Lucas 23.42,43
Introdução
- “Paraíso” era na linguagem dos povos antigos o nome dado literalmente aos jardins, bosques, parques onde havia árvores, rios, frutos, flores, pássaros
1.1. Nesse sentido, quando o Velho Testamento de língua hebraica foi traduzido para a língua grega (Septuaginta), o lugar criado por Deus para morada do primeiro casal foi chamado de “paraíso”.
1.2. Especulações sobre o desaparecimento do paraíso terrestre, mencionado em Gênesis, fez com que a literatura religiosa passasse a localizá-lo escondido, em algum alto monte ou mesmo no céu.
1.3. Com o surgimento do ensino sobre a imortalidade da alma, este lugar escondido tornou-se a habitação dos justos.
Desenvolvimento
- Um dos textos religiosos e apócrifos (Os Segredos de Enoque) descreve assim o paraíso: “Então me conduziram ao terceiro céu e lá me puseram; e olhei para baixo e vi os produtos daquele lugar, que jamais foram conhecidos. E vi as mais doces árvores floridas e olhei os frutos e os alimentos que produziam e todos exalavam as mais doces fragrâncias. E no meio daquelas árvores, a da vida, naquele lugar onde Deus descansa quando vai para o paraíso; e essa árvore é de uma qualidade e fragrância inefável, e mais adornada do que qualquer coisa que existe.
- Com essa mesma visão material os mulçumanos também passaram a desejar o paraíso, acrescentando detalhes sensuais e carnais, extraído do Alcorão: “Os crentes habitarão os jardins da volúpia. Distantes das penas do inferno gozarão os favores celestiais... e habitarão os jardins das delícias... virgens com olhos negros e luminosos vão brindá-los com suas carícias... será lhes servido vinho delicioso... terão todos os frutos que desejarem... os favores das virgens serão o prêmio dos virtuosos...” Embora ainda na sepultura se tenha algum tipo de experiência paradisíaca através da visitação de anjos, será após a ressurreição do corpo que o paraíso se tornará uma experiência final, resultado do julgamento de Alá.
- Os “Testemunhas de Jeová”, quando mencionam o paraíso, o veem sendo recriado nesta Terra, depois da destruição escatológica de todas as coisas. Assim como o primeiro paraíso estava na terra, assim também estará o segundo paraíso: “Assim, não é de surpreender que a Bíblia prometa o Paraíso na Terra. Nele, Deus abençoará a humanidade com vida eterna. Será um lugar de completa paz e harmonia. Não existirá dor e sofrimento. E as pessoas poderão aproveitar totalmente as belezas naturais de nosso planeta”
- Se depois de examinarmos todas essas ideias, quisermos saber o que Jesus Cristo estava querendo dizer ao usar a expressão, precisamos lembrar que a ideia dos apócrifos, do islamismo e da seita Testemunha de Jeová é posterior. Então, o máximo que podemos deduzir é que na mente de Jesus Cristo havia uma ideia de paraíso sim, todavia de seus lábios só foi explicitada uma só vez, quando estava na cruz e o prometeu ao malfeitor que nele acreditou. O malfeitor lhe dissera: “Lembra-te de mim, quando entrares em teu reino”. Jesus respondeu: “Ainda hoje estarás comigo no paraíso” (Lucas 23.43). Em outras palavras, precisamos abandonar todas as imaginações que foram produzidas antes e depois dele, limitando-se a interpretar sua idéia através de suas únicas palavras, como sendo suficientes para atender nosso desejo. Vejamos as idéias implícitas em suas palavras: “Ainda hoje estarás comigo no paraíso”.
4.1. “Ainda hoje” - se o malfeitor ouviu a promessa antes de morrer, então é uma experiência imediatamente após a morte.
4.2. “Estarás comigo” – o pressuposto é o desejo por estar com Jesus e não quaisquer expectativas materialista, naturalista, carnal ou sensual, todavia predominantemente espiritual de prazer em estar com o Salvador, Senhor e Mestre.
4.3. “No paraíso” – o malfeitor havia mencionado a expressão “no teu reino”. Jesus frequentemente falara de “reino de Deus” e “reino dos céus”. É, portanto, uma experiência associada a essas duas outras ideias.
- Numa situação semelhante, a história de Estevão, o primeiro mártir da fé cristã, mostra que ele também entendia assim. Ao chegar a hora de sua morte, por apedrejamento, sua oração final foi acreditando dessa maneira. Ele disse: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito” (Atos 7.58-60).
- Apóstolo Paulo, reconhecidamente o melhor intérprete bíblico dos ensinos de Jesus Cristo, organizador de inúmeras igrejas através de suas pregações na Ásia e na Europa, também tratou do que poderia acontecer com as pessoas na experiência após a morte, a partir de sua própria expectativa pessoal. O texto onde mais claramente aborda o assunto está em sua carta escrita aos cristãos da cidade de Filipos, na antiga Macedônia, porta de entrada para Europa. Nesse texto, ele compartilhou sua crença: “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho. Mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra, não sei então o que deva escolher. Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor. Mas julgo mais necessário, por amor de vós, ficar na carne (Filipenses 1:21-24).
Conclusão
- A palavra voltou a ser usada pelo apóstolo Paulo quando escreveu sobre o arrebatamento ao 3º céu ou paraíso (II Coríntios 12.1-5) e no Apocalipse, na carta à igreja de Éfeso, quando mencionou a árvore que está no meio do jardim (Apocalipse 2.7).
- O importante, todavia, para nós hoje é a certeza de quando chegar a hora de nossa morte, nós iremos para o paraíso, para o céu, para estar com Jesus, na presença de Deus.
- Você que ainda não é crente: o que tenho que fazer? Crer em Jesus, recebendo-o em seu coração.