o uso do dinheiro que tenham. Deixam de gastar com vícios e leviandades, passando a ter projetos de vida, por mais simples que seja.

3.3. Certamente que os pobres crentes experimentam ocasionalmente milagres realizados por Deus no suprimento de suas necessidades materiais e financeiras, principalmente quando entregam seus dízimos e ofertas, conforme promessa feita por Deus através de Malaquias 3.10.

Conclusão

A sensibilidade de Jesus Cristo para com os necessitados ficou visível quando ele disse que “aos pobres era anunciado o evangelho”, explicando que o evangelho não era apenas a ida para o céu após a morte, mas também a multiplicação dos pães, a pescaria milagrosa, a promessa da sua presença diária até a consumação dos séculos. Se na época do salmista Deus não desamparava o justo, muito mais em nossos dias Deus cuida dos que acreditam em Jesus Cristo. Podem não ter uma mesa farta e abundante, mas é uma mesa em que sempre está presente o “pão nosso de cada dia”.