João 19.7-9
DEUS TEM UM FILHO
Introdução
- Jesus Cristo foi identificado como “filho” pelo menos em quatro tipos diferentes de relacionamentos. Foi identificado como filho de Maria, filho de Davi, filho do Homem e filho de Deus. Das quatro identificações, apenas uma delas fez com que Jesus Cristo fosse acusado de blasfêmia, julgado, condenado e morto. No entendimento das pessoas de seus dias, era um absurdo religioso e racional alguém admitir que Deus pudesse ter um filho.
- O máximo que se poderia admitir seria uma identificação simbólica, figurada, à semelhança dos seres humanos que um dia foram e tem sido identificado na Bíblia como “filhos de Deus”: Gênesis 6.1; Isaías 1.2; Jeremias 31.20; Oseias 1.10; Mateus 5.9; Romanos 8.14; Gálatas 4.6; Filipenses 2.15; I João 3.1. A peculiaridade destas identificações não estava se referindo a uma interpretação literal, mas tão somente espiritual.
Desenvolvimento
- A verdade, então, é que o título atribuído a Jesus Cristo em seu relacionamento com Deus possuía uma dimensão exclusiva, um significado único, uma interpretação singular. Tanto foi assim, que seus opositores que haviam entendido suas declarações, diziam a Pilatos em seu julgamento: “deve morrer porque se fez filho de Deus”. Pilatos também compreendeu dessa maneira, razão pela qual ficou “mais atemorizado” e perguntou a Jesus Cristo: “De onde és tu?”.
- Um estudioso do Novo Testamento escreveu: “Afirmamos que na linguagem teológica os termos “Pai” e “Filho” não contêm nossas concepções ocidentais, mas sim as nações semíticas e orientais de “semelhança e igualdade de natureza e igualdade de ser”. Este fato indica uma relação peculiar que não pode ser afirmada a respeito de criatura alguma, nem tampouco compartilhada. Da mesma forma que qualquer filho humano se assemelha a seu pai em sua natureza essencial, isto é, possui humanidade, assim também Cristo, o Filho de Deus, era como o Pai em sua natureza essencial, isto é, possuía divindade”.
- Outro escritor, também entendendo o significado da expressão, verificou que o título, todas as vezes usado por Jesus Cristo, aparece na linguagem grega com o artigo, diferentemente das vezes em que aparece sem o artigo, atribuído a outras pessoas. Isto significa que Jesus se apresentou como o Filho de Deus. Os judeus e Pilatos entenderam claramente o que Jesus estava dizendo. Era, portanto uma afirmativa de sua divindade.
- A compreensão dessa verdade vai mais além do que distinguir o título de filho de Deus atribuído a Jesus Cristo dos demais indivíduos que assim foram e têm sido chamados. Não é apenas estabelecer a necessidade de singularizar o título, mas principalmente afirmar a natureza e essência de Jesus Cristo como divino, assim como ser a expressão de Deus entre nós, conforme deixou registrado o autor da carta aos hebreus: “o Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu Ser” (Hebreus 1.1-3).
Conclusão
Em Southampton, Inglaterra, conforme uma inscrição numa parede perto do mar, o rei Knut acentuou sua humanidade quando levou seus súditos com ele até a beira da praia. Seus súditos o bajulavam, dizendo: “Tu é grande e poderoso”. Nesse dia, na medida em que o rei ficou à beira mar e sentiu as ondas batendo em seus pés, disse: “Ordeno, ó águas, que voltem para o mar não molhem meus pés”. Mal acabou de pronunciar as palavras, veio uma onda mais forte e molhou a todos que estavam com ele. O rei então concluiu: “Que todos saibam que eu não sou Deus”.
Somente Jesus Cristo, sendo singularmente filho de Deus era Deus presente entre nós, manifestando seu poder, razão por que é adorado por nós, tem poder para nos salvar dos pecados e nos concede a vida eterna.