I João 2.20, 27
A UNÇÃO DO CRENTE
Introdução
- As pessoas que estudam o conteúdo desta carta escrita pelo apóstolo João podem perceber que seu principal objetivo era ajudar seus leitores crentes a discernir as verdadeiras doutrinas cristãs em relação aos ensinos dos falsos mestres, além de estreitar o relacionamento deles com Deus e uns com os outros.
- Os falsos mestres tinham conseguido provocar uma cisão entre os membros da igreja, espalhando heresias doutrinárias que iam ganhando popularidade no seio da igreja. Para corroborar sua certeza de que os verdadeiros crentes seriam capazes de discernir entre o certo e o errado, o apóstolo lança mão da capacitação espiritual que haviam recebido. Afirmava que eles tinham recebido a unção, isto é, que já estavam, portanto, ungidos.
Desenvolvimento
- Para que vocês possam entender o que ele estava afirmando a respeito daqueles crentes do passado e dos crentes de hoje, necessário se faz ir às páginas do Velho Testamento, onde os registros mencionam uma unção com azeite também nas práticas religiosas, além de ser usado como cosmético, remédio e alimento.
- Religiosamente falando, ungir era o ato de derramar azeite na cabeça de pessoas que eram consagradas para o serviço. Podemos ler sobre esse ato e sua regulamentação nos seguintes textos bíblicos: Êxodo 30.22-31; 29.7; Levíticos 8.12; I Samuel 16.1-3; 11-13; Salmo 23.5.
- Sendo um ato religioso, a unção era associada com ao Espírito Santo de Deus, simbolizando que o crente ungido estava capacitado espiritualmente, diferentemente de outras pessoas. Ter a unção com derramamento de azeite na cabeça era o mesmo que ter o Espírito Santo de Deus.
- Essa unção simbólica colocando azeite na cabeça de pessoas teria continuado se Jesus Cristo não tivesse recebido e concedido a unção do Espírito Santo de Deus diretamente.
4.1. Nesse entendimento, a unção direta havia sido profetizada por Isaías: “O espírito do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos; a apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes” (Isaías 61.1,2).
4.2. Nesse entendimento, ela foi cumprida conforme registro feito nos evangelhos: “E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito: “O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados de coração, a pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do Senhor. E, cerrando o livro, e tornando-o a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos” (Lucas 4.17-20).
4.3. Nesse entendimento, Paulo apóstolo comenta essa unção direta também sobre o crente em Jesus Cristo ao escrever sua carta à igreja em corinto: “Porque todas quantas promessas existem de Deus, são nele sim, e por ele o Amém, para glória de Deus por nós. Mas o que nos confirma convosco em Cristo, e o que nos ungiu, é Deus,
O qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos corações” (II Coríntios 1.20-22).
Conclusão
Ao afirmar que os crentes em Jesus Cristo já têm a unção do Espírito diretamente, sem o simbolismo do derramamento do azeite sobre suas cabeças, o apóstolo João estava argumentando com seus leitores que eles seriam capazes de discernir as heresias das doutrinas cristãs.
Deixou, também, consequentemente para os nossos dias, o mesmo argumento e o esclarecimento de que o retorno ao Velho Testamento para usar azeite, como símbolo de unção, seria uma heresia de nossa época. A experiência de já estar ungido com o Espírito Santo, através da conversão, é maior do que o seu simbolismo, com derramamento com azeite na cabeça, inclusive em pessoas que podem não ser genuinamente crentes em Jesus Cristo.