151. Ética e Escatologia

II Pedro 3.10-12

ÉTICA E ESCATOLOGIA

Introdução

  1. A palavra ética tem sua origem na língua grega, na palavra “ethos”, que significa costumes ou práticas. Por extensão, ética significa o estudo do comportamento das pessoas, nas variadas culturas onde elas estão inseridas. No caso específico da ética cristã, significa o estudo do comportamento de pessoas que se declaram cristãs.
  2. Enquanto a ética geral tem por base a moralidade de um povo, expressa em sua cultura, a ética cristã tem por base os ensinos de Jesus Cristo e do seu modelo de vida. Um escritor disse: “Em nenhuma parte do Novo Testamento encontramos uma ética filosófica, que se entenda como uma doutrina das normas e virtudes e se oriente segundo um conceito de razão moral, do espírito ético, do imperativo categórico ou de algo semelhante” (Heinz Dietrich Wendland, Ética do Novo Testamento, Editora Sinodal, 1981, pag. 5). Um teólogo, prosseguindo nesse entendimento, disse: “Ética cristã é a ciência da conduta humana que se determina pela conduta de Deus (James. E. Giles, Bases Bíblicas de La Ética, Editorial Mundo Hispano, 1994, pg. 15).

Desenvolvimento

  1. Considerando, portanto, as motivações de um cristão em ter um comportamento ético, baseado nos ensinos e no modelo de vida de Jesus, de acordo com a vontade de Deus, o apóstolo Pedro entendeu que a proclamação do fim do mundo e da volta de Cristo, isto é, a proclamação escatológica deveria levar os cristãos a pensarem sobre o estilo de vida que pretendam ter e mostrar, vivendo em nossa sociedade. Ele perguntou aos cristãos de sua época sobre que tipo de pessoas eles deviam ser, considerando o fim do mundo e a volta de Jesus Cristo.
  2. Pedro apóstolo, portanto, entendia que a expectativa que temos sobre o que vai acontecer no futuro é suficiente para também determinar a forma de pensar, sentir e agir de um cristão em relação ao seu casamento, sua família, seu trabalho, sua sexualidade, seu lidar com o dinheiro, seus negócios, suas amizades. A interpretação escatológica da história seria suficiente para levar os cristãos a cumprirem sua palavra, pagarem seus compromissos, evitarem os vícios, afastarem-se da promiscuidade, oporem-se à criminalidade, rejeitar a corrupção.
  3. Se alguém argumentar que uma perspectiva de juízo final se torna um instrumento psicológico para influenciar comportamentos a partir do medo, da culpa, da condenação, basta lembrar que o oposto já foi mais do que provado e comprovado. A ausência de consciência, a fragilidade das leis, a falta de fiscalização, a impunidade crescente, a lentidão da justiça, a ausência de valores, princípios, normas e limites tem levado pessoas a comportamentos levianos, irresponsáveis, transgressores, abusivos, criminosos. É como se vivessem num mundo sem leis, sem processos e sem julgamentos.
  4. Por outro lado, mesmo quer o apóstolo Pedro tenha feito uma associação entre escatologia e ética, tornando a escatologia um determinante positivo para motivar a ética, sua maneira de apresentar o assunto foi em forma de pergunta e não de persuasão ou imposição. Ao fazer a indagação, seu objetivo foi levar pessoas a raciocinarem, concluírem e optarem pelo comportamento correto, se sabem que o mundo vai acabar, Jesus Cristo vai voltar e haverá um Juízo Final. Sua base, portanto, foi a ponderação, a reflexão, a inferência e uma decisão voluntária.

Conclusão

Eu não sei quando o mundo vai acabar e nem quando Jesus Cristo vai voltar, mas sei que dentre as muitas motivações para se viver uma ética cristã, estes fatos também podem ser determinantes para um comportamento diferente daquele que o mundo e a sociedade propõem. Principalmente nos dias atuais de libertinagem, permissivismo e relativismo, veiculados pelos meios de comunicação, mídias sociais e centros de formação educacional, que levam pessoas a escolherem o pecado, a ética cristã é a única maneira de ajudar pessoas a viverem decente e corretamente.